segunda-feira, dezembro 01, 2008
By, by Dubai !
FOTOGRAFIAS DE LUIZ CARVALHO
Esqueçam o Dubai. Hoje no centro da cidade o taxista deixou-me no Colombo. Desculpem, no City Center, uma zona comercial igual ao Colombo, com as mesmas lojas de marca, os mesmos preços, talvez mais marcas com mais modelos. Por exemplo, eu que tenho a tara dos sapatos Timber e Cat, encontrei aqui modelos que nunca estarão à venda em Portugal, que como se sabe só vende carros cinzentos metalizados e modelos sempre dos mais consensuais.
O centro mantém a lenga-lenga da oração (!), há mulheres de negro de cara tapada, acompanhadas por filharada bem tratada, parecem usar o véu como se aquilo não as impedisse de cumprir a função básica das suas vidas: consumir.
Os homens mantêm o tradicional traje branco, ficam perturbados com uma ou outra ocidental, ou mesmo local de cara destapada, soutiens "gorge" e uma cigarrada nas esplanadas. Nada de tortura, embora esta seja uma sociedade mais hipócrita do que a ocidental, de mentalidade cavernícula.
No hall do meu hotel (um albergue merdoso de quatro estrelas que nem uma vale) atrevi-me a pedir a um grupo de filhas , acompanhadas pela mãe de cara tapada, para lhes fazer uma fotografia. Como estou com a Lumix ninguém me leva a sério como fotógrafo e posaram para mim com alegria. O porteiro perguntou-me logo se eu não queria comprar uma para trazer para casa ! E estava a perguntar sem piada nenhuma, as mulheres compram-se mesmo!
É bom o Sócrates pensar num imposto semelhante ao dos carros importados em função do ano, do peso, do tipo de combustível e do consumo em Visa ao mês !!!...
O Dubai não é o paraíso das fotografias de promoção com luz dourada e céu de entardecer. É um país que cresceu desalmadamente nos últimos cinco anos. O lucro do petróleo é empregue em edifícios bizantinos, grandes e...desabitados. Andamos a pagar o petróleo ao litro do ouro engarrafado (!) para estes tipos esbanjarem em cimento e alcatrão, em carros com motores estupidamente grandes para o constante pára-arranca ( uma hora para se fazer 10 quilómetros, é a média) e para ornamentos de um novo-riquismo aberrante. Estes tipos só produzem petróleo e vendem umas férias para uns patêgos ocidentais acharem que atingiram o paraíso à face da Terra. Triste...
Não se pode andar nas ruas porque não há ruas, apenas auto-estradas e avenidas sem escala humana, e quando há ruas estão cheias de esterco, buracos e caboucos. Mesmo a internet é intermitente, por vezes apaga.
O urbanismo selvagem está aqui como case study. Só agora começaram a fazer uma linha de metro, os transportes públicos praticamente não existem e os táxis param quando lhes apetece e se se mostra um endereço ao motorista ele raramente sabe inglês, embora usem gravata e o ar condicionado ligado, o que mete os taxistas de Lisboa ao nível do sétimo mundo!
Esta é uma visão de quem está aqui para fazer um trabalho de jornalismo que nada tem a ver com o que descrevo e que é uma impressão que pode estar completamente distorcida.
Nas viagens reflectimos sempre o que somos e o que já pensamos e, tal como no acto de fotografar, acabamos sempre por ver aquilo que só queremos.
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É a lógica do primeiro constrói-se e depois desenrasca-se a estrutura urbana. De facto é triste aplicar-se tanto dinheiro em tantos erros.
ResponderEliminarOUVE, TENS AQUI GRANDES FOTOS ÓLARÉ!
ResponderEliminarL.R.