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segunda-feira, março 05, 2007

Delfim Sardo gosta de lavatórios como obra de arte


A arte que Sardo defende pode ser um...lavatório.
Tendo ele seleccionado como comissário para uma exposição sua um lavatório a empregada da limpeza não esteve com meias medidas e deitou-o para o lixo.

Mais culta do que o Sardo fez o que tinha a fazer: reduzir á sua verdadeira dimensão os critérios idiotas da bestiola.

Que nunca lhe doam as mãos !

Veja aqui a história.

Eu por mim elegia uma retrete e deitaria com um daqueles dilúvios potentes, cano abaixo, aquelas fotografias escolhidas por Sardo. Era um alívio para os olhos, claro.

8 comentários:

  1. Quero falar-vos de uma história que se passou comigo a propósito deste senhor. Um dia tinha na agenda ir fotografar o então homem-forte do CCB, Delfim Sardo. Recordo-me agora depois de ler todos estes teus posts que o mesmo, em declarações à redactora do DN, disse convictamente que iria acabar com o WPP no CCB. Disse-o com um desprezo e uma crueldade tão fria como a careca dele. E estranhei. Afinal, e pela boca dele, aquela era somente a exposição que mais visitantes dava ao CCB. Mas então o porquê de acabar? Confesso que na altura fiquei desapontadíssimo, iria deixar de ter o meu ritual anual para ver tão mediática exposição embora da mesma forma que fiquei desapontado, também pensei que o tipo não era bom da cabeça e dei-lhe o devido desconto. O facto é que a exposição por lá ficou...para bem de todos nós e provavelmente para mal dele. Nunca esqueci a forma dura como se referiu ao evento. Deparei-me hoje com estes textos e passado todo este tempo, percebo que aquilo não era inocente. Fico triste, mas enfim...são opiniões. Recordo-me posteriormente à sua entrevista, a forma como me tratou quando foi preciso fotografar uns meses depois uma artista no CCB. Disse-me: "Epa, a não sei quantas está acima de nós por isso não a incomodes, é uma grande artista". Fiquei parvo. Disse-lhe que acima de mim só Deus e que no resto somos todos seres humanos iguais, além de que se a sra é uma grande artista, então que se comporte como tal! Por várias razões: 1) Para ficar bem na foto fazendo o que lhe peço ; 2) Para quando colocarem meu nome no jornal ser associado a qualidade e não ser apenas mais uma foto e 3) Se ela e você, não estiverem de acordo, digam-me já e vou embora! Mandem CD pela minha colega e ficamos amigos! Minha colega não sabia onde se meter e ele percebeu, pelo menos naquele momento, que não estava ali para brincar. Fiz o trabalho e felizmente ficou bem, mas podia ter ficado melhor se não "falasse" com a artista de modo a ela não aceitar mais fotos. Do melhor...
    Estes posts apenas me reavivaram a memória para algo que até já tinha esquecido. O respeito que eu tenho pelo trabalho do Sr. Delfim é proporcional ao que ele tem pelo meu ( fotojornalismo ) ou seja 0!!! É a minha opinião, assim como ele tem a dele. Luiz, um grande abraço e continua a fazer deste blog, um GRANDE blog!

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  2. O meu conhecimento de fotografia vai pouco mais além de distinguir um sardo de um robalo (ou de uma tainha), como confesso abaixo.
    Gosto deste blogue, sobretudo, pelas "provocações com afecto" e de algumas sem afecto, diga-se em boa verdade.
    Por isso, parto-me a rir com alguns dos posts (por acaso, também vi o programa e o discurso cheirou a "intelectualóide"... mas, aqueles olhos da Paula Moura Pinheiro até põe um homem... cego).
    E porque gosto do blogue pelas provocações com, ou sem, afecto, não posso de deixar de apreciar a "bestiola" do Luís de Carvalho, já que diz o que tem a dizer, embora ás vezes passe as marcas, mas sempre de cara aberta, com frontalidade.
    Tomara eu poder fazer o mesmo..., sem correr o risco de me acontecer como ao Hélder Fráguas, do Aqui e Agora.

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  3. Está boa esta...!
    Só agora vi no link que esta cena se passou no CAE da... Figueira da Foz.
    Mais propriamente, no "Centro de Artes e Espectáculos Pedro Santana Lopes".
    Vá lá que foi um lavatório.
    Porque bem podia ter sido uma sanita, com ambientador PSL.

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  4. Loooooooooool. Que bela anedota! Assim sendo, a fábrica de cerâmica de valadares produz arte em série.

    Cumps.

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  5. É triste que uma pessoa bem formada e professor universitário comente desta forma uma noticia e insulte escabrosamente um colega docente na Faculdade de Belas Artes.

    De facto entristece-me ver a ignorância revelada pelo teor dos comentários. A situação em si da pobre senhora é mais que compreensivel e expectável, visto que a arte após o seculo XX tornou-se entroptica até para pessoas educadas como o autor deste texto, quanto mais para pessoas simples e pesasorasamente excluidas da cultura.

    Deixe-me só referir que a obra não é um "lavatório", é um lavtatório sim, mas onde houve uma intervenção de modo a quebrar um dos seus cantos, deixando os cacos dessa intervenção no espaço em que foi inserido esse sanitário. Ora o teor da arte neste caso não é escultorico, a arte não é o lavatório, mas sim aquilo que podemos extrapolar da colocação não funcional de um lavatorio quebrado num espaço expositivo. Não conhecendo o artista não lhe posso adiantar significados conceptuais, mas sendo este um poeta digo-lhe que o significado desse lavatório é aludir a um conceito...

    Posso por exemplo sugerir que a obra simboliza o carácter decrépito dos lugares comuns em que pelos vistos você decidiu enferrujar a sua mente...

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  6. o jimmie durham é um génio.
    o luis carvalho adora mandar postas de pescada cheias de desinformação e omissões. para achincalhar, q seja com conhecimento.

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  7. O único problema que me parece ter sido levantado com este "escândalo", é o do não reconhecimento, institucional e crítico, da acção levada a cabo pela empregada de limpeza. Dever-se-ia ter adoptado o príncipio da fruição absoluta da obra de arte, considerando com isso que o acto de "deitar para o lixo" o pedaço da obra era parte integrante, ainda que não planeada,do processo criativo. De resto, devo dizer que o trabalho da dita empregada é um dos mais arrujados exemplos de intervenção situacionista que por cá (neste país de sardos) foi feito.

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  8. Não tive oportunidade de ver a obra em questão ao vivo mas deixo só uma questão: um lavatório é um lavatório? e a "Fonte" de Duchamp é um urinol? que se atreva quem puder de incluir Duchamp nesse grupo da "bestiola". Para fazer um comentário como este é preciso ter-se em muito boa conta como artista e conhecedor de arte. Força luiz

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