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sexta-feira, janeiro 05, 2007

Sampaio acha normal coabitação Belém-S.Bento

O ex-Presidente da República Jorge Sampaio considerou hoje normal a "cooperação estratégica" do seu sucessor, Cavaco Silva, com o primeiro-ministro, José Sócrates, e negou ter admitido o cenário de demissão na crise política de 2004.

Na Grande Entrevista, na RTP, Jorge Sampaio afirmou que o próprio sistema político português (semipresidencialista) leva o chefe de Estado e o primeiro-ministro a entenderem-se.

"Tudo impele a que haja essa cooperação. O sistema político está feito para que haja uma cooperação", afirmou o ex-Presidente, que deixou o Palácio de Belém em Março passado, após dois mandatos (1996-2006).

Sem dar resposta ao ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, que, no lançamento do seu livro "2004 - Percepções e Realidades", o acusou de aliar-se a Cavaco Silva para derrubar o seu Governo de coligação PSD/CDS-PP, em 2004, Jorge Sampaio negou ter colocado a hipótese de demissão nessa altura.

Embora tenha admitido que se as eleições tivessem ditado a vitória do PSD e do CDS-PP teria ficado com "poderes muito reduzidos", Jorge Sampaio excluiu o cenário da demissão.

Demissão "seria acrescentar mais instabilidade"

"Seria acrescentar mais instabilidade" à situação de crise que já existia, argumentou o ex-chefe de Estado.

Na mesma entrevista, o ex-Presidente da República reafirmou a sua decisão de dissolver a Assembleia da República em Novembro de 2004.

"Decidi e tive a resposta. Achei que uma consulta eleitoral era indispensável e o povo deu-me razão", disse Jorge Sampaio.

Dissolução parlamentar "não foi por nenhuma birra"

"Não foi por nenhuma birra", afirmou Jorge Sampaio, que decidiu dissolver o Parlamento, onde PSD e CDS-PP tinham maioria, e antecipar as eleições legislativas que deram a vitória, com maioria absoluta, ao PS de José Sócrates, em Fevereiro de 2005.

Na sua primeira entrevista após deixar o cargo de Presidente, Jorge Sampaio confessou que mantém "relações de respeito e apreço" com o seu sucessor em Belém e que "sempre achou" que Cavaco Silva iria candidatar-se às presidenciais de 2006.

Afirmando ter recuperado a "rotina de cidadão", o hábito de ir ao cinema, o actual enviado especial da ONU para o combate à tuberculose afirmou ainda que não tem ambição de "voltar à vida política activa" no PS nem recandidatar-se a Belém, como aconteceu com Mário Soares há um ano.

1 comentário:

  1. Demissão "seria acrescentar mais instabilidade"
    Conversa da treta, digo eu.
    Sampaio tinha a consciência de que, nesse momento político, se o PSL fosse a eleições tinha muitas hipóteses de ganhar.
    Por isso, deixou o PSL a queimar em lume brando, até à desgraça final.
    E ainda bem...
    Ás vezes, a conversa da treta é a mas genuína das realidades.

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