Hoje ao fotografar o professor António Damásio no Hotel Ritz, não resisti a dizer-lhe que tinha adorado aquela sua fotografia, há anos, na capa da Time. Resposta dele:" nem imagina as horas que aquilo demorou!".
Nós em Portugal temos muita dificuldade em agarrarmos os nossos entrevistados para mais de 15 minutos de fotografias. Enquanto uma entrevista pode demorar horas a ser feita as fotos que ilustram essa peça demoram escassos minutos. Há um hábito latente nos fotografados: acham sempre que " já chega, já tem para aí fotos que nunca mais acabam". E muitos não resistem a perguntar:" deita fora as que não aproveita? Veja lá o que escolhe ! Deixe-me ver o que tirou!". raramente se pergunta ao redactor para mostrar o texto ou menos ainda os apontamentos.
O facto de não se montar um cenário com luzes e produção a sério, como o faz Annie Leibowitz por exemplo, leva a que os retratados sintam que a fotografia é de somenos importância, embora na hora gostem de ver as fotografias mais favoráveis publicadas.
Prefiro sempre apostar na empatia, na luz ambiente, em tirar partido do espaço onde estou a fotografar. É um exercício arriscado. Por vezes o modelo não colabora, não tem expressão, parece que engoliu um pau e o local é inóspito, a luz sem relevo. Outras vezes está tudo a favor e o resultado é bom. Este fio da navalha é para mim estimulante e raramente corre mal.
E ha também aqueles que gostam de ver as suas entrevistas publicadas, mas nao gostam que a sua cara ande por ai a circular. há que respeitar isso também. Uma coisa é gostar de partilhar ideias outra coisa é querer ser reconhecido na rua.
ResponderEliminarp.l.santos. lisboa