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quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Pacheco Pereira: o Estado já sabe de mais

O professor universitário e comentador político Pacheco Pereira acusou esta quarta-feira o Estado e sobretudo o Ministério das Finanças de «saberem de mais» acerca dos cidadãos, noticia a Lusa.

«O Estado não tem o direito de saber a maioria das coisas que já sabe sobre mim», afirmou o antigo eurodeputado durante um seminário sobre novas tecnologias e governação electrónica, realizado hoje em Amarante.
Para Pacheco Pereira, «as Finanças, em Portugal, foram já muito mais longe do que seria aceitável», ainda que em nome da eficiência da cobrança fiscal. O comentador político e confesso adepto da tecnologia digital - é autor do Abrupto, um dos blogues mais antigos e com mais visitas em Portugal - também alertou para os perigos da Internet, se for usada incorrectamente e, sobretudo, para «a grande erosão que as novas tecnologias podem causar à democracia».

«Todos sabem que sou um grande consumidor mas é muito perigoso o deslumbramento com as novas tecnologias, sobretudo entre os jovens», afirmou. «Os jovens arrependem-se, quando são adultos, do que escreveram na Internet quando tinham 14 anos e isso fica para sempre na rede», lembrou Pacheco Pereira, ao referir-se à utilização das redes sociais muito populares entre os mais novos, como é o caso do Hi5, onde os jovens colocam quase tudo, desde coisas banais até às questões mais íntimas.

«Wikipédia não é rigorosa»

Para acautelar esse risco, o comentador - foi um dos três primeiros deputados da Assembleia da República a ter uma conta de e-mail (correio electrónico) - atribui às escolas e às universidades o papel de preparar os cidadãos para lidar com os meios digitais. «As novas tecnologias exigem literacia para serem correctamente usadas», frisou Pacheco Pereira, defendendo que os cidadãos e sobretudo os estudantes, quando fazem consultas na Internet, devem saber distinguir o que é verdadeiro do que é falso.

«No caso da Wikipédia portuguesa, nove décimos do que lá está escrito não é rigoroso. Não digo que seja falso mas não é rigoroso», concluiu.


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