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quinta-feira, abril 09, 2009

Portugal na força da água e do vento

Interior da Barragem do Lindoso, esta semana. Foto: Luiz Carvalho/Expresso

Esta semana viajei pelas terras da Peneda, um lugar nos confins do Portugal, onde a paisagem se dilui com Espanha, numa comunhão antiga. Fui atrás de uma excursão de estudantes estrangeiros, convidados pelo ministro Pinho, e que viajavam por Portugal, para conhecerem o nosso vanguardismo em matéria de energias renováveis.

Desci 400 metros abaixo do solo, através de um túnel de quase 3 quilómetros, para ver a central onde se transforma a energia da Barragem do Lindoso em electricidade. Mais à frente, entre estradas de curvas e sobe e desce, conheci o maior parque eólico da Europa. Os dois locais deixaram-me impressionado pela monumentalidade das obras e por aquilo que ali é produzido. Uma tecnologia avançada, investimentos que são produtivos e rentáveis à nossa vista de leigos. Percebe-se que se o país fosse assim noutras actividades podíamos estar no pelotão da frente.

Encontrar num território rural, onde os cavalos selvagens passeiam nas estradas, onde os bois se deitam por debaixo das ventoínhas gigantes, indiferentes ao zumbido das pás, ver gente nova de pele enrugada pelo frio agreste e por uma vida se Sol a Sol, de trabalho manual e de isolamento rigoroso, encontrar ali uma tecnologia avançada é comovente. Um Portugal onde o rural que remonta ao feudalismo está a conviver com o Portugal moderno e inovador.

Sou muito céptico relativamente às eólicas e barragens. Sempre achei que tudo aquilo é um investimento demasiado alto, um gasto avassalador em destruição do ambiente. Muito custo, para se ter depois uns megawatts de electricidade que uma central nuclear moderna produziria em meia dúzia de horas. Mas parece que o país já é autosuficiente em 30 por cento entre a energia das barragens e daquelas ventoínhas irritantes, que desfiguram os nossos montes e vales.
E mais: estamos a exportar essa tecnologia e a criar postos de trabalho. Nada mau..

Ainda não fiquei rendido, mas há anos também nem queria ouvir falar em motores diesel e agora fico parvo com o desempenho dessas máquinas que parecem estar a pregar pregos.
Por este andar ainda chegamos à electricidade em pó, como ironizavam os aldeões da minha terra há 40 anos, quando a minha avó acendia a candeia de azeite para vivermos as noites nas Terras do Demo.

5 comentários:

  1. Eu, que nasci alguns anos depois, ouvi sempre essa expressão numa aldeia igualmente portuguesa que prescindiu da candeia algures em 72. Bonita foto.

    (directamente de Leiria :)
    Paula Sofia Luz

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. nao tenho nada contra as barragens e as eolicas, mas partilho a tua opiniao, é de facto um preço muito elevado que uma nuclear resolveria de uma penada
    ha q enfrentar os nossos receios (ainda por cima quando n têm razao de ser)

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  4. As eólicas são uma moda temporária, quando fechar a torneira dos subsídios chorudos acabam, a energia que produzem é pouca, muito irregular e muito cara. As hidroeléctricas (barragens) estão há muitos anos no terreno e num país com muitos recursos hídricos, como o nosso, são extremamente rentáveis, ainda que insuficientes para alimentar as grandes cidades (grande parte da energia “renovável” que produzimos a elas se deve), se não avançarmos para as nucleares, com baixo custo de produção por quilowatt-hora gerado, mas com elevadíssimos investimentos iniciais não nos livramos das termoeléctricas, o que também não constitui grande problema porque esta paranóia em volta do dióxido de carbono tem que ter um fim.

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  5. É impressionante a ignorância em termos energéticos que por aqui se vê.
    Em primeiro lugar, a paranóia do dióxido de carbono não é paranóia de maneira nenhuma, e só não ve isso quem não quer.
    Depois a energia nuclear não é de maneira nenhuma uma solução viável a longo termo, primeiro porque uma central nuclear demora cerca de dez anos a ser construída, com custos iniciais elevadíssimos, para não falar da falta de soluções para os resíduos, na falta de conhecimentos técnicos em Portugal e por fim, no facto de que se passarmos todo o nosso consumo para a energia nuclear, esta só durar cerca de 20 anos.
    Por fim, as eólicas, as solares foto voltaicas as solares térmicas e as hidroeléctricas são a solução a adoptar, que apesar de serem caras inicialmente produzem energia muito barata e e principalmente limpa e independente dos mercados internacionais.
    Quanto aos efeitos das torres eólicas e das barragens, afecta-me muito mais ver uma central nuclear ou uma central térmica convencional seja onde for.

    Pensem bem antes de criticar....
    Anónimo,
    Eng Electrotécnico

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