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sexta-feira, março 05, 2010

Um país de empatas e azelhas

Andar na rua dá para perceber como o país nunca mais avançará. Alguns exemplos do nosso triste quotidiano:

1- Vou à Hertz levantar um vulgar utilitário. O funcionário pega numa tábua com uma folha e começa a vistoriar a pintura do carro ao pormenor. Espreita por baixo, confere que está lá a roda suplente, aproxima-se da pintura a espreitar, passa a mão a ver se há riscos. Não. Não estou a alugar um Bentley. Estou a alugar uma merda de um Kia com que me obrigam a viajar e a por o meu conforto em causa. Como o funcionário já teve de fazer a mesma operação a outros clientes à minha frente, já foram 15 minutos para o lixo. Em Barcelona alugo na mesma Hertz um carro similar que levanto sózinho do parque, depois de me terem entregue as chaves.

2- Apanho um táxi em trabalho. Espero 15 minutos para que chegue um traste de um 190D sem ar condicionado, sujo, bancos rotos. O taxista traz o rádio aos berros na Amália e um intercomunicador aos berros. Quando lhe digo para onde quero ir tenho de o repetir várias vezes.
Durante a viagem os vidros continuam abertos, mesmo depois de eu pedir para serem fechados, o rádio mais baixo não se cala e há dias viajava com um alto quadro de uma empresa e quando pedi para o taxista baixar o rádio, o alarve vomitou:"Olhe lá e eu não tenho direito a ouvir só porque vocês querem falar?". Incrível mas verdade. Há anos o Dr. Balsemão contou que ia apanhar um táxi em NY e o taxista pediu-lhe desculpa por ter a mala cheia com os seus tacos de golfe que ia usar depois de largar o turno.

3- Há milhares de pessoas que continuam a ir às 4 da manhã para marcarem consulta à porta dos centros de saúde. Gente sem recursos ( a maioria dos portugueses) e que não têm um desses seguros de saúde da treta. Os funcionários que ontem fizeram greve marimbaram-se nesses doentes que tiveram de regressar a casa depois de terem gasto uma fatia relevante dos seus magros salários. Alguém se rala?

4- Já viram quanto tempo se espera na bicha de uma farmácia, por exemplo, enquanto os clientes contam a sua vida ao pormenor à farmaceutica ?

Podia contar aqui dezenas, centenas de casos tristes e deprimentes que fazem deste país um total atraso de vida.

9 comentários:

  1. Por motivos óbvios não me identifico, mas contra a minha classe falo. Não há muito tempo, ao entrar na Esquadra da PSP do Calvário, o elemento fardado que estava à porta, falava ao telemóvel, encostado à ombreira da porta, em pose descontraída. Sou chefe de polícia mas como não ia fardado (e aquela não é a minha Esqª) seria natural que me fosse pedida alguma identificação. Nada. Simplesmente entrei e o Sr. Agente, nem reparou (acho eu!!). À saída, fiz-lhe o reparo (de forma nada paternalista, mas sem uso de "galões"), à laia de concelho de Amigo mais velho e dos perigos de qualquer um entrar assim por uma Esqª de Polícia dentro. A única coisa que não lhe disse foi que era Camarada de Profissão, nunca que era superior hierárquico. O Sr. Agente olhou-me de soslaio, mandou-me para aquele sítio com o pensamento e abalou para o parque de estacionamento, com o móvel ao ouvido. Tenho 46 anos, o mocinho teria para aí 23 de idade e não mais de um ano de PSP. Ainda falam que hoje as pessoas são seleccionadas com "critérios". Fiquei triste... mas não surpreendido.

    Abraços.

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  2. E o taxista vociferou "voçês" com cedilha?

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  3. De facto que este pais à beira-mar plantado peca em inúmeras coisas, a começar pela ausência de amabilidade, não só para com eles próprios como, mais grave, para com o próximo. Mas, mesmo assim, nem tudo é mau e ainda se vê, por exemplo, muitos automobilistas a dar passagem nas passadeiras, situação impensável noutros países tais como Itália ou assim. São, a meu ver, características próprias de um povo que já na altura dos Romanos era intitulado de ingovernável.

    Abraço

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  4. Claro com cedilha à moda antiga::))

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  5. Luiz:
    1 - A Hertz é uma empresa pública, onde os seus funcionários são... funcionários publicos;
    2 - A empresa de taxis é gerida por funcionários publicos, só pode e tá visto;
    3 - A comunicação social não falou na greve. Ou será que as pessoas se estão maribando para a comunicação social?
    4 - Essas farmácias devem ser, concerteza propriedade de Câmara municipais. Só pode.

    Desculpa Luiz mas não resisti:-)
    Grande Abraço e bom trabalho (que continuo a admirar, claro).
    PSousa

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  6. Luiz, tudo certo este é o País real. Só faltou acrescentar os balcões da banca privada em que para um qualquer assunto de caixa se espera tempos infinitos, muitas vezes, com um dito ar condicionado não funcionando e em reclamando ainda julgam que somos um qualquer insurra saído das cavernas. Aliás o comentário de Paulo é muito contundente e verdadeiramente acertivo.

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  7. Só há uma solução para o País

    Matar, cremar, espalhar as cinzas dos funcionários publicos

    Depois ficam só os blogueiros e seus comentadores que passam a vida a dizer sempre que há uma greve:

    - Eu é que trabalho o resto são tudo calões

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  8. Boa noite.

    Por favor, deixem as coisas como estão, pelo menos até ao verão e passe a redundância, "verão" como isto bate bem fundo.

    Permitam-me pelo menos usufruír a oportunidade uma vez na vida.

    É que eu sou pobre e tenho direito.

    Cumprimentos.

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  9. “Os funcionários que ontem fizeram greve marimbaram-se nesses doentes que tiveram de regressar a casa depois de terem gasto uma fatia relevante dos seus magros salários”
    O sr Luiz é que não passa de um ressábiado demagogo, aliás, ele como ninguém, sabe, o que são as greves que se fazem em França, Espanha, Itália etc. Essas lutas são práticas quase diarias, e muito duras….porque não fala dos suicidios de funcionários da France Telecon? Ou dos tranportes em frança? o que é que o sr quer? Greve aos domingos? Já agora quando estiver resfastelado lá para o alentejo, não? Assim dáva-lhe mais jeito?
    Julga que se faz greve e se perde parte do salario como que anda de porche?LR.

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