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quinta-feira, maio 01, 2008

O regresso do 1º de Maio

Há 34 anos no meio de uma multidão de cerca de um milhão de pessoas a minha maior dificuldade era saber onde me colocar para poder testemunhar aquela bebedeira colectiva de alegria e liberdade. Ainda muito verde como fotógrafo já sabia o que queria mostrar com as minhas imagens. A Nikon F tinha apenas uma 50 milímetros e uma 450 Soligor de pequena abertura e fraco contraste. Consegui subir até junto da tribuna onde estavam Cunhal e Soares. A meu lado uma fotógrafa italiana fotografava imenso. Lembro-me vestir um blaser creme inglês aos quadrados ( chiquérrimo para a ocasião!). Perto de mim, descobri mais tarde em fotografias, estavam o Adelino Gomes e o António Valdemar e o Gageiro. Era difícil apanhar ao mesmo tempo o Cunhal e o Soares com a objectiva normal. Eu estava muito de lado e o espaço era pequeno.
Não tenho nenhuma dessas fotografias digitalizadas portanto não as vou aqui mostrar hoje. O que queria era apenas homenagear a data que foi perdendo autenticidade ao longo dos anos. Aliás em 75 perdeu logo toda a unidade o dia, quando a CGTP impediu a entrada no estádio do Inatel a Soares e Alegre. Desde então é mais uma jornada como qualquer outra sindical.
O 1º de Maio perdeu força, mas com o advento de dias difíceis ninguém sabe se as velhas jornadas de luta não voltarão a estar na moda, com carácter de urgência. Como acontece nas revoluções.

2 comentários:

  1. é pena que neste dia, não seja dada a visibilidade que merecem, as péssimas condições de segurança no trabalho, dos trabalhadores portugueses.

    Raro é o dia em que não morre um trabalhador na construção civil, ou não se verificam acidentes de trabalho, que comprometem o futuro da vida dos trabalhadores e concomitantemente das suas famílias.

    As condições de trabalho de muitos trabalhadores da Função Pública são uma verdadeira "câmara de horrores".

    Há muito trabalho ilegal, e ainda há crianças a trabalhar em Portugal.....

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  2. Quem esteve como eu na manifestação, pôde ver o desalento e a tristeza das pessoas. Havia de tudo, desde os sindicalistas da PSP, o Pingo-Doce (ordenados de miséria), os trabalhadores da Charles (ordenados em atraso), etc, etc...

    O palhaço do Sócrates continua a dizer que está tudo bem. O PCP apresenta uma moção de censura por causa da precaridade liberal e a besta do sócrates tem a lata de dizer que as medidas que estão a ser tomadas são para combater a precaridade!

    Não há quem nos livre deste mentiroso vendido ao neoliberalismo? Onde andam os militares a sério? Ninguém vê que estes palhaços andam a mijar nos cravos vermelhos?

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