Quando daqui a horas Obama tomar posse vai ter por perto um olhar atento e especial: Pete Souza, 54 anos, português dos Açores, estará em tensão à espera dos melhores momentos para registar na sua máquina fotográfica digital, onde por vezes prefere o modo black and white.
O nosso conterrâneo é um fotojornalista renomeado na América, com um curriculum extenso e obra notável. É professor de fotojornalismo na Universidade de Ohio, e quando Robert Gibbs, futuro secretário de imprensa de Obama, o convidou para ser o fotógrafo oficial do Presidente, o português não hesitou em abandonar logo o seu lugar de fotojornalista do Chicago Tribune.
O anúncio do novo fotógrafo do Presidente foi feito pela Associação norte-americana de fotojornalistas (imagina-se isto em Portugal?) e Souza fez questão em afirmar que aceitava ser fotógrafo do Presidente na condição de documentar "em nome da história".
Como fotojornalista do Chicago Tribune, Pete Souza fotografou durante um ano Obama no Senado e segui-o em 7 viagens por diversos países. Apostou desde 2005 numa vitória de Barack Obama. Teve fé e acertou.
Souza já tinha sido fotógrafo de Ronald Reagen, conhece portanto a Casa Branca, e tem experiência neste tipo de trabalho que, sendo exercido como o de qualquer fotojornalista, exige uma disciplina rigorosa e uma postura por vezes mais intimista.
As fotografias de Souza são do melhor que tenho visto em fotojornalismo. Ele consegue conciliar essas duas dificeis vertentes do fotojornalismo: o rigor gráfico e o rigor narrativo. As suas fotografias têm lá a escola toda de Henri Cartier-Bresson ou de Sebastião Salgado (dois mestres que ele gosta de citar). Estamos perante um fotojornalista que viajou pelos confins do Mundo, em territórios de guerra e por multidões pela paz.
O seu portfolio é um rosário de instantes fortes, bem intencionados, um longo caminho visual de memórias da História. Pete assume uma das qualidades cada vez mais raras no exercício da profissão por "jovens habilidosos" que é o exercício da memória, o empenho pela verdade, a composição como uma das belas-artes.Humanista à flor do olhar, convicto e leal na hora do disparo, Pete trabalha com meios simples, eficazes, luz natural mas bem dominada, com a vénia de uma dádiva de Deus, usa do humor e reflecte comoção.
Se Obama é o anjo que parece ter descido à Terra, Pete Souza, com o seu olhar de fotojornalista humanista, não podia ter sido mais bem escolhido.
Era bom aproveitarmos por cá, para reflectirmos no papel do fotojornalismo, e na dignidade que a profissão desperta nas sociedades cultas e nas instituições superiores. Obama não escolheu um bate-chapas nem um estafeta da imagem, quis um fotojornalista.
Sendo assim, junto-me à obamamania.
Também em www.expresso.pt
Qual Obama qual quê. O verdadeiro profeta, o artista, o coveiro, o... parvo, está aqui! E com mais uma brilhante campanha de marketing que fará os portugueses quererem comprar um lugar no céu ao seu lado, ao votarem ps.
ResponderEliminarQuerem empregos? Votem sócras, o vendedor de banha da cobra. Basta olhar para o cartaz:
http://2.bp.blogspot.com/_0vxIenxVuUQ/R7y_kiJd7AI/AAAAAAAACPU/yr2dosIXf4Q/s320/150_mil_empregos.jpg
Luiz, por favor, deixe-se de coisas. O homem é bom sim, mas não é português, é descendente de portugueses!
ResponderEliminarEssa pequena diferença talvez até justifique o facto de ser bom. E passo a explicar: provavelmente, nunca esteve sujeito aos critérios e críticas de editores de fotografia portugueses, actuais ou passados; dificilmente terá sido criticado porque «as suas fotografias parecem não "respirar"»; neste jardinzinho à beira-mar calcinado temos, que me ocorra e eu conheça, um Tópê e um Rui Xavier que criticam de forma didáctica e mente aberta, nos EUA devem pulular...
Moral da história: graças aos deuses que não é português, não nasceu em Portugal, foi criado, educou-se e cresceu longe.
De resto, reconheço-lhe (ao Luiz e neste caso) o bom gosto fotográfico.
Que comentário mais artolas ! O meu caro deixe-se de merdas e fotografe e mande os mestres dar uma volta. Dê umas engraxadelas boas ao chefe ( se o tiver) e vai ver como daqui a pouco são esses otários que o sentam nos joelhos e lhes dão conselhos que se vão vergar ao seu Poder.
ResponderEliminarEssa de reconhecer o bom gosto fotográfico tb é um bocado de autodidacta. Não há bom gosto em fotografia. Bom gosto é para decoradores e outros panascas artistas. Na fotografia o que conta é a cultura, o saber e muitas outras coisas.
Mas se quiser um atalho vá pelo engraxatório, o novo género fotográfico. vai durar pouco mas é de aproveita enquanto a dita dura.
Touché, anónimo! Ou deverei escrever LC? :)
ResponderEliminarMas, verdade seja dita, foi mesmo o que fiz: mandei-vos a todos às malvas. A graxa entranha-se-me nas unhas, faz-me sentir uma sujidade que não liga comigo!
ResponderEliminarCaríssimo, e agora estou sem vontade nenhuma de o chatear: não tem legitimidade para falar nem de arrivistas nem de engraxatórios. Para o fazer, teria de ser inatacável, e não é. Ou será que não recorda (pelo menos) umas fotografias publicadas na Única, de qualidade que conseguiam atingir a mediania, sim senhor, e que tinham como tema qualquer coisa como a neve, alguém na neve, umas férias na neve, ou quejando?
ResponderEliminarSão atitudes desse estilo que fazem as pessoas ver que mais vale um emprego modesto e a consciência despoluída do que sujeitarem-se à prosápia e necessidade de bajulação de alguns.
Da mesma forma que fazem com que publicações percam leitores.
É a crise sim, mas de princípios.
Releia o discurso de Obama. Far-lhe-á bem.
Papel do fotojornalismo? Dignidade da profissão? Unidade de classe? Tenho lido estas frases por aqui e pergunto-me se está a falar mesmo deste nosso jardinzinho ou se mora noutro país. Aqui nem carteira há de fotojornalista e quando se diz este nome ouve-se muitas vezes: faz o quê?
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