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segunda-feira, abril 02, 2007

Prémio Visão, um júri estrangeirado

O Prémio Visão tem uma indiscutível importância no jornalismo português.
Digo
jornalismo e não fotografia. É uma evidência, mas a prática leva-nos por vezes a encontrar na fotografia de imprensa mais arte que informação.

Os prémios são como os passatempos da RTP: falíveis, subjectivos. Polémicos sempre.

Sobre o prémio deste ano:não há fotografo que eu conheça que não se ria da forma como os prémios foram atribuídos. Claro que todos concorreram, não ganharam nada e ainda por cima conhecem o trabalho do Manuel de Almeida.
O Manuel é um bonacheirão, um pândego e tem uma qualidade enorme: é corajoso, voluntarioso e arrisca o pêlo. Em Timor já foi ferido porque escorregou e caiu.

A foto vencedora é um bom shot. Não é uma foto com intenção, enquadramento, técnica, sensibilidade. É uma foto que testemunha. Manuel era o homem certo, na hora certa com uma máquina na mão. Disparou. Ganhou. Óptimo.


Não se percebe porque não há portugueses no júri, como se só os estrangeiros pudessem garantir a qualidade final. E a verdade é que não o têm conseguido fazer. O júri escolhe por vezes banalidades, lugares comuns, deixa-se levar pelo exotismo.
Há trabalhos de colegas, de grande qualidade, que não passaram nem a menções honrosas.


O concurso devia reformular o júri. Devia ter um editor internacional, um fotojornalista estrangeiro e um português convidado, um editor português fora dos jornais, e uma personalidade portuguesa acima das tricas fotográficas. Enfim: devia ter participação nacional mesmo em minoria.

Nem sempre as sumidades acertam e a vitória deste ano foi a prova provada.

( versão revista)


14 comentários:

  1. Este ano (tirando raras e boas excepções como o caso da fotografia da vida quotidiana e as menções honrosas na reportagem) o grande vencedor foi o photoshop. Até houve uma fotografia publicitária a ter prémio na categoria espectáculo. Foi um espectáculo de prémio...

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  2. Não serão apenas os "credenciados" a deixarem de concorrer, Luiz.

    Pândega por pândega, há para aí uns sites onde o pessoal pode pôr as fotos sem levar a coisa a sério. E, como diz o meu homónimo anterior, apesar de todas as "regras" venceu o photoshop.

    Pela primeira vez num prémio que se quer desta envergadura, saí sem a sensação de pequenez fotográfica, riso na boca e nos olhos.

    Também eu não tinha fotos para vencer num concurso a sério, mas, perante os trabalhos premiados, e independentemente dos fotógrafos, não consigo ver este prémio visão (assim mesmo, em minúsculas) como idóneo e, provavelmente, só por acaso não devo ter ganho uma mençãozita honrosa.


    Uma foto e uma fotoreportagem limpíssima (menção honrosa, por sinal) foi o que retive desta exibição de fotógrafos. E que curiosidade tenho de saber com que concorreu o próprio Luiz, o Topê ou o Jordi - meros exemplos.

    Se aqueles são os melhores trabalhos de tantos que devem ter concorrido, algo vai mal, neste reino de bananal.

    Enquanto houver dinheiro haverá concurso. Só não sei se haverão efectivamente fotógrafos.


    Obrigada por ter cedido ao meu pedido.

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  3. Só mais uma coisa: um dia ganhei um prémio - que nem menciono em currículo. Quando comparei a qualidade das minhas fotografias com a de outras expostas, tive uma simples vontade: arrancá-las e vir-me embora. Eram nítidamente uma merda que em nada abonavam a fotografia portuguesa, antes falavam da sua pequenez a um nível europeu.

    Não se trata de invejas entre fotógrafos, mas de ter olhos na cara que comunicam com o cérebro com um mínimo de sensibilidade fotográfica. Tão simples quanto isso.

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  4. concluindo:
    eu gostava muito de ter ganho um prémio!

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  5. Sr arquitecto

    este post é uma «tontísse».


    antónio domingues

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  6. Uma pessoa como o Luís, com responsabilidades num jornal de referência (?) deste país e no ensino da fotografia, devia ter mais cuidado na forma como coloca as postas neste blog.

    É importante saber que a polémica continuada só oferece descrédito a quem a produz assim tão assiduamente.

    É importante saber que a frontalidade não precisa de raiar a arrogância e falta de educação para ter força.

    Se por vezes concordo com o conteúdo, raramente concordo com a forma neste blog.

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  7. caro luiz carvalho. o problema destes concursos está no anonimato...
    :)

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  8. É por achar que tudo são "tontisses", é por achar que as pessoas com responsabilidade não devem dizer tudo, é por achar que(...) e não dizer nada, que o fotojornalismo portuguÊs mantem-se na sombra!
    Concordo com cada sílaba deste post, e ACHO que o Luiz por ter essa responsabilidade é a autoridade indicada para fazer o corte que tem de ser feito com o marasmo da FOTOGRAFIA portuguesa. De uma vez por toda é preciso acabar com os "amiguismos" na Arte portuguesa.
    Não vai resolver mas vai incomodar, que é o que essa classe tem medo... e depois, sem subsídios não há Arte?
    Ser anónimo é tão fácil!!!!

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  9. Estive na conferência e assisti à projecção dos trabalhos dos membros do juri, excelentes , uma coisa não duvido, há sensibilidade técnica e arriscaram ... arrsicaram mais do que normalmente se faz nas conferências de imprensa ou nos raids à Baixa da Banheira.

    É discutivel se isso basta para fazer Fotojornalismo, mesurara o imesurável, isso é tarefa dos concursos, não diria que tudo é uma tontisse, diria que o fotojornalismo tem que se reformular, deixar a imagem "fácil" sempre com sangue e muita lágrima, muita fome ou muita miséria, mais que fotojornalismo por vezes mais não é que a pornografia da realidade.

    Como dizia um dos mebros do juri não é preciso ir para Bagdad, há tanta coisa aí ao virar da esquina , no nosso quintal.

    Agir local também se aplica a esta causa e não tenho visto muita foto denuncia neste campo, bom, tirando os raids à Baixa da Banheira e algumas conferências de imprensa com beberete em fundo.

    Neste como noutros casos o anonimato atrapalha....

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  10. Ponto verde, não tem visto porque simplesmente não interessa aos editores publicar essas histórias que por cá se passam. Não interessa ver ao lado de uma publicidade de uma marca de carros de luxo por exemplo um bairro pobre e a história das pessoas que lá vivem. E por vezes essas histórias levam meses a ser feitas, a fazer contactos, ganhar a confiança das pessoas para andar por ali sem que reparem no fotojornalista. Depois, e caso sejam publicadas, são mal remuneradas e o trabalho de meses divide-se por essa remuneração e tem de se pensar duas vezes. Nós fotojornalistas até acreditamos em causas nacionais e em pequenas grandes histórias. Não temos é de momento editores que as defendam contra o poder económico da publicidade e os grupos económicos que controlam orgãos de comunicação sem nada saberem de jornalismo e da missão de informar e educar. Poderia dar-lhe exemplos praticos do que falo, mas deixaria de estar no anonimato e só me prejudicava a mim.

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  11. E também não temos publicações que publiquem grandes histórias feitas por independentes ou que vêm de fora da redacção.

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  12. Penso que a retracção da reportagem de fundo é algo que é comum em todos os meios de comunicação ocidentais, o tempo da "news magazine" sobre questões sociais e políticas já passou por questões orçamentais e sociais.

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  13. "... Poderia dar-lhe exemplos praticos do que falo, mas deixaria de estar no anonimato e só me prejudicava a mim..."
    Isto foi dito num comentário acima.
    E eu que pensava que só os bófias é que se "encapuzavam"...
    É caso para dizer que com os azares alheios eu sou muito corajoso.

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  14. Caro Amigo,quero-te esclarecer,que nao tenho nada que ver com o comentario aqui deixado por um dito "antonio domingues"...

    Um abraço do José António Domingues

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