Nas últimas semanas tenho viajado em trabalho pelo Portugal profundo. E o que se vê é um país maravilhoso, diverso na paisagem, nas gentes, com um clima acolhedor. Em todo o lado sentimos uma cultura ancestral evocada na arquitectura, no falar, nos sabores. Conheço muitos países e não conheço outro com tanta personalidade e diversidade.
Mas quando entramos nas aldeias transmontanas, nas cidades do interior, ou quando molhamos inadvertidamente os pés pela subida discreta das águas salgadas da Ria de Aveiro, ou quando atravessamos o coração da velha Marinha Grande, o que sentimos é tudo o que descrevi e um abandono dramático. Sentimos que houve um país forte que trabalhava e que alguém decidiu amputar, desprezando a agricultura, o Mar, a paisagem e sobretudo toda aquela gente que por ali vive e que foi deixada à sua sorte. Vemos os restos de um país e rostos que agora resistem ao tempo e à memória.
isto não é neo-realismo. É a realidade. Porque não se reestruturaram a tempo as fábricas da Marinha Grande, porque não pensámos em exportar o que é nosso e genuíno, porque matámos a criatividade? Porque não soubemos evoluir, fazer uma ponte entre o passado e os desafios do futuro.
Abandonámos o que fazíamos bem por um punhado de euros, de projectos de novos-ricos, desprezámos o valor do trabalho manual em prol de tecnologias do momento que passados poucos anos ficaram obsoletas. A Marinha Grande com as suas fábricas de moldes falidas ou a indústria do vidro, mesmo as fábricas novas, em declínio total.
Quando visitamos o Mercado do Bulhão percebe-se como se pode matar algo de extraordinário que ali havia. A Câmara do Porto começou por tornar impossível estacionar na zona. Logo os clientes preferem ir aos supermercados onde se estaciona de borla. Depois deixou desmoronar aos poucos o edifício. O que seria resolúvel com umas pequenas obras, tornou-se impossível com a degradação e a falta de clientes, tirando umas aventesmas de turistas ridículos de máquina fotográfica e que não consomem. Compare-se o mercado das Ramblas em Barcelona, da mesma época, e compreende-se como nós temos um especial jeitinho para a destruição.
Um país que, na verdade, merecia muito melhor. O problema não é o Sócrates. Também é, mas é sobretudo esta casta de medíocres que nos governam há anos, nos vários níveis de poderes e poderzinhos.
quinta-feira, maio 19, 2011
domingo, maio 15, 2011
Sócrates. Nem contigo nem sem ti.
O reformado Catroga, uma das múmias do cavaquismo em letargia, gizou um chamado programa de governo do PSD, que mais não é do que um rol de intenções economicistas neo-liberais, foi prestar vassalagem aos enviados cobradores do fraque, mandou uns palavrões de camionista na SIC, evocou o nome de Hitler em vão e... foi de férias. Mesmo reformado, e bem reformado graças a uma Segurança Social que ele contesta, fugiu para a Coelha, o tal condomínio algarvio que se tornou num ícone de protagonistas de BPN e tudo à volta. Abandonou o Coelho e foi para a Coelha:)
Tudo isto seria patético se o país não estivesse numa viagem sem regresso ao fundo de uma sociedade que nada terá a ver com aquela que a Europa democrática do pós-guerra sonhou e que nos atraiu para ela, em meados dos anos 80. E que fez com que posteriormente tivesse havido 25 de Abril.
Muito simplesmente: o povo europeu quer viver com qualidade numa sociedade que respeite quem trabalhe,que promova a igualdade de oportunidades. Uma sociedade onde o ensino público, a saúde para todos, a justiça, a segurança e a tranquilidade na velhice sejam os seus pilares.
Ora, tudo isto são aspectos que o radicalismo deste PSD põem em causa. O PSD não quer só ganhar as eleições. Quer um golpe de Estado ganho na secretaria, aproveitando o Estado de Sítio que o FMI e a Europa liderada por Merkl estão a impor aos países periféricos, apanhados no arrastão da crise financeira, provocada por eles e pela ganância.
O PSD não se contenta com as medidas demolidoras impostas pelo FMI. O PSD quer mais sangue, mais terramoto social.
Quer privatizar a televisão pública ( uma ideia de jerico que não existe na Europa), quer por os doentes a pagarem mais nos hospitais, quer o ensino privado a ser pago (ainda mais!) pelos contribuintes e quer afundar a Segurança Social mexendo na contribuição das empresas, que está a meio da tabela dos outros países europeus. Quer ainda mexer mais no código laboral, cavando mais fundo do que os credores da Troika, não deixando uma margem de sobrevivência para quem vai ficar desempregado e sem recursos nem de subsistência, nem de trabalho alternativo.
É um total bota-abaixismo, ainda por cima praticado por um líder medíocre, sem experiência governativa de qualquer espécie (nem de uma junta de freguesia), sem uma equipa coesa, sem controle verbal nos incontinentes da fala que o rodeiam. O que este PSD vem propor é um governo de vingadores do Estado Social, do progresso na saúde, na educação (uma área em que as reformas do PS foram sistematicamente boicotadas) e na obra pública feita que aproximou Portugal da Europa avançada.
Um grupo de revanchistas, de reformados do cavaquismo, de candidatos a situacionistas que vêem agora a oportunidade de singrarem na política. Comentadores de TV a quererem ser deputados, intelectuais a porem de lado um portfolio de ideias para se entregarem num discurso á la Relvas.
O problema não seria o PSD ganhar. Até seria bom uma renovação de Sócrates, desejável mesmo. Mas a velha frase dos amantes desavindos faz aqui todo o sentido, quando aplicada ao engenheiro das sete vidas. Com gente desta: nem contigo nem sem ti!
Tudo isto seria patético se o país não estivesse numa viagem sem regresso ao fundo de uma sociedade que nada terá a ver com aquela que a Europa democrática do pós-guerra sonhou e que nos atraiu para ela, em meados dos anos 80. E que fez com que posteriormente tivesse havido 25 de Abril.
Muito simplesmente: o povo europeu quer viver com qualidade numa sociedade que respeite quem trabalhe,que promova a igualdade de oportunidades. Uma sociedade onde o ensino público, a saúde para todos, a justiça, a segurança e a tranquilidade na velhice sejam os seus pilares.
Ora, tudo isto são aspectos que o radicalismo deste PSD põem em causa. O PSD não quer só ganhar as eleições. Quer um golpe de Estado ganho na secretaria, aproveitando o Estado de Sítio que o FMI e a Europa liderada por Merkl estão a impor aos países periféricos, apanhados no arrastão da crise financeira, provocada por eles e pela ganância.
O PSD não se contenta com as medidas demolidoras impostas pelo FMI. O PSD quer mais sangue, mais terramoto social.
Quer privatizar a televisão pública ( uma ideia de jerico que não existe na Europa), quer por os doentes a pagarem mais nos hospitais, quer o ensino privado a ser pago (ainda mais!) pelos contribuintes e quer afundar a Segurança Social mexendo na contribuição das empresas, que está a meio da tabela dos outros países europeus. Quer ainda mexer mais no código laboral, cavando mais fundo do que os credores da Troika, não deixando uma margem de sobrevivência para quem vai ficar desempregado e sem recursos nem de subsistência, nem de trabalho alternativo.
É um total bota-abaixismo, ainda por cima praticado por um líder medíocre, sem experiência governativa de qualquer espécie (nem de uma junta de freguesia), sem uma equipa coesa, sem controle verbal nos incontinentes da fala que o rodeiam. O que este PSD vem propor é um governo de vingadores do Estado Social, do progresso na saúde, na educação (uma área em que as reformas do PS foram sistematicamente boicotadas) e na obra pública feita que aproximou Portugal da Europa avançada.
Um grupo de revanchistas, de reformados do cavaquismo, de candidatos a situacionistas que vêem agora a oportunidade de singrarem na política. Comentadores de TV a quererem ser deputados, intelectuais a porem de lado um portfolio de ideias para se entregarem num discurso á la Relvas.
O problema não seria o PSD ganhar. Até seria bom uma renovação de Sócrates, desejável mesmo. Mas a velha frase dos amantes desavindos faz aqui todo o sentido, quando aplicada ao engenheiro das sete vidas. Com gente desta: nem contigo nem sem ti!
Etiquetas:
Catroga,
José Socrates,
Passos Coelho,
PSD
terça-feira, maio 03, 2011
A morte de Bin Laden
A MORTE VIRTUAL DE BIN LADEN
Afinal o homem mais procurado do Mundo estava ali ao virar da esquina de uma esquadra militar paquistanesa. E, ao contrário do que faziam crer os cérebros americanos, o Bin não estava nas montanhas rochosas, dentro de uma gruta, mas numa greta de um prédio horrendo de subúrbio.
Acontece quase sempre assim quando procuramos a tal agulha no palheiro: está quase a picar-nos os pés mas nós olhamos para o fundo, onde já nada se vislumbra.
A operação americana ia falhando, porque um helicóptero começou a deitar fumo e o mais divertido da história é que um fanático do twitter estava a escrever aquilo em directo sem saber que se tratava da limpeza ao sarampo do terrorista façanhudo. A história é toda ela duvidosa, mas tem alguma verossimilhança. Um guionista de Hollyood faria melhor mas um que estivesse a escrever uma telenovela lusa não seria tão trapalhão.
Claro que falta o material para atestar a operação "há fumo ao lado da esquadra" ou como um bloguer fez de repórter da História julgando que estava a descrever um acidente aéreo.
Com o desaparecimento virtual do bandido, sim porque do corpo parece que foi lançado aos crocodilos ou tubarões, vai ficar sempre a pairar a dúvida se ele foi mesmo limpo, se já o tinha sido ou se se tratava de um sósia que não tinha conseguido entrar naquele concurso da Easy-jet.
Já agora uma foto VERDADEIRA dava alguma credibilidade à operação, embora já circulem umas fotos pela net, bem photoshopadas, que nos fazem arrepiar de medo.
Fernando Nobre afinal...não entregou ainda a declaração do IRS.
O cabeça PSD por Lisboa, ou seja Fernando Nobre, disse hoje que não ganha o balúrdio que foi divulgado porque nem sequer ainda declarou o IRS de 2010. Mas podia ter adiantado quanto ganhou em 2009, pois a diferença não deve ser grande, embora tenha rendimentos como autor. Porventura daquele livro lamentável de fotografias que publicou há tempos.
Para quem defendeu a transparência na política isto já começa mal. Quem vem para a política tem de escancarar muito da sua vida, o que é violento, sem dúvida. Mas a política é cruel e faz-se pagar caro.
Há dias escrevi por aqui que este era um tipo de política de salsicheiro. Acabei por retirar pois não há "nexexidade" e os factos são por si tão lamentáveis que basta pura e simplesmente citá-los.
Portanto, a habitual cobardia que se refugia no anonimato na net, em comentários provocadores, facilmente detectáveis através do IP dado pelo "pidesco"Technorati, no Fatal não pega. Os blogues e as redes sociais não são jornalismo, não se regem pelas regras do mesmo, são espaços de opinião pessoal e também de irreverência que não são compatíveis num espaço informativo ou mesmo de opinião num meio afim. Embora a auto-regulação seja desejável e os princípios da moral também.
Para quem defendeu a transparência na política isto já começa mal. Quem vem para a política tem de escancarar muito da sua vida, o que é violento, sem dúvida. Mas a política é cruel e faz-se pagar caro.
Há dias escrevi por aqui que este era um tipo de política de salsicheiro. Acabei por retirar pois não há "nexexidade" e os factos são por si tão lamentáveis que basta pura e simplesmente citá-los.
Portanto, a habitual cobardia que se refugia no anonimato na net, em comentários provocadores, facilmente detectáveis através do IP dado pelo "pidesco"Technorati, no Fatal não pega. Os blogues e as redes sociais não são jornalismo, não se regem pelas regras do mesmo, são espaços de opinião pessoal e também de irreverência que não são compatíveis num espaço informativo ou mesmo de opinião num meio afim. Embora a auto-regulação seja desejável e os princípios da moral também.
Subscrever:
Mensagens (Atom)