Páginas

domingo, fevereiro 17, 2008

Américo Tomás regressa ao Túnel do Rossio


Uma multidão de velhos reformados atropela-se numa escada rolante, parecendo uma versão da escadaria do Couraçado Pontenkin ao contrário. Para quê ? Para viajar de bórla no comboio para Sintra e poder ver a Estação do Rossio branqueada e o novo túnel todo iluminado parecendo ter um chão alcatifado. Os pobres portugueses, e os portugueses pobres, pelam-se por uma bórla, uma inauguração, um dia nas corridas ao corta-fitas.

Sócrates que herdou e praticou esta cultura das obras feitas, desde os tempos do assina-assassina projectos, estava radiante. Mandou abrir o salão do baile, pediu uma locomotiva Alfa que no último minuto dispensou pela barracada que estava a dar, e fez de uma data comprometedora uma vitória.

A obra de reparação do Túnel do Rossio demorou demasiado tempo. Não cumpriu prazos de acabamento, derrapou uns milhões acima do orçamentado, deixou o centro de Lisboa ainda mais inútil, fez transtorno diáriamente a milhares de utentes. Mas que fez o primeiro-ministro e seus ajudantes, agora que a Santa Engrácia 2 ficou pronta ? Uma festa de areia para os olhos. Devia ter dito: desculpem o atraso, o incómodo, o que isto custou do dinheiro dos vossos impostos. Somos incompetentes mas andamos a tratar-nos ! Não. Em vez de meia-culpa, Sócrates prefere show-off.
E nem falemos do projecto que não contemplou novas escapatórias para em caso de acidente a malta não morrer esturricada. Os engenheiros da REFER dizem que é seguro mas não explicaram como podem os passageiros fugir, e para onde, em caso de acidente.
A frieza daquele a quem no PS já chamam de " direita desalmada" ficou de novo demonstrada. Sócrates fica feliz quando o desemprego desce de 8,4 para 7,9 com a mesma insensibilidade social com que fechou maternidades, urgências, escolas ou a Caixa dos Jornalistas.

O " direita desalmado" teve à tarde uma manifestação de professores à porta do PS, convocada por SMS. Os professores recusam ser classificados pelas notas altas que dão aos alunos. O cábula acha-se ofendido e diz que nada o demoverá a recuar. Só lhe resta anunciar que as notas passarão a ser dadas aos domingos depois da missa.

O ridículo desta política de propaganda é que não conseguimos imaginar Zapatero a inaugurar um tínel em Madrid assim como nunca se viu Blair a cortar a fita e inaugurar uma obra do metro de Londres.

É esta miséria, esta medíocridade política, que não nos tira da cepa torta

1 comentário:

  1. “Somos incompetentes mas andamos a tratar-nos!” O primeiro passo era o reconhecimento, mas ego gordo do “Pato Bravo” não vai por aí.

    “O cábula acha-se ofendido”. Mas sem razão. Juro que não ouvi ninguém chamar-lhe engenheiro, nem sequer honesto. E ao vê-lo irritado, só me apetecia citar a Sr.ª Ministra da educação – “Sem stresses, com conforto”, pá.

    ResponderEliminar