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sábado, outubro 11, 2008

A lição de vida que vem do frio da Islândia

Durante dez anos os islandeses gastaram à tripla forra. Desataram a comprar jipes de luxo, carros potentes, casas de campo...enfim: entretiveram-se a brincar ao bom e melhor usando para tal o crédito aberto pela banca local. Endividaram-se em euros (eles não pertencem à comunidade) e agora chegou a hora da verdade: a banca já não consegue mais empréstimos externos, muitas das aplicações e acções financeiras caíram, o país está à beira da banca rota, para não se dizer que já está.
Enquanto os icebergs derretem na sua fantástica paisagem povoada por duendes e lendas, os islandeses parece que ainda não acordaram para o pesadelo que vai ser as suas realidades nos próximos anos. E nem a matança de baleias, nem a pesca ao tubarão, chegarão para pagar tanto devaneio.
Os empréstimos mais que duplicaram, a banca não tem liquidez, o desemprego que estava quase em 1 por cento passará para uma cifra assustadora. Os trezentos mil islandeses que constituem este paraíso terrestre bem podem pensar em mudar de vida. Vão explorar ainda mais a indústria de exportação de alumínio e a pesca será de novo uma esperança para a sobrevivência.
Esta semana os islandeses continuavam a passear os seus belos carros, a consumirem nas lojas chiques da baixa de Reykjavik , as mulheres passeavam os filhos nos elegantes carrinhos de bebé como se tudo continuasse na melhor das vidas.
Mas os alarmes concretos começaram a disparar: reuniões de urgência feitas por patrões avisando da iminente falta de liquidez para pagar salários, psiquiatras com mais doentes, anúncios desesperados nos jornais de proprietários que pagavam a quem quisesse ficar com o belo Range Rover e...não havia quem quisesse negócios a pagar em euros numa moeda que vale cada vez menos.
Este exemplo de novo-riquismo e abastança sem controle, baseado na conjuntura financeira e não na económia real, pode ser uma séria lição para os portuguesinhos que gostam de passear pelos Colombos e vão de férias pagas aos bochechos para o Brasil...e já agora para os gestores da geração Cavaco que transformaram empresas rentáveis em casinos onde o futuro treme a cada descida na bolsa.

Veja aqui na Meditação na Pastelaria o video que explica a crise para Totós perceberem.

3 comentários:

  1. Não é porque faça alguma das coisas mas:

    passear no Colombo não é exactamente o mesmo que ir às compras ao Colombo;

    ir de férias pagas em prestações ao Brasil sai quase de certeza mais barato do que ir de férias ao Algarve.

    Acredito que o comum dos portugueses que, há 10, 20 anos, se sentia a fazer parte da classe média já se apercebeu e sentiu bem na pele o que é não ter dinheiro para qualquer extra. Só um autista não o sente. O que prevê como o nosso futuro já é passado em Portugal. Ou ainda é dos que passaram incólumes a ter um familiar ou conhecido em regime de trabalho precário?

    O pior cego é o que não quer ver.

    http://precariosinflexiveis.blogspot.com/

    Desça à vida e à realidade nacional.

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  2. Dizem-me que os agentes de viagens atestam que quanto maior a crise, maior a vontade de alieanação. Ou seja, a crise aumenta as viagens pagas aos bochechos para o brasil (ou qualquer outro desses destinos "vá para dentro lá fora") e corta é nos quotidianos. É assim que acontece. Dizem-me.

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  3. luís, a explicação da crise está aqui:
    http://wwwmeditacaonapastelaria.blogspot.com/2008/10/crise-do-subprime-explicada-s-crianas.html#links

    eu, pelo menos, finalmente, percebi a mecânica da coisa. porque embora odiando o Colombo e nunca lá indo, me parece demasiado fácil acusar as pessoas que lá vão... da crise...

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