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sexta-feira, julho 28, 2006

Políticamente Incorrecto

Há uma brisa fina, persistente, no sudoeste alentejano. A recôndita praia do Carvalhal não foge ao vento e a trazer uma certa sensação de desconforto a banhistas friorentos como eu. Abrigo-me junto às rochas e o meu pequeno David brinca com a água que corre por um fio da ribeira que vai desaguar logo ali à frente naquele mar revolto e frio que o meu filho André costuma frequentar nas suas surfadas.

Ainda não acabei o Bilhete de Identidade da Filomena Mónica. Achei ao princípio o livro um pouco maçudo mas ao saltar uns capítulos descobri-lhe interesse, talvez por falar de gente que conheço e de que sou amigo, caso da Sofia. Ri-me a valer com a descrição do António Pedro de Vasconcelos a pedir vinte paus emprestados à Filomena enquanto o táxi que o esperava na rua continuava a contar.
O debate teórico de Vasco Pulido Valente seguido de uma sessão fracassada de sexo, enquadrando intelectualmente o não feito também não deixa de ser divertido. É um livro escrito com rara coragem e com uma sensibilidade de mulher à flor da pele.
Estive só uma vez, em 1985, com a Filomena Mónica a fotografá-la para uma crónica na Grande Reportagem ( 1ª série), que aliás tinha ao lado de Vasco Pulido Valente e António Pedro de Vasconcelos.

Percebi que muitas daquelas histórias se passavam entre a Avenida do Brasil em Alvalade, Lisboa, e o café Vavá na Avenida de Roma, a minha zona de adolescente e que eu frequentava.

O Alentejo está pouco frequentado. Hoje vi o meu amigo Jorge Palma na Zambujeira entre uns caracóis e uns percebes e algumas imperiais para mal do meu colesterol. Amanhã vai ser o último dia, domingo regresso a Lisboa, segunda ao Expresso. São umas férias muito curtas, agora que estava a começar a habituar-me à ideia…

No final do noticiário da RTP (hoje liguei a tv pela primeira vez para ver notícias) fiquei parvo com o comunicado da autoridade para a comunicação social, não fixei o nome exacto. Dizia o comunicado que aquela reportagem que a RTP apresentou há tempos sobre a violência nas escolas não era eticamente aceitável por ter usado câmaras ocultas e que a raça negra era descriminada.

O politicamente correcto tem limites e a estupidez também. Primeiro: os alunos não eram nunca identificáveis, segundo: aquele trabalho mostrou mais sobre a realidade escolar do que não sei quantos relatórios, palestras ou livros brancos ou negros ( para não haver descriminações!), terceiro: se assim é porque não retira o governo as câmaras escondidas nas auto-estradas do país? Não está a violar também a intimidade dos automobilistas? Santa paciência!!!...

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