Na intimidade dos claustros do velho edifício, o João desabafa que, quando tiver dezasseis anos, vai assaltar um banco.
João é um nome fictício, não apenas por não me lembrar do seu verdadeiro nome, mas, sobretudo, porque a sua história de vida, de apenas catorze anos, era a história de muitos menores da sua idade.
De menores sem nome, sem família, e para quem as brincadeiras que conheciam eram os assaltos que praticavam, alguns, desde os sete ou oito anos.
Surpreendido pelo desabafo do João, pergunto o motivo. Porque quero ir para uma prisão verdadeira.
O João sabia que a maioridade penal era aos dezasseis anos e apenas conhecia vários internatos para menores de risco, onde a educação que lhe davam eram as tareias dos vigilantes e de alguns educadores.
Os seus afectos tinham, muitas vezes, ancoradoiro na prostituta de rua, que o gratificava, para ser o seu segurança.
E para ser um preso de verdade só mesmo numa cadeia a sério. Com grades de ferro nas janelas. Como quem sobe de divisão. Num campeonato qualquer.
Alguns destes jovens dormiram na antecâmara do meu gabinete de trabalho, porque ás seis da tarde não havia onde os entregar e as celas eram para quem ia para as cadeias de verdade.
Não sei por onde anda o João, mas espero que não esteja por aí numa cadeia qualquer.
O João que queria uma Prisão a Sério
ResponderEliminarNa intimidade dos claustros do velho edifício, o João desabafa que, quando tiver dezasseis anos, vai assaltar um banco.
João é um nome fictício, não apenas por não me lembrar do seu verdadeiro nome, mas, sobretudo, porque a sua história de vida, de apenas catorze anos, era a história de muitos menores da sua idade.
De menores sem nome, sem família, e para quem as brincadeiras que conheciam eram os assaltos que praticavam, alguns, desde os sete ou oito anos.
Surpreendido pelo desabafo do João, pergunto o motivo.
Porque quero ir para uma prisão verdadeira.
O João sabia que a maioridade penal era aos dezasseis anos e apenas conhecia vários internatos para menores de risco, onde a educação que lhe davam eram as tareias dos vigilantes e de alguns educadores.
Os seus afectos tinham, muitas vezes, ancoradoiro na prostituta de rua, que o gratificava, para ser o seu segurança.
E para ser um preso de verdade só mesmo numa cadeia a sério. Com grades de ferro nas janelas. Como quem sobe de divisão. Num campeonato qualquer.
Alguns destes jovens dormiram na antecâmara do meu gabinete de trabalho, porque ás seis da tarde não havia onde os entregar e as celas eram para quem ia para as cadeias de verdade.
Não sei por onde anda o João, mas espero que não esteja por aí numa cadeia qualquer.