quarta-feira, agosto 15, 2007
Quando a Magnum era num vão de escada
Um dos meus livros de cabeceira "Get the Picture" de John G. Morris acompanha-me quase sempre em férias. Trata-se de um livro de memórias daquele que terá sido o mais famoso editor de fotografia desde os anos quarenta. A sua experiência passou desde o New York Times, Washington Post, Ladies Home Journal, Magnum e Life. Que vida ! Ele personifica aquilo que deve ser um verdadeiro editor de fotografia: um incansável em busca das melhores fotografias, um líder de equipa de fotógrafos, um intuitivo que sabe descobrir novos talentos e que sabe gerir o trabalho dos notáveis. Morris foi um jornalista com o sentido certo da utilidade da fotografia de imprensa.
Foi ele que preparou em Londres a missão de Capa no célebre Dia D, que seguiu Eugene Smith no seu ensaio sobre St. Petersburg, estava no dia em que Magnum foi fundada em Nova York. Quase nenhum grande fotojornalista lhe passou ao lado. Viveu os anos difíceis de Magnum, quando os prejuízos eram constantes sendo Robert Capa aquele que conseguia aguentar o deficit até ao dia em que houve um breve sucesso financeiro e ao comemorá-lo numa festa de hotel se gastou mais do que tinha sido afinal o lucro !
A Magnum é um mito que sobreviveu por milagre entre o desinteresse final de um dos fundadores Georges Rodgers, as trágicas mortes de Capa e Seymour e a sorte do trabalho de Cartier-Bresson ter sido reconhecido a tempo. Também o lobby de Life foi decisivo para a sobrevivência da agência. Ed Thomson o editor de Life teve também uma preciosa colaboração com a agência. Só a reportagem sobre a União Soviética de HCB rendeu 50 mil dólares. Muito dinheiro, mesmo naquele tempo.
O que admira é como uma agência nascida num vão de escada, composta por egos fortes que nunca estavam presentes, como uma organização familiar composta por amigos, primos, namoradas e loucos, conseguiu sobreviver e afirmar-se ao longo de 60 anos.
A ideia que hoje domina de que as melhores empresas são as mais elaboradas, burocratizadas e com peso de gestão é um erro. Não sou economista mas parece-me que o sucesso está sempre no talento, na inovação, na novidade, no conseguir servir as necessidades de um determinado público. A Magnum nasceu num período onde havia fome de imagens, sem televisão, era nas revistas que o público via o que esperava do novo mundo saído da guerra. A fotografia era o meio ideal para mostrar essa aventura humana.
Tal como hoje a Internet é esse espaço global onde as culturas alternativas se fazem representar. Para isso não é preciso uma estrutura colossal. O sucesso do Google e do You Tube falam por isto tudo.
O fotojornalismo pode hoje desbravar novos mundos e é aqui na Net que está o caminho.
O lucro já não sei...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
tive a sorte de fazer um workshop de 5 dias com um ex editor da magnum, chris steele perkins. foi aí que descobri porque a magnum se aguenta. muito trabalho e humildade. o homem não parou durante os 5 dias... acudindo a tudo e todos e nunca exibindo a mínima vaidade.
ResponderEliminaroutros há que recebendo em entrevista um fotógrafo à procura de emprego gastam 90% do tempo, não a entrevistar o proponente, mas a falar da sua "obra".
tira o cavalinho da chuva a Net não chegará nunca onde a galáxia de Gutenberg chegou apenas porque é um sucedâneo imperfeito da mesma.
ResponderEliminarSerá o futuro? talvez mas muito diferente da anterior e arrisco mesmo sem as possibilidades de lucro da sua antecessora pelo que não tardará a estar no caixote de lixo das invenções do século XX.
Obrigado Luiz por aconselhar esse livro. Já está na minha wishlist juntamente com uma Pentax K10D!
ResponderEliminarem Portugal nunca houve na imprensa um único editor fotográfico profissional.
ResponderEliminarOu são capatazes contratados para tomar conta (disciplinar e economicamente tb ) dos fotógrafos ou substitutos de redactores que escolhem as fotografias obviamente publicáveis ( as do dia enviadas pelas agências) ou fotógrafos do quadro do jornal ou revista, mais velhos encarregues de vigiarem outros mais novos que porventura se possam impor pela criatividade novidade e talento que esses já não têm. Na Notícias magazine o editor foto ( um fotógrafo falhadão) é por acaso e até só o editor da mulher que também faz uns free lances para a referida publicação. Portanto coisa familiar. Brincamos ou quê.Estamos em Portugal....continuo sem saber porque é que o Mah foi contratado pelos espanhóis e a Guta pelos italianos para grandes voos nas respectivas áreas. Parabéns aos dois. Portugal é só para nós os pequeninos.Com pretensões !!!!
Segundo o Luís «a ideia que hoje domina de que as melhores empresas são as mais elaboradas, burocratizadas e com peso de gestão é um erro. Não sou economista mas parece-me que o sucesso está sempre no talento, na inovação, na novidade, no conseguir servir as necessidades de um determinado público.»
ResponderEliminarNão posso estar mais de acordo, sendo por isso, que a nossa a classe política e dirigente na Administração Pública nunca será simpática com a irreverência e com o talento de algum funcionalismo, que existe, pode crer.
E, no sentido inverso, por isso é que empresas como a Y Dreams têm sucesso e onde os seus funcionários podem usar brinco na orelha, ou noutro sítio qualquer que lhes apetecer, que não temos nada com isso desde que sejam competentes (e, já agora, ainda que não o sejam) e andam de bicicleta e de patins dentro da empresa.
Por isso é que Dalila Rodrigues não viu renovada a comissão de serviço no Museu de Arte Antiga, porque mostrou independência, inovação, talento e capacidade para gerar recursos financeiros com parcerias que, só por si, garantiam a sustentabilidade do museu sem ficar pendurada no orçamento geral do estado.
Por isso é que talentos que trabalham como bolseiros ou pendurados em recibos verdes têm que emigrar para países onde lá têm sucesso, como António Damásio e tantos jovens investigadores desconhecidos do grande público mas respeitados no meio científico.
É por isso me dói a forma tão rasteira como os funcionários públicos têm sido tratados pelo poder político e pela falta de cultura de alguns blogs no alinhamento que têm feito nesta demagogia cínica.
Porque se o funcionário for estimulado, nem sempre o dinheiro é a variável mais importante.
Mas esta mentalidade existe também em empresas privadas, em que os “patrões”, que ainda é a mentalidade dominante de muitos dos nossos empresários, tratam jovens com talento, com cursos superiores e mesmo com cursos tecnológicos do ensino secundário, domesticando-os com salários de balcão e também a recibo verde, pagando, no entanto, os leasings de carros topo de gama com rendas mensais muito superiores aos ordenados que pagam a muitos dos seus funcionários com pesadas cargas de trabalho e altos níveis de responsabilidade.
Ai Dalila Ai Dalila lá vais tu parar a Curadora o Prado ou do Louvre filha...pra quê tanta guerra por causa do Grão Vasco e do Nuno Gonçalves ?
ResponderEliminarViva o Malevitch querida !!!!!
reviravolta extraordinária na preferência do júri do BESPHOTO
ResponderEliminara veterana fotógrafa de casamentos de Linhares da Beira Miquelina do Ó
apresenta um conjunto excepcional de fotografias conceptuais c tratamento de photoshop e verniz cibelles intitulado " Entre as pernas tenho/1 coisa/ que só dou/ao meu januário quando ele pica mais de 100 15x20s aos convidados "
Albano da Silva Pereira disse ao Diário de Coimbra entre dois copos de tinto e 1 sandes de coiratos num restaurante da baixa portuense onde se fora encontrar com a amiga reformada Teresinha Siza " Estou siderado, depois da denúncia do Vieira , do sangue de melgas no quarto da Maddie, e do blogue desse gajo do Expresso, só me faltava esta velha compincha do Robert Frank e do Salgado para me lixar os prognósticos no Malhão ".
Miquelina do Ò já foi no entretanto contactada pela Tate Modern e pelo John Baldessari para expor numa a dois na capital britânica. Mas a anciã disse ao Times de Londres " não posso assumir compromissos antes de matar 43 casamentos de emigrantes, com que já estava comprometida desde que fotografei o casamento dosd pais ainda no tempo do hipossulfito de sódio e ferricianeto de potassa "
Ainda lhe sugeri o nome do Gageiro mas torceram o nariz porque ultimamente o surdo-patetismo está demodé...e só deve regressar lá prá década de 40 ( de 2000 claro) quando se comemorarem as bodas de platina do encerramento definitivo da Assembleia da República. E assim vai o mundo da cultura foto e gráfica
O Damásio? o que disse que o Descartes se tinha enganado, e afinal ele é que anda enganado?
ResponderEliminarA neurobiologia tb passa pelo trato intestinal o recto e o anus dos pretensos sabichões da Lusitânia decadente
Orelhas prá Choça Vieira Berardo e Santos no Tarrafal já !!!!
ResponderEliminarQueremos o Castelo Branco a jogar de cor de rosa a jogar a central e a múmia da mulher a treinadora adjunta do Chalana
Afinal, sempre há quem mande na "Wikipédia"...
ResponderEliminarhttp://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/08/j-se-sabia-que-havia-quem-mandasse-na.html#links
A foto da capa lembra-me um outro livro que achei muito bom: Bang Bang Club de Greg Marinovich. Relata em pormenor (e na 1ª pessoa) o ambiente em que foi tirada essa foto e a tragédia que se seguiu. O livro é forte, mas é uma excelente leitura para quem gosta de fotojornalismo.
ResponderEliminarCumps.
Obrigado Nuno vou tratar esse tema aqui em breve
ResponderEliminarum dos gajos do Bang é o Joao da Silva um tuga de Moçambique emigrado na AdoSul.
ResponderEliminar