Não sei se em Espanha o Rei aproveita os discursos solenes para dar recados ao governo, ou se em Itália o Presidente passa a vida a mandar indirectas a Berlusconi, ou se na Suécia o Rei passa a vida a discordar de quem governa. Nós por cá, temos este viciozinho que vem do tempo de Eanes: os presidentes não têm poder nenhum mas, talvez por isso, vivem numa espécie de complexo de inferioridade o que se traduz em puxões de orelhas discursivos, e em chumbos de leis votadas pela maioria da Assembleia da República. O Presidente é assim uma espécie de pai moral, um vigilante, um redentor, que fala muito mas faz pouco e que apenas vai influenciando aqui e ali, sem grandes consequências. A não ser quando usa a "bomba atómica" e desfaz governos e maiorias, como aconteceu com a lamentável atitude de Sampaio quando demitiu Santana Lopes. Aliás, a única decisão que ficou para a História desses longos e chatos 10 anos de Jorge Sampaio.
O povo já percebeu que o Presidente é assim uma espécie de Rei, em versão a gasóleo, e que trocou as janelas manuelinas palacianas por uma marquise de alumínio anodizado. E vive feliz para sempre...
Cavaco Silva a quem devemos a estrutura de desenvolvimento que hoje temos, e que no essencial gerou os males estruturais de que hoje o país padece,(e que beneficiando dessa característica tão comum aos portuguesinhos que á a amnésia, conseguiu ser eleito) volta agora ao discurso paternalista de que precisamos de ser mais poupadinhos. Genial ! Os autarcas andaram a fazer construções faraónicas, de rotundas a centros de congressos, os governos andaram a comprar material bélico e submarinos, transformámos o país numa placa giratória de auto-estradas, este governo quer TGV e aeroporto e dá computadores a crianças que nem sabem a tabuada, e agora os contribuintes que poupem? Bom, o que nos vai acontecer é que depois das eleições aí vamos ter mais uma carrada de impostos para a classe média pagar.
A dramatização do estado do país em permanentes chamadas, alertas, de nada valem. Já percebemos que Sócrates até ao fim do mandato se vai comportar como uma esposa largada num centro comercial com um cartão VISA platina, que já não tem plafond, mas que ela nem sabe o que é isso. E nós cidadãos seremos os mansos que iremos pagar até a carroça da Mitra nos recolher às escondidas noite dentro.
O problema de Cavaco é que ele até pode ter toda a razão do Mundo, mas para quem ainda tem alguma memória Ram não esquece que foi nessa longa noite do Cavaquistão, de Aguiar da Beira a Boliqueime, com paragem por vários paraísos fiscais, que começou esta saga lusitana. A telenovela até pode ser outra, mas os actores são ainda os mesmos e os autores os mesmos velhadas. Há apenas um novo player: Paulo Rangel. E é nestes protagonismos novos que por vezes tudo muda. On verra !!!.
Os PR fazem lembrar o Mantorras, que, quando fala dele próprio, se reporta à (sua) terceira pessoa.
ResponderEliminarDesculpa lá, Mantorras!
JJ
Paulo Rangel...!?
ResponderEliminarEstá a falar de quem?
Do primo do Rangel que escreve no Correio da Manhã?
Ou daquele que cujo partido vota a favor da lei do financiamento partidário e depois do veto do PR vem dizer que votou a favor mas era contra.
JJ
Porra, seu Luís. O cara já é lido no Brasil também!
ResponderEliminarJJ
Eu prefiro um presidente nao passivo, e interpreto a política de Cavaco Silva no momento em que aconteceu, não hoje.
ResponderEliminarIsso é fundamental.