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terça-feira, janeiro 15, 2008

Aeroporto: o betão volta ao local do crime

Depois de ter ouvido ontem na RTP, nessa instituição do regime chamado Prós e Contras, com a Fátima Campos Ferreira excitada com a decisão do governo com Alcochete, com a oposição pela voz de Zita Seabra a patinar e a entrar em caricatas contradições, depois de perceber o forte lobby da Zona Centro representado por um socialista desiludido, depois de ouvir os técnicos do LNEC, fiquei ainda mais ciente que a opção pelo novo modelo de aeroporto foi tomada de ânimo leve. E com a rede do " parecer técnico". Se os técnicos dizem que ali é bom é porque é. Assim Sócrates tem sempre a salvação dos engenheiros ( a sério, claro!).

Repare-se: durante 10 anos pagámos 100 milhões de euros para termos um estudo cabal, fundamentado. Era um estudo de engenharia mas também de viabilidade económica. Passámos agora a ter uma decisão assente em critérios técnicos e não políticos. É como se para decidir abrir uma barbearia se ouvisse o parecer de um tosqueador e não dos clientes.

Ora, o que estava em discussão era uma opção política que deveria ter uma sustentabilidade técnica e não o contrário. Depois contínuo a não perceber porque deve Portugal destruir uma estrutura que ainda hoje está a crescer, que tinha ainda Figo Maduro para crescer ( a propósito: para onde vai o aeroporto militar de Figo Maduro ?) para fazer uma outra ao lado que, mesmo sendo com funcionalidades diferentes ( mais mercadoria, mais interfaces de voos internacionais, mais logística para empresas), vai repetir muito do que a Portela faz hoje e bem: receber turistas, viajantes, no centro da cidade a custos muito reduzidos de ligação com a capital.

Pergunto: amanhã vou para Paris. Tenho de estar na Portela às 16 horas. Saio de Paço de Arcos às 15 e pago 20 euros de Táxi. Como seria se tivesse de ir para Alcochete ? Quanto pagava a mais e quanto de mais tempo precisaria ? Qual é a vantagem para mim ?

O regresso à política do betão é um erro crasso. Já estava aprendido que o país não vai crescer com TGV, aeroporto e mais pontes. Vão ser investimentos que vão ser transformados em despesa e isso é o que menos precisamos.

Que eu saiba a Irlanda não fez aeroportos faraónicos, auto-estradas e TGV. Investiu na educação para poder ter uma indústria de ponta, de elite, de qualidade. Nós precisamos de ganhar com o Turismo, serviços, tecnologia ( veja-se o bom exemplo da Via Verde) e de sermos um país organizado, disciplinado, trabalhador. As super infraestruturas vêm depois.
Claro que o betão vai criar empregos, crescimento, mas acabadas as obras o investimento transforma-se em despesa. E lá vamos nós pagar com os nossos impostos os novos estádios do Euro que então Sócrates tão bem promoveu, também justificando a melogamania com o pretexto da modernidade e do progresso.
Era bom que os portugueses soubessem, se lembrassem, que foi Sócrates e Guterres que fizeram os estádios. É pena que o povo tenha memória curta. Por isso "eles" voltam sempre ao local do crime./ Luiz Carvalho

5 comentários:

  1. E com este post ficámos a saber que Vexa vai fotografar o Charles Aznavour. Acertei? As coisas que eu sei....
    Basta juntar dois mais dois.

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  2. Sabe mas que eu...Eu sou mais Leo Ferré, de quem aliás tenho excrlrntrd fotod,slgumsd publicadas em livro. LC

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  3. E a que horas sairía de Paço de Arcos para apanhar o avião na Ota, em aeroporto assente em estudo (estudos?) tão cabalmente fundamentado (e cabalissimamente remunerados)???

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  4. Por mim não fazia aeroporto nenhum. Ponto. Ampliava este revitalizava Beja, reaproveitava melhor tires, sei lá. Eu Não fazia.

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  5. portela tem metro ou via ferrea ? penso que não!

    Vão lá ver qual é o aeroporto de cidade central de qualquer pais europeu onde o seu aeroporto esteja fora da linha de metro e ferrea? esta é fácil!
    Autocarros da carris e os nossos amigos taxistas! Acho que transportes não é p nosso forte!

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