Páginas

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Uma ponte para a outra margem


Terceira ponte sobre o Tejo
Para viaturas automóveis, TGV e comboio normal

Com o aeroporto em Alcochete, vai ser criada uma terceira ponte sobre o Tejo, na região de Lisboa. O LNEC sugeriu a ligação entre Chelas e Barreiro. O Governo aceitou. A nova passagem poderá aliviar o tráfego intenso das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama.
SIC – Jornal da Noite 11JAN2008


Foi desta forma que a SIC anunciava aquilo que desde a tarde de 11JAN2008 o país comentava e em particular deixava com um brilhozinho nos olhos, praticamente, a generalidade dos barreirenses.

Não faltaram as entrevistas de responsáveis públicos aos jornais locais anunciando a boa-nova como a salvação do concelho, como se todos os problemas tivessem acabado a partir do momento em que José Sócrates fez o anúncio da terceira Travessia do Tejo (TTT).

A nova ponte deverá ter dois tabuleiros inferiores ferroviários, para tráfego convencional e de alta velocidade e um tabuleiro superior rodoviário. Com uma extensão de 7,3 quilómetros, a nova infra-estrutura deverá custar cerca de 1700 milhões de euros. (In www.transportesemrevista.com )



Parece-me, no entanto, que se não tivermos cuidado e nos deixarmos levar por euforias enganadoras poderemos correr o rico de desaproveitar a oportunidade que, todos desejamos, possa revitalizar o Barreiro, não propriamente como gostarão de fazer alguns construtores civis, mas como local de emprego e de novas oportunidades.

Esta é a altura de pedir ao Presidente Carlos Humberto que não se esqueça de que respondeu ao seu, então, homólogo de Lisboa quando este se manifestou avesso à construção da Ponte Chelas-Barreiro, que “não precisamos de uma ponte para ir para Lisboa mas sim para a margem norte vir para a margem sul!”

Para isto, Sr. Presidente é necessário que o Barreiro tenha algo a oferecer a Lisboa, não basta habitações baratas, porque essas, embora garantam uma excelente recolha de IMI não geram emprego, não servem para alimentar o nosso comércio, nem fixam os nossos filhos na cidade que os viu crescer.

As grandes cidades não se medem pelo número de habitantes, mas antes pela capacidade que têm de atrair e fixar gente no seu território de influência, a tal sustentabilidade de que tantos políticos falam mas que tão poucos sabem construir.

Para este concelho onde os terrenos estão quase esgotados para construção, projecta-se um conjunto de pontes, túneis e viadutos que irão transformar por completo a topografia da cidade. O centro e a periferia da cidade do Barreiro e da freguesia do Lavradio, como actualmente os conhecemos irão transfigurar-se com a chegada da Alta Velocidade Ferroviária (AVF), com a ligação da IC21 à nova ponte sobre o tejo, com a travessia do Rio Coina para estabelecer a ligação ao Seixal, com a criação de novo acesso para a Moita, as oficinas de manutenção das composições de AVF, a criação da praça de portagem da TTT e a construção da nova estação ferroviária, ocupando os terrenos da várzea e da escola Álvaro Velho.

Não obstante toda esta transformação que obrigará à demolição de alguns edifícios no Lavradio e da própria Escola Álvaro Velho (e vamos ver se ficará por aqui …!?), também a Quimiparque será cortada ao meio, enclausurando num cantinho as cerca de 300 empresas que aí exercem a sua actividade.

Esfregam as mãos de contentes, por certo, os construtores civis que vislumbram a oportunidade de construir mais algumas Quintas dos Fidalguinhos e respiram já outros de alívio, ao verem a luz ao fim do túnel para os investimentos que fizeram em edifícios e terrenos, no Barreiro Velho.

Nesta nova metrópole onde se cruzam os interesses do Estado e de particulares, desde o Parque Logístico do Poceirão, até ao empreendimento turístico de Tróia, passando pela fábrica de papel da Portucel, na Mitrena, é também possível encontrar os interesses imobiliários daqueles que esperam especular com os territórios da Quimiparque e da antiga Siderurgia.

Saberá a CMB resistir a esta tentação de recolher milhões de contos (na moeda antiga) em taxas de infra-estruturas e de construção? Estará a CMB interessada em resistir a esta tentação?

Quando se assiste ao estabelecimento de acordos, aparentemente pouco claros, entre a autarquia e construtores, como a recente aprovação de um loteamento industrial para os limites da Mata da Machada ou a execução, como contrapartida, dos arranjos exteriores da Piscina do Lavradio para permitir a construção de mais um mega mercado no local onde já existem mais dois, não podemos deixar de ficar intranquilos.

A nova ponte Chelas-Barreiro pode ser uma excelente oportunidade para transformar a cidade, de acordo com o modelo territorial previsto no PEDEPES - Plano de modelo territorial Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal, onde o Barreiro assume o nível 1 na hierarquia, e onde a Quimiparque aparece como pólo de reconversão e expansão industrial, e Coina como área logística.
Modelo Territorial – Fonte: PEDEPES –
Ass. Municípios do Distrito de Setúbal (2001)



A Quimiparque, com os seus dois portos de carga e descarga a granel, um para produtos sólidos e outro para produtos líquidos, 25 quilómetros de arruamentos dimensionados para a movimentação de veículos pesados, 20 quilómetros de via-férrea, ligada à rede nacional de caminho de ferro, diversos serviços próprios como é o caso das bem estruturadas redes de água para abastecimento e para combate a incêndios, infantários, serviços médicos, uma estação de distribuição dos CTT, corpo privativo de bombeiros, um centro comercial, restaurantes e uma agência bancária, para além de um cinema euipado mas inactivo, reúne características únicas, para ser o pólo de atracção que o Barreiro necessita para gerar a sustentabilidade de que precisa.

E que tal se pensássemos nisto, até porque a TTT ainda não está garantida …?

Blogue Barreiro xxi

2 comentários:

  1. O Barreiro é fruto de politicas de outros tempos.Agora está o caos e inviavel!
    A ponte resolve?
    eu acho que não.

    Toda a gente sabe que os aglomerados para respirarem tem que estar ligados.Faz mais sentido fazer uma circular a ligar todos os aglomerados da margem sul eficazmente , sem ter que dar voltas enormes como a situação actual, do que uma ponte nova.
    1-Primeiro o estado devia de retirar a sucata que está por ali espalhada que é da sua responsabilidade.
    2-Os terrenos baldios e devolutos deveriam ser afectados a algo que se integrasse na cidade. Acho que estaleiros e fabricas desmanteladas não são boa vizinhança.
    3-A margem do rio limpa!
    4-Faz mais sentido uma ponte da trafaria-algés do que esta que querem fazer pelo meio! Eu sei que querem aproveitar a linha do comboio mas isso não faz sentido quando se trata de mega empreendimentos.
    5. Melhorar a ligação fluvial-melhorar a organização dessa empresa a transtejo!

    há muito que fazer, antes de construir!
    limpar e arrumar também são tarefas importantes, não dão é tantas comissões daquelas gordas!
    Depois lá vem o nosso presidente a queixarse que os administradores das empresas ganham muito!Assim... vai lá vai!
    Mostrem lá o vencimento do Ferreira Amaral ao presidente, para saber a sua opinião!

    ResponderEliminar
  2. mas esta malta que tirou cursos nas universidades e no ténico portugueses percebem alguma coisa senão tratar da vidinha nos expedientes burocráticos ???

    são todos pós-salazarentos

    ResponderEliminar