Fotos de Luiz Carvalho
Bombaim é como um murro no estômago. Para um fotógrafo até pode ser motivador para fazer imagens de cariz social, mas ao fim de umas horas, eu que dou tudo para andar na rua no meio da confusão a fotografar o que os sentidos me pedem, já não aguento e quero voltar ao hotel.
A pobreza em Bombaim é indigna, humilhante. A cidade é uma sinfonia desconcertante de buzinas, choques iminentes, ruas imundas, mãos estendidas e olhares doces de crianças, o que torna tudo insuportável.
A viagem do Presidente está a chegar ao fim e o cansaço atingiu todos. São muitas horas a apanhar com ares condicionados que nos querem congelar o corpo e eliminar a garganta, poucas horas de sono e algum stress com passagens constantes por check-points de segurança, raios-x, apalpadelas, sacos despejados. Uma seca no meio da calorassa.
O programa do Presidente Cavaco Silva não se pode considerar muito excitante para fotografar, bem pelo contrário. Tirando a recepção em Nova Deli e o passeio matinal pela Velha Goa, a viagem até agora tem sido institucional. E o facto da comitiva de convidados nunca se cruzar com os jornalistas, porque estão em hóteis diferentes, torna difícil uma aproximação. Lembro-me de ter conhecido muita gente que viajava com Soares, desculpem o saudosismo, precisamente pelo contacto permanente da comitiva com os jornalistas.
Por exemplo aqui em Bombaim tive a oportunidade histórica de poder fotografar Sophia de Melo Breyner Anderson, numa gruta do outro lado das portas da cidade, a preto e branco, ela que nunca o queria..
Fotografar nas ruas de Bombaim já é mais complicado do que em Nova Deli, ou Goa.
Aqui começam a colar-se pedintes que não nos largam nem nos deixam fotografar em paz. Os grupos de desgraçados a dormirem nas ruas, às dezenas, não vi ainda e espero não ver. Assim com, felizmente, ainda não vi crianças mutiladas a esmolarem. Talvez tenha havido algum pequeno progresso, se é que é palavra certa.
Chegados aqui vemos como o salto em frente da Índia ainda poderá demorar algum tempo. Esta é uma sociedade ainda demasiado miserável, decrépita, sem sentido social. É a anarquia total, onde bairros de lata unem edifícios altos, e as velhas ruas mais parecem tocas sujas e sombrias do que lugares para gente viver.
Escrever isto do sossego do hotel é fácil. Mas mesmo por aqui ia levando com uma broca infernal, mesmo ao lado do meu quarto, com poeirada pelo corredor. Só a minha reclamação repetida fez com que me extraditassem para outro piso. A esta hora já estava maluco, ainda mais, e a ter uma visão ainda mais negra da cidade.
Amanhã deixamos o inferno e entraremos em Bangalore, a Silicon Walley indiana. Uma espécie de Bollywood da informática, sem pinga amor.
A pobreza em Bombaim é indigna, humilhante. A cidade é uma sinfonia desconcertante de buzinas, choques iminentes, ruas imundas, mãos estendidas e olhares doces de crianças, o que torna tudo insuportável.
A viagem do Presidente está a chegar ao fim e o cansaço atingiu todos. São muitas horas a apanhar com ares condicionados que nos querem congelar o corpo e eliminar a garganta, poucas horas de sono e algum stress com passagens constantes por check-points de segurança, raios-x, apalpadelas, sacos despejados. Uma seca no meio da calorassa.
O programa do Presidente Cavaco Silva não se pode considerar muito excitante para fotografar, bem pelo contrário. Tirando a recepção em Nova Deli e o passeio matinal pela Velha Goa, a viagem até agora tem sido institucional. E o facto da comitiva de convidados nunca se cruzar com os jornalistas, porque estão em hóteis diferentes, torna difícil uma aproximação. Lembro-me de ter conhecido muita gente que viajava com Soares, desculpem o saudosismo, precisamente pelo contacto permanente da comitiva com os jornalistas.
Por exemplo aqui em Bombaim tive a oportunidade histórica de poder fotografar Sophia de Melo Breyner Anderson, numa gruta do outro lado das portas da cidade, a preto e branco, ela que nunca o queria..
Fotografar nas ruas de Bombaim já é mais complicado do que em Nova Deli, ou Goa.
Aqui começam a colar-se pedintes que não nos largam nem nos deixam fotografar em paz. Os grupos de desgraçados a dormirem nas ruas, às dezenas, não vi ainda e espero não ver. Assim com, felizmente, ainda não vi crianças mutiladas a esmolarem. Talvez tenha havido algum pequeno progresso, se é que é palavra certa.
Chegados aqui vemos como o salto em frente da Índia ainda poderá demorar algum tempo. Esta é uma sociedade ainda demasiado miserável, decrépita, sem sentido social. É a anarquia total, onde bairros de lata unem edifícios altos, e as velhas ruas mais parecem tocas sujas e sombrias do que lugares para gente viver.
Escrever isto do sossego do hotel é fácil. Mas mesmo por aqui ia levando com uma broca infernal, mesmo ao lado do meu quarto, com poeirada pelo corredor. Só a minha reclamação repetida fez com que me extraditassem para outro piso. A esta hora já estava maluco, ainda mais, e a ter uma visão ainda mais negra da cidade.
Amanhã deixamos o inferno e entraremos em Bangalore, a Silicon Walley indiana. Uma espécie de Bollywood da informática, sem pinga amor.
Caro Luiz,
ResponderEliminarfoi um prazer conhecer-te e trabalhar contigo nestes últimos dias, em Deli e em Goa. E foi um maior prazer ainda ler-te aqui e ver o belo produto das tuas deambulações fotográficas. Quando (se) tiveres saudade da Índia, poderás sempre ver as minhas (amadoras) Imagens de Deli na minha Vida em Deli http://avidaemdeli.blogspot.com
Um abraço
Constantino
Também gostei de te conhecer e de ouvir as tuas histórias. Vamos falando e irei ver o teu blogue quando chegar a Lisboa.
ResponderEliminarAbraço
Luiz Carvalho