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sábado, janeiro 19, 2008

Maison de la Photo

Maison de la Photo esta tarde. Exposição de Boubat.
A Maison de la Photo, no célebre bairro parisiense do Marais, é um exemplo de como se pode fazer muito pela fotografia e pelos autores-fotógrafos.
Hoje à tarde fazia-se bicha para visitar algumas das exposições patentes entre elas a de Boubat ( com fotos de Portugal, que a nossa secretaria de estado da cultura devia comprar) e de Peter Knapp.
Aqui está uma instituição que transpira cultura fotográfica e que é dirigida por alguém que entende a essência da fotografia.
É a antítese do Centro Português de Fotografia, na Cadeia da Relação do Porto, e que foi dirigido nos últimos anos por Teresa Siza que tinha da fotografia uma noção "artística" e estrangeirada. Para ela o que cheirava a artista plástico armado em fotógrafo era bom, o que vinha de fora rotulado de "in"era mostrável. Assim desprezou os fotógrafos portugueses sem ter deixado um rasto de testemunho do que é a fotografia portuguesa contemporânea. Partiu e aquilo está sem director há meses. Quem se interessa por fotyografia ? Só se for o ministro Pinho !! E não escrevo sobre CPF por ressabiamento porque até lá estou representado.

Uma instituição como a Maison de la Photo não é só um museu com exposições mortas. Não. tem um auditório onde passam filmes sobre fotógrafos, uma excelente biblioteca e videoteca e uma livraria de pasmar. Corri o risco de ficar falido perante tanto livro e videos de fotógrafos. E há ali todas as escolas e tendências. Fotojornalismo, moda, paisagistas, clássicos e desalinhados. Mas todos são fotógrafos e não diletantes ou artistas falhados.
O ambiente é de franca abertura. Pode entrar-se de máquina fotográfica, fazer fotos. Aliás aqui em Paris entra-se em todo o lado de câmara e ninguém chateia. Estou-me a lembrar de entrar num mosteiro a cair em posse do IPPAR e a contínua não me deixar fotografar porque tinha de ter autorização do IPPAR do Porto! Em Portugal o ridículo mata e os burocratas instalados funcionam como aqueles funcionários africanos que por não terem nada para fazer chateiam. É uma forma de mostrar que são necessários.

A fotografia em Paris está com uma pujança enorme. As edições de livros proliferam e a nossa FNAC comparada com a Maison, o Beaubourg e outras livrarias célebres daqui parece a Bertrand há 30 anos.
A classe média aqui consome cultura e a cultura entrou no circuito do consumo mantendo a qualidade. Os livros de fotografia são edições cuidadas, de design apelativo e requintado, cada livro é uma obra de arte gráfica.Por exemplo o livro das edições do Seuil sobre a fotografia americana é de arrasar.

Ainda Paris-Lisboa

Alguns comentários de ontem aqui no Fatal referiam a minha ingenuidade ao falar de Paris pois quem cá vive não tem esta ideia perfeita. Claro que eu não acho que isto seja o paraíso na Terra. Mas o que disse ontem foi que as nossas cidades, nomeadamente Lisboa, têm de pôr de lado o novo-riquismo, o politicamente correcto.

Lisboa tem de ser uma cidade arrojada, cosmopolita e moderna. Uma cidade que acarinhe quem lá vive e a visita e não um território feito para taxar por tudo e nada. É o IMI alto, a EMEL, os radares a 50 ( nem pensar aqui!), a ameaça das taxas ( mais!) para entrar em Lisboa.
Os presidentes de câmara apostaram em correr com quem quer ir a Lisboa e sacrificar com impostos quem lá vive.
Eu adoro Lisboa, vivi lá muitos anos, mas agora sou muito mais feliz em Cascais. Já andam a dizer que a nova ponte vai trazer mais carros para Lisboa. Queriam que trouxesse o quê? As carroças e bicicletas dos pobrezinhos ?
As cidades fazem-se de vivência. Consumo, cultura, lazer e espaços de trabalho funcionais.
Lisboa perdeu tudo. Até o projecto do Frank Ghery que iria trazer grandes dividendos a Lisboa, vai ser substituído por um projecto daqueles arquitectos portugueses muito bons e de esquerda que escrevem nas esquinas dos seus edifícios " Bonjour Tristesse".
O turismo está cada vez mais comprometido em Lisboa. Só se vai a Lisboa ouvir fado e visitar os Jerónimos o que dá de nós ainda aquela ideia do " Les portugais sont toujours gais!". talvez Pinho adapte a frase para " les portugugais sont 10 pour cent gays!".

Adieu Paris. E viva a fotografia.

9 comentários:

  1. já agora! como vai a promoção do nosso portugal ai em paris? Viste algum outdoor daqueles do tal fotografo ingles campeao?

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  2. Não vi nada. A única coisa que vi sobre Portugal foi o catálogo sobre a Magnum e Portugal.

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  3. Àh! Devem ter espetado alguns em Lisboa só para a malta não desconfiar!
    O melhor é encomendar já outra campanha de outdoors por + uns belos milhões que andam ai fotografos e empresas de publicidade a precisar de ganhar uns cobres! Vá lá ò Pinho, ajude os fotografos, vá lá!

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  4. Pois...
    Basta lembrar que foi em França que as inovações se fizeram ver para o mundo, no que respeita ao nascimento da fotografia.

    E em portugal, aquela fase dos "salões" com o "lápis azul" a seleccionar o que poderia ser visto ou não... deixaram marcas profundas.
    Havemos de lá chegar. Só que nessa altura já os outros estarão mais afastados...

    Ainda bem que há esta coisa da rede ou "net". Assim podemos ir "lá fora" com mais facilidade.

    Paulo Sousa

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  5. Isso do salões e do lápis azul já foi há muitos anos...no entretanto em Lisboa já houve tentativas de estar a par, sem macaquice, boicotadas 1º por uma reacção tipo neo integralista ao excesso de esquerdismo e neo realismo ( na fotografia exemplos Teresa Siza Nozolino Molder etc) e a seguir por muita snobeira de esquerda ( dizem eles que são) que apanhou o estilo Esteves e Independente o reciclou em estilo Carrilho gastou fortunas em não se sabe bem o quê e acabou por parir o sub-estilo Isabelocas Pires de Lima (hehehehe) que é a par com o Pinho uma espécie de kitch prá além do kitch invisivel balofo gasoso, estilo nada. Portugal teve ainda anos depois da Revolução a sua chance. Foi quando Cavaco deu o mote " Estamos na Moda " e os borgessos apinocados do Chiado gritaram " Ai jazus o homem está louko, ó Manuel Reis abre lá o Lux,para travar os ímpetos do algarvio " Não aproveitámos os dinheiritos da CEE e depois foi sempre a descer.

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  6. GRANDE Boubat maior que muitos mitos fotógrafo sempre !

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  7. Táva a vêr que escapavas desta mostra.BOAS FOTOS SRE LUIZ

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  8. Boa Luíz, aproveita o mais que puderes esse banho de boa Fotografia aí por Paris, na imagem que aqui colocas percebe-se que nesta sala estavam Fotografias a P.B. e por causa disso queria pedir-te o favor de me informares qual o peso do Preto e Branco no conjunto das exposições que viste? e também se as mesmas fotos resultam ainda do processo analógico ou se já aparecem boas fotos a partir do digital?
    Quanto ao facto de não encontrares por aí nenhuma das obras made in Pinho-Knight, não me admira nada, deve ter sido mais uma "golpada" destes governantes-ladrões, ainda um dia viremos a saber que os tais (100.000£ dia? será que não estou enganado?) não foi só para o tal fotógrafo...!!!
    Quanto ao C.P.F. e à Teresa Sisa, foi com grande alivio que a vimos sair pela porta pequena! aliás a mesma por onde havia entrado, nunca vi ninguém que tratasse a Fotografia Portuguêsa e os Fotógrafos portuguêses com tamanho desprezo!
    Faço votos de que quando nomearem alguém para o lugar o façam com um minimo de bom senso .

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  9. a Teresa Sisa e o mano o arquitonto amanharam-se bem, e têm feito uma fortuna colossal á conta dos otários !!!!!

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