O estudo da CIP sobre o novo aeroporto de Lisboa está muito longe de ter informação que permita fazer a comparação da Ota com Alcochete, da mesma forma que foi feita com Rio Frio.
Sobre a Ota, existe o estudo comparativo - entre a Ota e Rio Frio - que foi feito em 1997/1998 e que tem informação suficiente para se lançar o concurso. Sobre Alcochete, temos o estudo da CIP, com informação que justifica aprofundar o assunto, é certo, mas está muito longe de ter informação suficiente para se fazer uma comparação como a de 1998.
É surpreendente que na conversão de uma zona que é um campo de tiro há mais de 100 anos, não haja uma palavra sobre descontaminações dos terrenos. O estudo da CIP refere que o terreno disponível é plano, mas não menciona que tipo de trabalho e que custos são necessários para a regularização hidráulica ( ver a figura que apresentamos, relativamente à OTA, onde se sabe clara e detalhadamente o que se vai fazer no domínio da regularização hidráulica ).
Arriscamos afirmar que estamos muito longe de ter informação que permita comparar as duas localizações.
Mas há mais, o documento da CIP tem um âmbito mais reduzido que o estudo que em 1999 culminou com a opção pela Ota, uma vez que não analisa a casualidade sísmica, a qualidade do ar, a hidrologia e a qualidade da água, a ecologia, entre outras componentes.
O que é não é pouco …
A opção por Alcochete ( Canha ) tem fragilidades quase insanáveis ao nível ambiental e que são semelhantes àquelas que determinaram a exclusão de Rio Frio. Essa é que é essa.
A sensibilidade ecológica da zona é a mesma de Rio Frio, não se percebendo os motivos da enorme irresponsabilidade de trocar um património valiosíssimo por uns movimentos/movimentações de terras.
Continuamos a entender que o Aeroporto em Alcochete é pior para o desenvolvimento do país. Vamos dar exemplos.
O acesso ferroviário ao Aeroporto será muito mais difícil ( acessibilidades ). Esta constatação é um dos principais inconvenientes de uma eventual opção pela localização do N.A.L. na zona do Campo de Tiro de Alcochete.
Sabemos que a Ota foi a opção consagrada no PNPOT - Programa Nacional de Política de Ordenamento do Território - para o Novo Aeroporto por ter sido fornecida como um dado adquirido, decorrente da escolha de João Cravinho, quando era ministro do Planeamento de António Guterres.
A verdade é que não podemos, honestamente, omitir este facto.
As objecções técnicas à localização na Ota, como a de não se poder tirar pleno partido das duas pistas devido à orografia, não foram apreciadas na altura. Mas também é verdade que muitos aeroportos por todo o mundo têm problemas de orografia e que o problema das cheias são também resolúveis sem grande dificuldade ( o exemplo de Barcelona, cujo aeroporto está sobre o pequeno delta de um rio de 170 quilómetros que nasce nos Pirenéus e é da ordem de grandeza do Cávado ).
Por outro lado, a localização na Ota serve muito bem a Área Metropolitana de Lisboa, muito melhor do que Alcochete ( mais exactamente, Canha, no extremo leste do Campo de Tiro, já nos concelhos de Benavente e Montijo ), e serve de grande alavanca para as áreas que têm maior potencial de crescimento no País, que são as áreas do Oeste, Centro Litoral e Lezíria e Médio Tejo.
O crescimento desta área é importante para reforçar a competitividade das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
A ideia é ajudar as cidades médias do centro do País a funcionar como uma área metropolitana polinucleada, considerando que Leiria, Coimbra ou Aveiro têm cerca de 250 mil habitantes estando as pessoas a menos de 15 minutos destes centros.
Com um PIB em cerca de 70 por cento da média da UE, facilmente podem ir para os 80 por cento a 90 por cento.
Na localização agora proposta pelo estudo promovido pela C.I.P. há ainda que considerar a desvantagem do maior número de Km’s por carro que terão de ser percorridos por muitos utilizadores e ainda a quase inacessibilidade ferroviária.
Quanto a este último aspecto, ou o TGV Porto -Lisboa vai primeiro a Canha e só depois entra em Lisboa, ou então quem vier do Centro tem de ir primeiro a Lisboa e depois noutro comboio até Canha.
Simplesmente hilariante e quase surrealista !!!
Outro aspecto que se considera importante, se a hipótese de Canha avançar, é que esta freguesia do Montijo ( mas que não tem contiguidade territorial com este Concelho ) saia da Área Metropolitana e, devido às suas históricas relações funcionais com Vendas Novas, integre este Concelho e a região do Alentejo, passando a ter assim acesso a mais fundos comunitários.
Já alguém tinha pensado nisto ?
Uma nota de pormenor, mas também importante: há um erro no que respeita à distância entre a Ota e a Gare do Oriente (em Lisboa) em linha recta: na página 19 do estudo da CIP estão 45 Km’s , mas são 36 Km’s.
Outro aspecto de pormenor que levanta dúvidas: os 650 mil habitantes da região de Badajoz (a quase uma hora de distância por TGV) não estão a entrar neste estudo com um peso maior do que o do conjunto do Oeste-Lezíria-Coimbra. Aliás, alguns dos mapas apresentados mostram uma maior influência do Aeroporto em Alcochete do que na Ota sobre toda a província da Extremadura espanhola !
Bom, será melhor ficarmos por aqui, embora existissem outros aspectos do estudo da C.I.P. que justificariam, também, uma analise. Contudo entendemos que o essencial está dito.
Agora é comparar as nossas opiniões e justificações com as conclusões do LNEC e com a decisão do Governo ....
citando: www.aparagem18.blogspot.com
Caro senhor,
ResponderEliminarSeria de elementar boa educação e prática de ética pessoal da sua parte, apanágios da nossa democracia e cidadania, que,no minimo,referisse a fonte deste "seu" artigo/Post.
Não acha ?
Boa noite,
Zé do Barreiro.
Caro Zé do Barreiro, a responsabilidade não é do Caro Luiz Carvalho, mas sim minha, não referi a fonte porque não saberia se o bloguer gostaria que o fizesse.
ResponderEliminarDivulguei a sua opinião por me parecer muito interessante.
Aqui fica o reparo e o meu pedido de desculpas ao Zé do Barreiro.
Opinião retirada do seguinte blog:
http://www.aparagem18.blogspot.com/
Defendia LISBOA + MONTIJO mas não vou insistir mais porque a solução agora apresentada será a adequada para a desactivação de Lisboa, que se pretende.
ResponderEliminarMas sobre as travessias por força do aeroporto de Alcochete, continuo a insistir na travessia ferroviária (TGV e outros) entre Montijo e Chelas (que seria só ferroviária) e na rodoviária entre a Trafaria e Algés (fechando a CRIL que "morre" subitamente em Algés).
O trânsito do novo aeroporto far-se-ia assim, sobretudo pela ponte já existente do Montijo. Parte do seu actual trânsito passaria a utilizar a ponte 25 de Abril ou o novo comboio (Montijo-Chelas).
Com a deslocação de parte do trânsito da ponte 25 de Abril para a Trafaria, a ponte 25 de Abril ficaria disponível para receber o trânsito que seria deslocado do Montijo. Falta quantificar, mas não deve ser muito caro...
A travessia (ponte ou túnel) terá um dia que ser feita porque a CRIL termina de forma abrupta em Algés.
A escolha de Alcochete ou da Ota não é relevante, ambas resultam na grande asneira que é desactivar a Portela e essa estava decidida à muito tempo.
ResponderEliminarEu fui a bruxelas hà pouco ataves do aeroporto charleroi onde o aviao encosta à gare como um autocarro. o edificio é contruido em estruturas leves , tipo prefabricado. O movimento é pequeno e em 10 minutos estas na rua ao fesco.Pergunto eu:
ResponderEliminarOs paises com mais dinheiro fazem aeroportos pequenos com complementariedade de meios e nós uns tesos e atrasados , fazemos grandes e desligados do resto porquê?
Alguém me sabe explicar?