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sábado, fevereiro 02, 2008

Augusto Cabrita: o mestre partiu há 15 anos

Augusto Cabrita com Luiz Carvalho, nos anos 80, na Rua da Escola Politécnica. Foto de António Homem Cardoso com a Leica M4 de LC.

Lembraram-me que faz hoje 15 anos que o mestre Augusto Cabrita nos deixou. Desconfio que foi um comentário do meu querido amigo António Homem Cardoso. Obrigado por me lembrares.

Já o tenho dito e escrito: Tinha 22 anos, tinha acabado de fazer a minha primeira exposição numa galeria. O Augusto Cabrita foi lá ver as fotos. No final abraçou-me deu-me uma força doida para continuar. Desviou-me para a Cervejaria Trindade e ficámos para sempre amigos. O Augusto é uma referência incontornável da fotografia e da televisão, do cinema, em Portugal. Mas para além de tudo isto, que é muito, era um homem indescritível. Adorava viver e a fotografia, como o seu cinema, eram bons porque eram feitos por alguém que fazia do acto de ver uma devoção, um modo de vida. No documentário que fiz sobre ele em 1983, o António Homem Cardoso dizia-me : " é o melhor de todos nós. Nunca pensou em dinheiro, por isso é o mais pobre também". Fernando Lopes comparava-o ao Cartier-Bresson e António Pedro de Vasconcelos gabava-lhe a intuição, " é como um batedor da selva em quem nós podemos confiar inteiramente".

Não há muito a dizer a não ser que a sua obra merecia ser mais divulgada, estar mais bem acondicionada e os seus filmes, centenas de curtas-metragens que fez para a RTP, deviam ser repescadas e editadas em DVD. Quem vai fazer isto ?

5 comentários:

  1. Cabrita foi fotógrafo do rio mais bonito do mundo: o Tejo

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  2. � pergunta : "qu�m vai fazer isso?" existe a resposta obvia ~: Qu�m receber muito dinheiro por isso!

    Acho que n�o tou a dar novidade nenhuma!

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  3. Obrigada Luiz por esta memória acordada em nós.Fui uma priveligiada por aprender os Sonhos do Tio Agusto Cabrita..sentava-se no piano e com dedos Mestre percorria o teclado ao som de Glenn Miller fazendo-nos acreditar que do outro lado do Tejo era Manhathan..percorria uma folha de papel deixando-nos testemunhos inolvidaveis,percorria os botões da sua Pentax 6X7 para nos fazer sentir mais humanos....Melhores
    Obrigada meu Querido Tio Augusto

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  4. AC era um homem bom.
    Muito distraído.
    Esquecia-se de tudo.
    Insuportável quando acordava mal disposto.

    culto, com um elevadíssimo, íssimo, íssimo ... sentido estético.

    adorava tocar piano e beber copos.

    estava-se nas tintas para o status quo.

    fazia o que lhe dava na real gana.

    foi uma das coisas boas da minha vida, ter partilhado um pouco da sua vida familiar e ter percorrido o laboratório e a câmara escura no seu estúdio.

    foi com ele que aprendi a gostar de fotografia a preto e branco.

    raramente o vi de carro, andava sempre a pé, e com a sua máquina.

    Augusto Cabrita, sendo muito português, tinha muito do estilo de vida de New York. Acreditem !

    Uma pessoa bonita. Que amava a vida e as pessoas com a sua máquina fotográfica.
    Sim, e o Tejo foi a sua paixão.

    Já cá não está.
    Mas ficou em nós, barreirenses, o orgulho de Augusto Cabrita nos pertencer.

    Obrigada LC pela sua homenagem a Augusto Cabrita.

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  5. É verdade, Augusto cabrita era um grande fotógrafo e acima de tudo um grande homem. Com este olho para a fotografia só o poderia ser. Acima de tudo era um homem a quem o dinheiro não pagava o prazer de fotografar de ensinar e acima de tudo de dar a conhecer o seu valiosissimo contributo para a fotografia em portugal (as suas fotografias).
    tambem é pena que agora nos tempos que correm e sem ele cá se dificulte tanto o mostrar do seu trabalho ao ponto de custar uma pipa de massa e de birras para se poder trazer uma exposição com o seu trabalho a uns sitios que não sejam da "fina-flôr"
    Ele não era assim, respeitem o homem.

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