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quarta-feira, maio 21, 2008

Dez anos depois da Expo

Há dez anos abria a Expo 98 o orgulho para todos nós. Sentíamos então que Portugal estava finalmente no mapa da Europa. Já éramos um país respeitado e moderno, competitivo e que a partir de então seria sempre a subir. Eu era anticavaquista, como sempre, e um amigo de direita desafiava-me :" diz-me uma pessoa à tua volta que não viva melhor do que há 5 anos!"- eu pensava e na verdade não conhecia ninguém: desde o mais modesto ao mais abonado.

Tínhamos todos melhorado o nosso nível de vida. As empresas queriam ser inovadoras, reconheciam o mérito, o curriculum, pagavam pela qualidade, exigiam qualidade. No jornalismo este ambiente de inovação fazia-se sentir nas redacções e nos produtos que chegavam aos leitores e espectadores.
A televisão privada estava em alta e a internet dava os primeiros passos. A SIC com Rangel à frente desafiava há 5 anos a concorrência, revolucionava a forma de fazer televisão, uma equipa jovem e empenhada por pouco não tocava com os dedos na Lua tanto era o sonho e o desempenho.
O fotojornalismo era reconhecido e valorizado desde os anos oitenta mas era então que tinha chegado ao apogeu. Os jornais destacavam graficamente as imagens como conteúdos jornalísticos.
O Expresso estava à frente mas o Público e o Independente davam luta à altura. Havia uma nova geração de fotojornalistas cultos, talentosos, tecnicamente capazes. Abriu-se uma janela e entraram verdadeiros novos talentos. Não porque fossem arrivistas, invejosos ou espertalhaços à espera de uma manobra para se promoverem. Tinham talento e ideias e pensavam em fotografia, não em poder ou carreireca.
Portugal estava no bom caminho. Havia investimento fresco estrangeiro e se havia dinheiro a entrar da CEE também é verdade que muitas dessas verbas o governo de Cavaco nem aproveitou por falta de planeamento.
Éramos quase felizes e afinal não sabíamos.
Em 1998 Cavaco tinha acabado de deixar o governo e a subida de Guterres trazia um ambiente de tolerância e de uma grande bondade social. Podemos apontar-lhe algumas falhas mas era um homem bom com uma solidariedade social sem fim. Acho que pouco se tem falado desta sua faceta. E essa justiça devia ser feita.

Passados dez anos o país mudou para pior. E por muito que Sócrates faça de vítima e se queixe da conjuntura, este governo e os outros anteriores, nomeadamente da dama do ferro velho, do imposto por conta e do aumento do IVA, desde então foi sempre a descer.
Um país não se governa com desânimo, medidas castrantes e ódio à classe média. Não se cresce a economia com uma pesada carga fiscal sobre as empresas e as famílias. Não se cresce com empresas com salários miseráveis, falta de formação e com um aparelho de Estado desorganizado e com milhares de funcionários a viverem à custa dos que pagam impostos.
Sócrates bem pode querer fazer a sua Expo mas agora é tarde e o dinheiro escasso.
Voltámos à estaca zero mas em alta velocidade: até vamos de TGV !

5 comentários:

  1. Finalmente reconhecemos como os governos Cavaco/Soares foram os únicos de Esquerda ( no sentido do desenvolvimento e da projecção nacional)e que nem antes nem depois Portugal teve no século XX um tão altos índices de "reconhecimento" além fronteiras. Isto com um 1º Ministro que comia bolo rei c a boca aberta...olha se ele fechasse a boca.

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  2. O que é descrito no post é verdade.Mas é só uma parte da verdade e a outra parte da verdade é que o nosso país recebia milhões de contos da EU por dia para construir estruturas viárias , para rebentar com a produção agricola, pescas e industrias.
    E alguns fundos de incentivo à produção eram comidos pels amigos dos partidos que mesmo com os fundos à borla não tinham cabedal para gerir nada tal era o regabofe!
    Vendeu-se muito jeep , mercedes, BMW e Audis.
    Pelo caminho receberam fortunas por acções de formação onde formandos e formadores muitas vezes eram ficticios e quando eram reais entretinham-se nas anedotas!
    É evidente que agora com o fim da mama dos fundos e os juros para pagar o sonho chegou ao fim e parece que acordámos para um pesadelo que vai ter que ser vivido acordado!

    Imaginem um Romeno, hoje dirá : Vive-se melhor que à 3 anos na Romenia, o que é verdade!
    Mas esse viver melhor é apenas superficial e sobretudo o que melhora á a acessibilidade a produtos de melhor qualidade a melhores preços! Mas isso rebenta com as economias locais e no futuro prazo é pior.
    Hoje, não vejo que um jovem que se licencia aos 23/24 tenha melhores condições para viver em Portugal do que há 20 anos! Nem pensar!
    Hoje não tem qualquer hipotese e dá pena vê-los a trabalharem nas caixas dos supermercados, no telemarketing, nas vendas ao domicilio, a distribuir Pizas etc
    Este é o nosso desenvolvimento!

    Não abram os olhinhos!

    Os bancos é que ganham sempre!

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  3. e agora até o português se vai com o Acordo Ortográfico.
    Petição contra em A.O em
    www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa
    quase com 40 000 assinaturas

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  4. Pois é Luiz, mas a porcaria começou toda com o sr guterres. O homem podia ser um padre, mas era um incompetente e um incapaz de bradar aos céus. Convenceu toda a gente que eramos todos ricos e a coisa veio por aí abaixo. No final reconhecendo a desgraça que fez, abandonou o barco como a boa ratazana que é. Mas aí já era tarde demais. O golpe guterrista foi tão forte que o país ficou ko e tão cedo (ou nunca) se irá levantar.

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  5. Só sabem culpar governos e)ou o Estado...e os empresários que temos? AH1... é melhor não falar que podemos ficar sem eles...

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