Quando o ministro das finanças responde na rua, perante os porta-microfones, que só o facto de se aparecer nas revistas a mostrar bens exteriores de riqueza, é razão suficiente para mandar soltar a matilha dos fiscais para se averiguar da justeza dos bens, estamos conversados: o que o governo socialista quer (acompanhado pelo caro dos bloquistas e até- pasme-se! - do PSD) é aumentar o clima de terror fiscal que já tinha iniciado no início do mandato.
Nem Salazar foi tão longe com a PIDE, nem os militares de Abril e os camaradas Vasco ou Otelo, ousaram cometer tal desfaçatez.
Claro que ninguém pode defender o enriquecimento ilícito, e eu até diria que, para muitos comunistas, qualquer enriquecimento é ilícito pois baseia-se sempre na criação de mais-valias fruto da exploração do trabalho e do homem pelo homem! Agora, o que ninguém pode tolerar é que o Estado dito democrático possa meter o bedelho nas contas de cada cidadão a partir de uma presunção de um directorzeco qualquer de finanças. Se os atropelos aos direitos dos cidadãos feitos pela Direcção-Geral dos Impostos tem sido o que se sabe, imagine-se a partir de agora o que não será!
A actual lei até não é má para averiguar e julgar os crimes económicos, bastava-lhe ser melhorada em alguns pontos concretos. Quem o disse hoje foi a procuradora Cândida Almeida, que é insuspeita.
O que Sócrates quer fazer é uma lei fiscal. Por um lado cala os palermas que ao ouvirem falar de Freeport acabam por achar que até há uma nova lei contra a corrupção e ao mesmo tempo o fisco vai sacar mais uns milhões, pois as contas do Estado vão estar péssimas lá para o final do ano.
Sabendo todos nós como funciona a Justiça em Portugal, sabendo nós como é hoje em dia impossível contestar em tempo útil as arbitrariedades do fisco (cada um de nós já foi injustiçado sem capacidade de recurso, mesmo tendo toda a razão do Mundo) imagine-se como passará a ser com esta total devassa.
Claro que toda esta demagogia acaba por ter consequências trágicas na nossa economia. Qualquer cidadão sério, que tenha na sua conta mais de cem mil euros, não irá dormir descansado só de pensar que um inimigo, um invejoso, uma ex-mulher, um colega ciumento, o pode denunciar, e ver assim o dinheiro ganho e amealhado numa vida, ser confiscado pelo menos em sessenta por cento. Ele até poderá justificar, mas o fisco pode não aceitar na sua fúria justiçeira.
Isto é muito pior do que fez a PIDE ao nível ideológico. Isto é uma política de pilha-galinhas e esta lei vai fazer com que muita gente séria e honrada, pegue no seu dinheiro e o vá depositar a Badajoz. Simples e eficaz. Quando o país precisava da classe média, a única com ainda algum poder de compra e capaz de criar empregos e pagar serviços, agora que as poupanças deviam estar tranquilas, depois dos gestores do centrão, esses gestores exemplares inspirados no neo-liberalismo e no neo-socialismo terem arrecadado milhões, agora o governo de Sócrates vem dizer da forma mais bacoca e saloia que ricos maus são, por exemplo, os que aparecem nas revistas (que por acaso são uns tesos!). O Ministro Santos está cheio de chavões e de lugares comuns naquela cabeça. Grande cultura política, grande visionário! Só falta vir a doutora Maria Barroso recitar um poema em cima ou o doutor Soares saír em defesa daquela a quem chamou "político de plástico".
Parece que o governo não quer atacar os ricos ilícitos mas aqueles pindéricos que mostram a casa que é emprestada, o carro alugado, o iate alheio.
Mais uma vez é o marketing político a funcionar. Ultrapassar o BE pela esquerda, piscar o olho aos comunas, anular a iniciativa farisaica do PSD. Uma autêntica vergonha política, alimentada por alguns comentadores para quem interessa mais fazer a política do políticamente correcto, do que defender a classe média que lhes paga o ordenado ao lê-los e a ouvi-los.
Já sabíamos que Sócrates achava que quem ganha mais de 5 mil euros por mês é rico e pode não deduzir as despesas dos filhos em educação e saúde, a seguir virão os outros: os que ainda conseguem pagar as contas e sustentar a família. Esses virão a seguir, quando não houver mais dinheiro para pagar subsídios de emprego, funcionários públicos, e as obras do regime mais impune que houve até hoje.
Agora caros cidadãos: vão votar nas eleições que aí estão à porta e escolham esta gentalha para vos tratar da vidinha!!! Votem neles que os tipos merecem. E não se esquecam de colocar no voto o nib !!!
a procuradora Cândida Almeida é de facto insuspeita, a tal que nem quer ver o DVD do caso freeport, como medo de "violar a menina dos olhos".
ResponderEliminara verdadeira defensora do status quo.
quem nao tiver receio quanto à obtencao de determinados bens, certamente nao irá dar-se ao trabalhos de ir a badajoz
se com a nova lei algumas pessoas passarem a dormir mal, tal seja porque deviam
ainda bem que esta medida veio da ala esquerda, senao teríamos que ouvir comentários fundamentados quanto à pseudo carácter pidesco da lei.
em todo o caso, nao percebi o comentário quanto ao PS ter o BE e o PSD do seu lado. Como sabe, principalmente o PSD, mas tambem outros partidos à esquerda do PS, condenaram veementemente esta lei.
condenaram, está claro, com aquela forma bem portuguesa de fazer política que consiste em achar exactamente o contrário do que acha o partido do outro lado da barricada