domingo, outubro 01, 2006
Ainda o World Press Photo
Quando o World Press Photo nasceu eu tinha 1 ano e no meu mundo de menino a fotografia entrava através de uma Zeiss 6x9 do meu pai, um amador do preto e branco.
Cresci a espreitar fotografias de margens recortadas, esmaltadas, num brilho que me fascinava.
As figuras que eu via devolviam-me um sentimento estranho. Era mágico mas também intrigante. Lembro-me dessa experiência mesmo sendo tão pequeno.
Uma fotografia que alguém cortou um canto eliminando duas figuras deixou-me perturbado como se aquela mutilação fosse vitimar as personagens.
Eu tinha 1 ano e de Portalegre à Holanda ia a distância de uma vida, da vida que encontrei quinze anos mais tarde quando descobri que a fotografia podia falar dos outros, do outro Mundo que era Portugal rural e pobre mas também do Mundo grandioso com as suas misérias e grandezas que eu sonhava um dia conhecer ao vivo.
O World Press Photo tem a minha idade, menos um ano para sermos rigorosos, e todos os anos me deixa fascinado pela capacidade e vitalidade que o fotojornalismo mantém para descrever o nosso tempo, a globalidade do ser humano, nas várias vertentes da aventura terrena.
Este ano voltou a acontecer com a abertura ao público no Centro Cultural de Belém ( ontem) da exposição do melhor que a imprensa mundial produziu em fotos.
Foi por tudo isto, e algumas razões que a razão desconhece, que me tornei fotojornalista, que um dia deixei a arquitectura ( outra fascinante actividade) para poder fazer fotos que mexam connosco.
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