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quarta-feira, julho 26, 2006

A reforma de Alegre, as pedradas de Herman

Para se estar mesmo de férias não há melhor que desligar o telemóvel, não comprar jornais e não ver televisão. Eu quase consigo este pleno mas acabo por ceder. O telemóvel fica apenas em silêncio, acabo por comprar dois diários, uma revista da treta, e vou até à televisão para ver As Donas de Casa Desesperadas, como ontem.
Claro que acabo por me arrepender. Fico incomodado com mensagens no telefone que preferia não ouvir, e os jornais por muito inócuos que eu ache que são nesta altura do ano acabam por me irritar, ou melhor, indignar com algumas notícias.

O disparate sobre a reforma de Manuel Alegre, noticiada e comentada por políticos e jornalistas, foi um dos casos. Quer dizer: um cidadão aos 70 anos já não pode ter direito a reforma? A uma miserável reforma de 3000 euros, o equivalente a um ordenado de varredor de rua no Luxemburgo? Em que país vivemos ou que país afinal queremos? A demagogia e o populismo já chegaram a este ponto? Lamentável.

Depois onde está a indignação pela lei do governo que prevê que 5 por cento das receitas do IRS vão para as autarquias? Quer dizer, Sócrates cede desta forma aos interesses de caciques encartados como Fernando Ruas? Vamos continuar a pagar dos nossos impostos as vaidades e as obras estúpidas destes autarcas que se entretêm a fazer rotundas, passeios de mármore e mijómetros modernistas?
Vamos pagar ainda mais os assessores do professor Carmona e os disparates de obras abusivas como o condomínio da Infante Santo, em Lisboa?
Não há afinal vergonha, nem rigor, nem bom senso no governo.
Este fim - de -semana lá vai o engenheiro Sócrates a Portalegre inaugurar ao lado de Mata Cáceres mais umas quantas obras que já estão a funcionar há meses. Obras lançadas quando ele era ministro do ambiente. Sócrates faz a festa, deita os foguetes e nós pagamos. Está certo, afinal o povo votou nele !!!...

Portalegre, onde estive há semanas, está cheia de obras camarárias absurdas. Passeios onde os carros batem por serem altos e mal desenhados, ruas sem sinalética, estacionamento nulo. Como cidade é um bidé, mas dinheiro dos contribuintes não falta.

Mesmo a imprensa rosa é deprimente em férias.
Numa revista de televisão as histórias canalhas sobre figuras conhecidas davam para fazer um filme de arrasar corações.
É o futebolista tal que tem de sustentar a ex-mulher que vive em Rio Tinto com a filha de seis anos que não pôde ir ao seu casamento e tem de andar 300 quilómetros todas as semanas para ver a petiz, é a vedeta da novela que tem o pai preso, o marido metido na droga e deu com os pés ao namorado, e que se marimba na filha de dois anos, é o Herman José vestido à Nelo que diz que só sai da SIC à pedrada ( todos nós já tínhamos percebido isso!), enfim: são todos famosos, vivem longe, são dos subúrbios e atrás da fama está uma infelicidade latente.
Para rematar acabei a almoçar num restaurante numa aldeia alentejana de pescadores que tinha música de elevador como ambiente. Moderníces...

5 comentários:

  1. http://www.alamedadigital.com.pt

    cá está um excelente trabalho do meu amigo Pedro Guedes,visto que ainda há pouco falaste de gratuitos e blogoesfera.

    Aanes

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  2. Já reparou que a revista da treta, como lhe chama, vende mais de 180 mil exemplares por semana. É líder destacada de vendas, vendendo mais cerca de 100 mil que a TV Guia...
    E aqui, no que diz respeito à imprensa, as pessoas deslocam-se propositadamente ao quiosque para a comprar. E compram a que preferem, não a que é imposta por alguém, como acontece nas televisões. A revista pode ser "da treta" mas vai de encontro ao que os leitores querem.... logo, existem muitos leitores da treta. Mas ao menos lêem.

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  3. Já reparou que a revista da treta, como lhe chama, vende mais de 180 mil exemplares por semana. É líder destacada de vendas, vendendo mais cerca de 100 mil que a TV Guia...
    E aqui, no que diz respeito à imprensa, as pessoas deslocam-se propositadamente ao quiosque para a comprar. E compram a que preferem, não a que é imposta por alguém, como acontece nas televisões. A revista pode ser "da treta" mas vai de encontro ao que os leitores querem.... logo, existem muitos leitores da treta. Mas ao menos lêem.

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  4. A revista pode ser da treta e ser bem feita, que é o caso da TV 7 Dias, aliás muito bem dirigida pela minha amiga, mesmo amiga, Luisa Jeremias. Quando digo da treta é porque não se pode levar muito a sério aquelas histórias, que sendo um retrato sociológico do país, são também um lavar de roupa suja de figuras públicas mas não púdicas.Agora que é uma boa servilimpa do jornalismo ninguém lhe tira os méritos, e eu até consumo.

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  5. Interesting site. Useful information. Bookmarked.
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