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domingo, setembro 02, 2007

Fotógrafos de olho no futuro


Os franceses ainda se consideram o centro do Mundo e em Perpignan, onde decorre o Festival de fotojornalismo Visa Pour L`Image, não têm dúvidas que aqui é a capital da fotografia de imprensa.
Cheguei há horas a esta pacata cidadezinha do Sul da França, a 170 quilómetros de Barcelona, onde há 19 anos um ex- fotógrafo de imprensa de seu nome JeanFrançois Leroy consegue organizar sem interrupção um encontro de fotógrafos de todo o Mundo, das mais variadas gerações e tendências.

Numa altura em que o fotojornalismo perdeu protagonismo numa imprensa tradicional e confusa quanto ao futuro, é quando mais gente jovem aparece a querer abraçar a profissão. Este ano perto de 4 mil fotógrafos vão estar em Perpignan para verem e darem a ver.

A crise da imprensa, o papel da internet, a influência do jornalismo do cidadão na edição, a privacidade das figuras públicas e do cidadão anónimo apanhados nas malhas da informação visual, uma certa esquisofrenia existencial da imprensa tradicional, a televisão digital e todos os processos técnicos que abrem novas possibliodades de comunicação e linguagem, de tudo um pouco e muito de tudo se irá ver e debater ( os franceses adoram debates).
A revista ELLE está no centro dessas conferências sobre a essência do que deve ser o fotojornalismo e a sua relação com as fontes e com os protagonistas das histórias.

O fotojornalismo português está representado pelas duas jovens agências de fotografia, a 4See e a Kamera Photo com a presença de alguns fotógrafos, que colaboram regularmente com o Expresso, caso do João Carvalho Pina, Jordi Burch, Sandra Rocha, Luis Faustino, Pauliana Pimentel e outros.

Para Jean François Leroy, que esta semana é entrevistado no Actual, o desafio hoje é fazer fotografias que tenham qualidade estética e que possam intervir na sociedade ou que possam apenas intervir. Prefere uma imagem actuante a uma imagem bonita e chega a criticar Sebastião Salgado por fazer arte e negócio com as suas fotografias da miséria humana.

Dirck Halstead é um dos convidados mais esperados. Foi repórter no Vietnam e as suas fotografias testemunham vários períodos da política americana. Foi o único fotógrafo a registar o funeral do mítico Robert capa, outra vez o único a disparar no beijo de Clinton a Lewinsky e dos poucos que usa uma câmera de video digital para completar as suas reportagens fotográficas.

Perpignan promete.

também em www.expresso.pt (Luiz carvalho, enviado do Expresso a Perpignan)

6 comentários:

  1. Atenção às fotografias raios-x
    " tools of destruction " de
    Hady Sy, um libanês de Nova Iorque ( director art´sitico portanto não fotojornalista) um achado no meio de tanta banalidade emproada. Como se os livros de facturas e guias de remessa das empresas valessem um Festival. Miséria de uma profissão onde reina o oportunismo e a ganância
    ( Salgado of course)a estrebuchar...salvo os paparazzi que o ganham ( abençoados) à conta dos ricaços.

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  2. Os Xrays de Hady Sy não foram publicados na imprensa vulgar...pudera põe em em causa a hipocrisia do chamado jornalismo de referência e de todos os outros.
    Ora são imagens que tais que poderiam ter impacto no público...verdadeiro e eficaz pela mensagem subliminar que transmitem. De resto são as fotos que banalizam a miséria e os conflitos fomentados pelo poderosos dos quais a imprensa normaleca é porta-voz.

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  3. Hady Sy não é fotojornalista logo não é pateta.

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  4. aos anónimos,

    sinceramente não percebo tanta energia desperdiçada em procurar diminuir o que não se gosta. se não gosta não se gosta, faça-se disso então arte de interrogação e reflexão e não simples comentários inócuos. sim, adoro os x-rays, como gosto também de quase toda a outra informação visual que por lá se vai ver (eu vou ver). não percebo como se diminui tão facilmente e gratuitamente algo que os "artistas" (e sim, eu por vezes também visto a pele de artista) precisam para matéria prima emocional etc e etc do seu trabalho e vice-versa. é por isso que cada vez mais gosto do que em França se fez: "Territoires de fictions".

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  5. O debate da "qualidade estética" versus "bonito" ainda não foi feito.

    Uma foto "bonita" pode ou não ter qualidade estética?

    E uma foto com "qualidade estética" pode ou não ser bonita?

    É a mesma coisa, o oposto, uma variante uma da outra, uma interpretação pessoal ?

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