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sexta-feira, abril 16, 2010

PORTUGUESES 25 ANOS DEPOIS


Fui hoje buscar a um armazém 100 exemplares do meu livro PORTUGUESES, 25 anos depois da sua edição. Essa gentileza da oferta devo-a ao meu amigo João Soares, que me ligou a perguntar se queria ainda alguns livros, e à Annick Burhenne, sua mulher.

Esta edição de 1985, quando o João tinha a editora Perspectivas & Realidades, foi para mim uma oportunidade única para fazer um livro de autor e um descalabro financeiro para a editora, melhor dizendo: para o João Soares que não conseguiu ver retorno nenhum no investimento.

Foi um acto de coragem naquela altura um pequeno editor apostar numa edição de fotografia de visão dramática, pessimista, preto-e-branco, sem concessões por parte do fotógrafo. Lembro-me de uma reunião, que durou duas horas, em que o João, o Rui Perdigão (que fez o grafismo) e eu, discutíamos até ao limite do projecto não se realizar, porque eu achava que a palavra PORTUGUESES deveria ser uma mancha gráfica de letras coladas a morder a página. Eu só queria uma capa à William Klein mas o Rui queria umas letras tipo góticas o que pela minha parte inviabilizaria o livro. Eu preferia não ter o livro a ter aquelas fontes nas letras.

Confesso que o João Soares mostrou uma capacidade enorme de negociação. O Rui cedeu nas letras góticas e eu cedi no tamanho da palavra PORTUGUESES, uns centímetros::))

Este livro será porventura das coisas que fiz na minha vida de fotógrafo com mais convicção. É um livro que tem tudo a ver com o que eu amo e detesto em Portugal. Mas tem muito mais do que eu amo e que me marcou desde miúdo. O Mundo Rural, a religião, os mais velhos, a velha escola primária que eu frequentei, a autoridade, as fardas, a paisagem, as pedras, o Mar, os concursos de dança, as mulheres.... está lá tudo.

Claro que era uma época em que eu adormecia a pensar no Henri Cartier-Bresson e acordava a pensar no Robert Frank, enquanto tinha pesadelos com o Gageiro ( era o aprendiz a matar o mestre!). O livro reflecte tudo isso e é um exercício de fotografia em estado puro. Preto e branco, Leica M4, 35mm, negativo integral, luz natural, instante, instinto, e uma grande dose de generosidade.

Não me parece que o país tenha no essencial mudado muito. Embora...tudo tenha mudado.

A fotografia tornou-se digital mas eu contínuo a teimar em olhar à minha volta com a mesma atenção e a ficar todos os dias surpreendido com a vida.

8 comentários:

  1. Joao Fernandes10:17 da manhã

    E onde e possivel comprar uma copia deste livro? Fiquei curioso. Cumprimentos.

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  2. procurarei por ele, depois volto.
    Até lá...

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  3. Olhe Luiz eu tive esse livro mas "desapareceu",em mudas de casa....onde comprar?L.R.

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  4. Venda-me um exemplar, por favor!
    pf

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  5. Sem favor Paulo F. mande-me os seus contactos.LC

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  6. Concerteza! (Burrice minha, podia tê-lo feito no comentário anterior)

    Paulo F
    Rua Cláudio Basto, 181 - 2º. Frente
    4900-932 Viana do Castelo

    P. S.: Já agora, à cobrança, pode ser? (vai-me custar quanto?) E se não fôr pedir muito, autografado: fará companhia ao do Gageiro, "GENTE", dos anos 60, com textos do José Cardoso Pires, assinado e numerado.

    O meu e-mail: efedefogg@gmail.com

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  7. Boa tarde! Parabéns pelo regresso à escrita e pelo excelente texto sobre a foto da Madeira. (Já está no meu blogue.) Quanto ao livro, onformo que também estou interessado em adquirir um exemplar. Trata do assunto? Abraço. Mário Martins (carteira profissional n.º 1296)

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