Carolina Salgado será constituída arguida caso confirme ao Ministério Público a co-autoria moral no caso das agressões a Ricardo Bexiga, antigo deputado da Assembleia da República e vereador da Câmara Municipal de Gondomar, a 25 de Janeiro de 2005.
É que, para defesa da própria e por uma questão de legalidade processual, logo que assuma perante as autoridades a intermediação neste atentado contra Ricardo Bexiga – tal como consta do livro agora lançado – a antiga mulher de Pinto da Costa será constituída arguida, sendo-lhe de imediato lidos os direitos e deveres processuais.
BEXIGA NO DIAP
Entretanto, Ricardo Bexiga desloca-se amanhã à tarde ao DIAP do Porto para prestar declarações sobre as agressões de que foi vítima a 25 de Janeiro de 2005, no Porto.
As denúncias de Carolina Salgado vieram acrescentar novos dados ao processo e poderão contribuir para identificar os dois autores materiais, bem como o mandante do crime, que terá sido o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, devido ao caso ‘Apito Dourado’, segundo a sua ex-companheira.
Carolina Salgado revela no seu livro ‘Eu, Carolina’ que foi Pinto da Costa quem encomendou as agressões, porque o ex-vereador do Partido Socialista da Câmara Municipal de Gondomar, presidida por Valentim Loureiro – também arguido no processo ‘Apito Dourado’ – seria uma das principais testemunhas dos factos que deram origem ao caso da alegada corrupção no futebol e no qual o presidente do Futebol Clube do Porto é arguido.
As revelações de Carolina Salgado dão um novo alento ao caso das agressões a Ricardo Bexiga, quando tudo indicava que os autos seriam arquivados por falta de provas. Até ao momento ainda não foram identificados os agressores. No entanto, segundo a versão de Carolina Salgado, Pinto da Costa terá contratado dois homens pelo preço de dez mil euros.
O jovem advogado e político, ex-deputado na Assembleia da República a quem, há quase dois anos, foi partido o braço esquerdo e desferidos golpes com um barrote na cabeça, que teve de ser suturada com 15 pontos, acredita que com o depoimento da ex-companheira de Pinto da Costa o caso vai poder finalmente se esclarecido.
Ricardo Bexiga, que já tinha prestado declarações no DIAP, voltará a ser inquirido pela magistrada titular do processo. A colaboração de Carolina Salgado poderá revelar-se decisiva.
PROCESSO AVOCADO
Dada a gravidade deste caso, a procuradora da 4.ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, Clara Oliveira, deverá chamar a si o processo das agressões a Ricardo Bexiga, segundo referiu a mesma fonte judiciária ao CM.
Com as declarações públicas de Carolina Salgado foi proposta já a avocação do processo à coordenadora do DIAP, Hortênsia Calçada.
O caso ainda está com a procuradora adjunta Graça Ferreira, que amanhã à tarde ainda será a magistrada que inquirirá Ricardo Bexiga.
A procuradora-geral adjunta Hortênsia Calçada ainda não despachou sobre a proposta de avocação.
AUTORA DESCONHECE NOTIFICAÇÃO
“Não sei de nada”. É desta forma que Carolina Salgado responde quando questionada sobre a possibilidade de vir a ser constituída arguida no processo. Depois das afirmações bombásticas no dia de apresentação do seu livro, nas quais reiterou as ameaças à sua integridade física, Carolina Salgado remeteu-se ontem ao silêncio, respondendo sempre a todas as perguntas dos jornalistas com a frase “Não sei de nada. Não tive tempo para ver nada.”
A opção é clara e, sabe o ‘CM’, passa por analisar com a devida atenção todas as notícias que vieram a público, respondendo, depois, da melhor forma, ao que foi sendo dito e escrito na Comunicação Social. Na segunda sessão de autógrafos do dia, realizada numa grande superfície em Alfragide, bem mais calma do que a primeira em Almada, Carolina Salgado afirmou desconhecer as intenções de Pinto da Costa, que pretende retirar o livro das bancas com uma providência cautelar.
PINTO DA COSTA EM SILÊNCIO
Pinto da Costa recusa comentar as revelações da sua antiga companheira, designadamente as agressões ao ex-deputado do PS e vereador da Câmara de Gondomar Ricardo Bexiga. No livro agora publicado, Carolina Salgado confirma algumas das notícias já conhecidas, segundo as quais Pinto da Costa foi avisado com antecedência de que seria detido e alvo de busca domiciliária, em Vila Nova de Gaia.
A ex-companheira do presidente do FC Porto confirma que a informação confidencial foi obtida do interior da Polícia Judiciária do Porto e quem terá dito tudo a Pinto da Costa foi o advogado Lourenço Pinto, na presença dos irmãos Reinaldo Teles e Joaquim Pinheiro, dirigentes do FCP. Pinto da Costa foi o único arguido do caso ‘Apito Dourado’ que não foi apanhado desprevenido.
DEZ ANOS DE CADEIA
Pinto da Costa arrisca uma pena de prisão efectiva até dez anos caso se prove ter sido ele quem mandou agredir o antigo deputado do PS e vereador em Gondomar Ricardo Bexiga. Mas se o Ministério Público qualificar as agressões como tentativa de homicídio na forma qualificada, as penas podem subir de 12 para 25 anos de prisão, por se verificar uma especial censurabilidade de atentar contra um membro de um órgão de autarquia local, além de ser testemunha, que estava a colaborar com as autoridades judiciárias e advogado de profissão.
MAGISTRADOS PROTEGIDOS
Os vários magistrados do caso ‘Apito Dourado’ chegaram a ter protecção policial na sequência de suspeitas de vigilâncias, mas neste momento nenhum tem escolta do Corpo de Segurança Pessoal da PSP, apurou o CM. O procurador Carlos Teixeira bem como a juíza de instrução Ana Cláudia Nogueira estiveram sob protecção da PSP. Um outro jurista igualmente protegido foi Ricardo Bexiga, então principal vereador no PS na Câmara de Gondomar, presidida por Valentim Loureiro. Os magistrados têm direito a uso e porte de arma, de calibre de guerra.
REACÇÕES
"GOVERNO DEVE PRONUNCIAR-SE" (João Palma, Ministério Público)
“Este caso enquadra-se no ambiente de descredibilização das entidades judiciárias fomentado pelo poder político, com excepção do Presidente da República. Mas estas pressões superam tudo o que é admissível num regime democrático. Era bom que o Governo e a Assembleia da República se pronunciassem sobre isto para nós também sabermos com o que é que podemos contar.”
"PJ NÃO SE DEIXA ATEMORIZAR" (Carlos Anjos, Polícia Judiciária)
“Haja o que houver em qualquer processo os funcionários de investigação criminal da Polícia Judiciária não são susceptíveis a qualquer tipo de pressão. Posso dizer, no entanto, que há sempre acções que se fazem nesse sentido. Contudo, como referi, os profissionais da PJ não se deixam atemorizar. E se sentirmos que nos andam a controlar, a nossa ânsia investigatória aumenta sempre.”
"ACTUAÇÃO GRAVÍSSIMA" (António Martins, Ass. Juízes)
“Este tipo de actuação é gravíssima e deve levar a uma investigação exaustiva. Este caso demonstra que a independência dos juízes não é um conceito abstracto. Procuraram telhados de vidro, mas não foram encontrados. Os cidadãos portugueses podem estar descansados com os seus magistrados, mas é preciso que a comunidade exija que os juízes continuem a ter um estatuto que lhes permita isenção.”
"FUI PERSEGUIDO" (Carlos Teixeira)
Carlos Teixeira, procurador, chegou a ter protecção policial durante o período (Abril de 2004) em que foram detidos vários arguidos do processo ‘Apito Dourado’.
Correio da Manhã – Durante a fase de investigação do processo ‘Apito Dourado’ foi alvo de algum tipo de perseguição?
Carlos Teixeira – Em 2004 fui perseguido duas vezes. Perseguições de automóvel. Foram ambas nas ruas de Gondomar, onde resido. Reportei essa situação à minha hierarquia [o actual procurador-geral distrital do Porto, Pinto Nogueira].
– Teve protecção policial?
– Sim, durante pouco mais de uma semana, em Abril de 2004 [altura em que foram detidos vários arguidos do processo ‘Apito Dourado’, caso de Valentim Loureiro]. Depois considerei que não valia a pena. Não dei qualquer importância a essa situação.
– As perseguições de que falou aconteceram antes ou depois de ter dispensado a protecção policial?
– Algum tempo depois.
– Reconheceu a pessoa que o perseguiu?
– Na segunda vez que fui perseguido, reconheci-a perfeitamente.
– É arguido no processo ‘Apito Dourado’?
– Não posso falar sobre isso. Digo, apenas, que reconheci o indivíduo, apesar de ele ter tentado esconder a cara com o braço quando parei o meu carro ao lado do dele.
– Chegou a falar com esse indivíduo?
– Não. Encostei o carro ao lado do dele para ver se ele me enfrentava. E olhei para ele. O indivíduo tentou esconder a cara com o braço. Depois fui-me embora e ele veio atrás de mim.
– Alguma vez sentiu que teve a integridade física em risco?
– Não.
– A sua família também chegou a ser importunada?
– Que eu saiba, não.
– Conhece outras pessoas – juízes, magistrados do Ministério Público ou inspectores da PJ – que intervieram no processo ‘Apito Dourado’ que tenham sido perseguidas?
– Sei que aconteceram algumas coisas a outras pessoas, mas não vou dizer o que sucedeu nem quem são.
– Chegou a ter medo?
– Não. Nunca deixei de fazer o que tinha de ser feito.
PERFIL
Carlos José do Nascimento Teixeira nasceu em Vinhais (Bragança), no dia 15 de Março de 1965. Divorciado, dois filhos, tirou o curso de Direito na Universidade de Coimbra e é adepto do Rebordelo (equipa que milita da Divisão de Honra da Associação de Futebol de Bragança). Além de procurador no Tribunal de Gondomar, desde 1997, é formador no Centro de Estudos Judiciários.
/Correio da Manhã
Ele tem o tradicional ar de bêbedo. O olhar dela não é só coca, mas falha-se-me o nome do químico, Luiz, ajude-me, por favor...
ResponderEliminarEsta merda é séria de mais e só para ignorantes ou ingénuos é que estes factos são novidade.
ResponderEliminarEla, não sendo nenhuma puta virgem, é também uma vítima destes cabrões todos, um dos quais teve mesmo "colo" de um presidente da república já reformado.
É uma tristeza... Talvez, porque interessa eleitoramente ao actual poder, isto vá para a frente.
Conheço de perto alguns deles e são, repito, uns grandes cabrões.
Desculpem a linguagem, mas isto até dá vómitos.