Pinto da Costa em grande a Ana Lourenço

Grande momento de televisão, a entrevista de Jorge Nuno Pinto da Costa a Ana lourenço, na Sic noticias.
Não é por acaso que o Porto é líder há tantos anos e não é por acaso que há 25 anos este homem está à frente do Dragão.
Sou sportinguista, esclareça-se já, mas o carisma de Pinto da Costa não deixa ninguém indiferente. Há anos num almoço da Associação de Jornalistas Europeus, da qual faço parte, ele foi convidado pela minha amiga Maria Elisa. No final do almoço ele leu de cor um poema do José Régio. Foi nesses instante ( fatal!) que a Maria Elisa terá ficado fascinada por aquela personalidade. Hoje a Ana Lourenço não escondia alguma simpatia por ele e pareceu-me vislumbrar alguma comoção para o final da entrevista.

Eu comovi-me com Pinto da Costa.
O tipo é um mestre, um " sinhor".
Gosto da sua franqueza, da forma clara como explica as coisas, com sentido de humor, mesmo quando alguma raiva trespassa pelas situações dolorosas por que passou. Gostei da voz trémula quando falou da filha, e como a comparou a Ana Lourenço, gostei da emoção e da coragem. Frágil quando abanam a sua integridade, forte quando se mostra determinado.
O retrato objectivo que faz do rei dos pneus é arrasador, quer quando revela as suas antigas simpatias pelo Porto, quer quando demonstra que o tipo sabe mudar melhor uma roda do que um jogador.

Claro que podem dizer que ele é um esperto e que sabe contornar bem as adversidades, mas o que ele ali contou são factos objectivos. O apito estava calado e guardado e foi um livro de discutível credibilidade ( mas bastante divertido como peça) que fez pôr de novo o apito na boca de Mizé Dong que Saldanha Sanches se apressou a comentar no dia seguinte factos ( pelos vistos errados) de que Pinto da Costa tinha declarado ao tribunal ganhar 2000 euros e portanto...havia corrupção no futebol.

Sabemos que a demagogia de SS vem de longe e que em matérias fiscais já levou um rotundo chumbo de quem sabe. Há uns falhados da revolução maoista-marxista-leninista, que aos 50 anos fazem da caça ao corrupto, ao prevaricador fiscal, a tudo o que possa ser símbolo da classe média uma fúria vingativa. Não destruíram a burguesia no tempo dos papás querem destruí-la agora na secretaria dos tribunais. Esta leva de revolucionários falhados degenerou em dois tipos: uns viraram neo-liberais barrosistas, outros socialistas bacteriológicamente puros. Há uma opinião pública que gosta deste folclore, são os que adoram dias sem carros, a Roseta a andar de bicicleta, o Sócrates a armar-se em corredor de maratona, os que votam no Zé.
São os que acham que Portugal vai no rumo certo: impostos a falirem a classe média em nome da solidariedade social, que não existe, e que este governo fez o favor de liquidar de vez.

Pinto da Costa deu hoje uma grande lição. E essa lição é de que sem liderança, projecto, coragem e com laços de amizade ( veja-se como ele sempre falou dos jogadores, respeitando-os) não se vai a lado nenhum. Organização, equipa, disciplina, entusiasmo, objectivos.
Para os politicamente correctos a obra não conta. Nem a de Pinto nem a de Jardim, porque dá jeito confundir a árvore com a floresta, o feito com as promessas vãs.

Por exemplo os Açores vão ter zero de deficit. Muito bem. E depois: o que ganham as populações com isso?

Alguma coragem e sentido da luta não fariam mal a muita gente, mas isso é arriscado e o cinzentismo e o situacionismo acabam sempre por facturar a favor. Não ganham, mas também não perdem. São os empatas.