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sexta-feira, setembro 05, 2008

Afinal o fotojornalismo está na moda

Sipagliou hoje à noite na sessão de projecção de fotoreportagens. (foto LC)
O que leva empresas de informação como o Paris-Match, Time, Elle, ou marcas como Apple, Canon ou Citroen a apoiarem um festival de fotojornalismo como o Visa Pour L`Image ? Estarão fora de moda, deram em perdulários ou têm administrações que gostam de fotografia nas horas vagas ?
E aqueles 4 mil espectadores de todas as idades, muitos jovens, vão todas as noites para um anfiteatro ao ar livre para verem apresentações multimédia de fotoreportagens porquê? Não têm mais nada que fazer, não há telenovelas em França, ou descobriram que ver fotografias num écran gigante é melhor do que ir ao cinema?
A verdade é que enquanto em Portugal parece estar a pegar uma estranha moda na imprensa de que a fotografia de reportagem já não interessa e que a infografia vai salvar a imprensa escrita ou de que a bonecada vende mais, por aqui os grandes jornais (como o Le Monde!) apostam muito na fotografia para contarem histórias de vida, testemunhos de uma época, olhares indiscretos e outros discretos, sobre uma sociedade em ebulição. Nós no nosso cantinho sem rasgo nem ambição preferimos o modismo em tudo. Estamos sempre à frente mas com uma retaguarda desguarnecida, escancarada aos ventos do oportunismo e da incompetência.
O volume de negócios feitos aqui neste festival de fotojornalismo, onde há uma espécie de FIL para a representação de agências grandes e pequenas, fazem-se contratos e vendem-se fotografias, reportagens e histórias.
O jornalismo é um negócio e o fotojornalismo tem um valor acrescentado enorme: qualquer director de jornal ou revista sabe que só chegará ao público se puder apresentar fotografias que possam contaminar com curiosidade e surpresa gráfica os leitores.
Mas se o fotojornalismo é um negócio também é cultura. E antes de ser negócio é na verdade uma cultura com História,mestres, escolas e referências. O património da Humanidade seria bem mais pobre sem esses testemunhos feitos ao longo dos últimos 150 anos.
Hoje ao cumprimentar Sipagliou o meu antigo "patrão" que fez SIPA e que hoje aos 83 anos entrou numa merecida reforma não pude deixar de me emocionar. Este homem chegou a Paris nos anos sessenta, fotografou o Maio de 68 (tem aqui uma excelente exposição sobre o tema), fez uma agência de renome, promoveu fotógrafos e manteve sempre uma humildade exemplar. Aos 25 anos telefonei para a SIPA e ele passadas horas recebeu-me e quando viu o meu portfolio sobre uma reunião da Internacional Socialista em Lisboa onde estavam o Comandante Zero, o Willy Brandt, o Gonzalez e muitos outros, decidiu convidar-me para ser correspondente da sua SIPA em Lisboa, onde o fui durante os anos de brasa da revolução. Tinha-lhe de lhe falar hoje. Tenho por ele uma eterna gratidão.

6 comentários:

  1. Agora que constatou da nossa pequenez e da nossa implosão em relação ao fotojornalismo, analise o tema da Lili Caneças que lhe deram para fazer, o que se publica por cá, nomeadamente no orgão de comunicação social em que trabalha e faça a si mesmo a pergunta: vale a pena contribuir para este estado de coisas? vale a pena lutar para o alterar? vale a pena investir em trabalhos com valor que são depois desvalorizados por uma imprensa que apenas quer retratos e biografias?
    Dá que pensar...ou vai manter mais uma das sua contradições ideológicas?

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  2. Com centenas de Blogs na net, faz sentido metade dos comentários serem de repudio a alguem que aqui expõe seriamente as suas ideias e a sua vida profissional????
    Eu sou leitora de 3 blogs, porque me revejo na posição assumida pelos seus autores. Porque não o fazem também estes desocupados que não têm opinião, gostam simplesmente de criticar e de estar no contra. Em que raio de democracia vivemos, ou melhor, em que estes senhores vivem????

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  3. "Mas se o fotojornalismo é um negócio também é cultura. E antes de ser negócio é na verdade uma cultura com História,mestres, escolas e referências."

    É aqui que reside a diferença para o nosso país. ;-)

    Paulo Sousa

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  4. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  5. Pois, os "mestres"!... d'orquestra com a batuta torta, na sua maioria! Gostava de ter imigrado a tempo.

    Modéstia, neste jardinzinho à beira-mar calcinado, em termos editoriais? Que eu tenha conhecido houve dois.
    Cá p'la terrinha (deve ser da "litoralidade") são mais do tipo: é "p'rafundar"!

    Mas é óbvio que fotojornalismo é também cultura, como também é óbvio que Portugal nunca foi muito dado a questões culturais, se é que me faço entender.

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  6. mariam:
    Vivemos na era em que se visitam os blogues que se quer e se discorda ou argumenta se for preciso. Acho que isto é Democracia. Para si não?

    Também tenho pena que com milhares de milhões na net você só consulte 3.

    Veja a coisa assim: quem escreve o que quer pode ou não ler o que não quer, sobretudo se tiver os comentários activos e deixar que anónimos comentem.

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