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quarta-feira, outubro 08, 2008

O parque jurássico industrial português

foto LC

Um operário que trabalhou 30 anos na CUF dizia-me esta semana que nunca imaginou que uma empresa como aquela pudesse um dia acabar. Era mais que uma empresa: era um país dentro de outro, com regras próprias, regalias, controle, polícia política, guarda montada e a bastão, padre e bombeiros...a CUF era um mundo...que desabou. Hoje ao percorrermos as ruas do parque jurássico da nossa pelintra revolução industrial ainda sentimos o cheiro desses tempos a preto-e-branco de ambiente neo-realista.
Passaram 100 anos sobre a fundação do império industrial de Alfredo da Silva, um homem empreendedor que transformou o Barreiro na cidade mais trabalhadora de Portugal, ao mesmo tempo que criou riqueza e matou a fome a muita gente. Isso não impediu que no 25 de Abril os comunistas não tenham vingado a sua memória e que muitos que tudo foram, graças a ele não se tivessem tornado nas pontas de lança do revisionismo comunista.
Mesmo os que lutaram contra o regime antigo e se viraram comunistas, não deixam hoje de elogiar o capitalista bom que foi Alfredo. Talvez porque no fundo o comunismo que muitas queriam era de uma matriz igual ao mundo da CUF: um meio trabalhador, paternalista, proteccionista, onde os que criavam mais valias tinham casa de borla, cinema a dois tostões, futebol e outras alegrias no trabalho.
Os comunistas queriam no fundo aquilo que já lhes era dado. Um mundo de ordem e autoridade, de pão e festa, um mundo de homens de ferro.

2 comentários:

  1. Não foram os comunistas, não, Caro Luiz.

    Nada mais errado.

    Foram os governos de então, e foi uma conjuntura económica nacional e internacional (crise do petróleo) que fez com que a Quimigal (e Já não CUF) encerrasse, a par de muitas outras empresas de Norte a Sul do país.


    É preciso dizer a verdade. Por respeito à CUF, às gentes do Barreiro, à História mas sobretudo por respeito a Portugal.

    Porque a CUF, criada em 1907, é o símbolo da Industrialização em Portugal, .

    Agora no centenário da CUF, está a decorrer um Seminário Internacional muito interessante, hoje vai ser analisada a arquitectura industrial, um tema tão do agrado do Luiz, suponho.

    É no Auditório Municipal Augusto Cabrita.

    Programa aqui:

    http://1.bp.blogspot.com/_bTDhhIKEjuY/SOl3qDghVYI/AAAAAAAACTA/sjEBR7cNcRM/s1600-h/CUF100+COL+Programa.JPG

    Abraço

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  2. Mas o socialismo desemboca nisso mesmo...um mundo harmonioso de ordem e felicidade ou não?

    Marx escreveu sobre a luta de classes mas com fim à vista, e é isso que os liberais não querem e a que chamam estagnação.

    Não se trata de negar a igualdade entre homens trata-se de negar a ausência de conflito que segundo a Direita não leva a lado nenhum sobretudo à riqueza e ao luxo.

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