Páginas

sexta-feira, janeiro 30, 2009

E-MAILS FATAIS

Alguns e-mails trocados entre responsáveis da Freeport e Charles Smith, sócio da consultora Smith & Pedro, falam da data ideal para que “tudo se resolva” e que, efectivamente, corresponde ao dia em que o “outlet” de Alcochete recebeu luz verde (14 de Março de 2002). Nas mensagens é ainda referido um suposto pagamento para que a Declaração de Impacto Ambiental, essencial ao licenciamento, fosse aprovada, noticia o semanário “Sol” na sua edição de amanhã.

“O dia 14 de Março é o dia mais importante para que tudo se resolva”, lê-se na mensagem que Charles Smith enviou, a 10 de Março de 2002, para Garry Russell, director do Freeport no Reino Unido. Foi dia 14 que o aval ambiental foi conseguido.

Ainda de acordo com o “Sol”, nas mensagens, os ingleses demonstram não confiar nos portugueses. Num dos e-mails o engenheiro escocês alerta Russell: “Na reunião de 17 de Janeiro assumiste que pagávamos pelo estudo de impacto ambiental 90 por cento à cabeça, mas aconselho-te a dividir a quantia em três ou mais tranches”. Terá sido nesta data que, segundo a carta rogatória inglesa, José Sócrates participou num encontro com responsáveis da empresa.

Depois de aprovada a declaração ambiental, Smith recebe uma mensagem de Bill McKinney, da empresa imobiliária irlandesa com o mesmo nome que trabalhou no projecto. O objectivo é protestar por não ter recebido a sua parte nem ter sido informado do licenciamento. Na resposta, o sócio da consultora desculpa-se explicando que “tinha ordens muito rígidas do ministro no sentido de não dizer nada antes da recepção do documento e do relatório”.

Dois meses depois, em Junho, Charles Smith envia uma nova mensagem a Russell para que se façam os pagamentos. “Qual a posição em relação à aprovação da EIA? Para este também é necessário um pagamento de 50 k. Não estou a dizer para pagar, faça só a transferência, de modo a que nada fique estagnado”, cita o “Sol”.

Alteração à ZPE

O caso Freeport tornou-se público em Fevereiro de 2005, quando uma notícia do jornal “O Independente”, a escassos dias das eleições legislativas, divulgou um documento da Polícia Judiciária (PJ) que mencionava José Sócrates, então líder da oposição, como um dos suspeitos, por alegadamente ter sido um dos subscritores daquele decreto-lei quando era ministro do Ambiente. Posteriormente, a PJ e a Procuradoria-Geral da República (PGR) negaram qualquer envolvimento do então candidato a primeiro-ministro no caso Freeport. Em Setembro passado, o processo passou do Tribunal do Montijo para o DCIAP.

Já este ano, a 10 e 17 de Janeiro, o Ministério Público emitiu comunicados a esclarecer que, até àquele momento, não havia indícios do envolvimento de qualquer ministro português, do actual governo ou de anteriores, em eventuais crimes de corrupção relacionados como o caso e, na semana passada, prometeu levar a investigação até ao fim. Ontem a informação foi reiterada.

O processo relativo ao espaço comercial do Freeport de Alcochete está relacionado com suspeitas de corrupção na alteração à Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo decidida três dias antes das eleições legislativas de 2002 através de um decreto-lei. Apesar disso, no fim-de-semana passado, o primeiro-ministro garantiu que participou em apenas uma reunião relacionada com o empreendimento Freeport, na Câmara Municipal de Alcochete, que teve como único objectivo "a apresentação das exigências ambientais que tinham levado ao chumbo do projecto". / PÙBLICO

2 comentários:

  1. Luís,

    Deixe lá a merda dos «emails fatais...»:

    «Ausência

    A última vez que ouvi a tua voz foi há quatro dias atrás, partiste quando o dia se preparava para nascer e tu a lutar a noite toda por respirar o oxigénio que te forneciam por uma máscara. Sofrias, eu sei. Sobretudo quando a febre teimou em resistir no teu corpo esquelético e frágil. Que anunciava o fim. Tendo percebido nas tuas frases sem lógica que deliravas na viagem sem regresso. Cuja partida sentia que estava próxima.

    Tento ouvir a tua voz. Mas não consigo. Nem por entre estas palavras que te escrevo com uma saudade eterna. Vesti no dia da tua partida uma camisa branca com gravata, como eu sei que tu gostavas de me ver. Há meses que não vestia uma gravata. Não te dei o tempo que merecias, sentindo uma culpa que fere. Não te dei o carinho que te fez falta e que sinto a falta de o não te ter dado. Uma falta de paciência enorme, e tantas vezes estupidamente duro.

    Resta o consolo de não te ter abandonado num depósito de idosos, onde, provavelmente, terias a fralda de quem volta a ser criança logo à primeira vez que a pedisses. Mas que eu te neguei sempre. Onde, logo que caísses na cama, não mais te levantavas. Fui duro e isso causa mágoa. Sinto culpa de não ter estado mais junto a ti e de não te levar a passear. Sinto a culpa de não perceber mais cedo de que te preparavas para nos deixar.

    Mas sinto o consolo de ter percebido a tempo de que te preparavas para nos deixar e de, a partir daí, deixar de te levantar a voz, por força de uma falta de paciência estúpida. Sinto o consolo de ter teimado sempre contigo para que te agarrasses à vida, fazendo valer até ao teu último pingo de força os teus gestos derradeiros que te davam a dignidade de ter vida, mesmo que andando com dificuldade e quase sem força para levar a comida à boca.

    Lembro os teus olhos muito abertos quando me viste ao fim de trinta minutos num despiste fatal com o teu andarilho, que te fez recuar para uma porta de ferro onde o vento frio passa há tantos anos, numa casa pobre. Um vento frio que te baixou a temperatura do corpo para os limites da sobrevivência. Ainda hesitei em te levar logo para o hospital. Mas percebi a tempo de não me culpar de que tinhas consumido o último pingo de força. Nesse dia, dei-te comida na boca, a única vez que o fiz, comida que tu avidamente querias, mas que já não tinhas força para mastigar.

    Comecei a chorar. É hora de te pedir perdão. Querida Mãe.»

    ResponderEliminar
  2. Pois uma tal de "PLUMA CAPRICHOSA", que trabalha lá no seu jornal,acha que os emails são falsos!!
    Deve ser porque o ZÉZITO,lhe telefona a desmentir as atoardas que ela de vez em quando lança no EIXO DO MAL NA SIC.N!!Não á nada como falar diretamente com o PODER...faz tão bem ao EGO...e depois dizem-se MUITO INDEPENDENTES AS
    FINÓRIAS..L.R.

    ResponderEliminar