A reposição de Profissão Repórter de Antonioni em cópia nova passados trinta anos da estreia desta fita das mais emblemáticas do cineasta italiano não pode deixar de me entusiasmar.É um dos filmes da minha vida, sem esquecer Blow-up, O Eclipse, Deserto Vermelho, O Grito... na verdade não seria o que sou se não tivesse visto estas fitas de Antonioni.
Em Profissão Repórter está muito do que é a minha rotina, a prática da minha profissão. Jack Nicholson faz ali o papel de um repórter perdido no Sara com o seu Land Rover e que chegado a um pequeno hotel decide mudar de identidade quando descobre um homem assassinado e que podia muito bem ser ele.
Muitas vezes apetece mudar de identidade, retomar nova vida, reencontrar paixões, seguir novos rumos. Não que os actuais não sejam bons, mas porque mudar é sempre uma aventura estimulante.
O encontro com a personagem desempenhada por Maria Schneider, um ícone da preversão sexual e da ousadia moral depois do Ultimo Tango - rodado dois anos antes por Bertollucci- de Jack Nicholson numa cidade como Barcelona remete ainda mais este filme para uma atmosfera que cruza o melhor de Godard, Truffaut, se é que Antonioni alguma vez pensou nisso.
Barcelona é filmada por Antonioni de uma forma sublime ( o plano do teleférico é genial), Gaudi aparece em cenário e as sequencias finais rodadas à beira da estrada numa aldeola espanhola são de um experimentalismo notável: o longo plano sequência em que a câmera atravessa a grade de um quarto para o exterior é dos planos mais originais alguma vez rodados em cinema.
Profissão Repórter é um filme de autor de um tempo em que o cinema ainda não era só e apenas uma máquina bem oleada e eficaz de contar histórias.
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