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sexta-feira, abril 28, 2006

O Fim do estado de graça a pagar

Habituei-me nos últimos meses a escrever por esta hora a minha crónica semanal para o Expresso online.
Oito meses depois, estou aqui frente ao MAC a escrever para este blog.
A net transforma-se no confessionário.
Vamos a isto.


Sócrates chegou ao fim do estado de graça.

O relatório da OCDE sobre o ano de 2005 português e o malfadado relatório do Banco de Portugal, voltaram a atirar Portugal para as calendas.

A crise não se vai, o crescimento não vem, o país não descola nem com uma Ota à vista.
Os portugueses, a classe média, não podem ser mais massacrados.

Hoje na AR o Primeiro voltou com novas medidas para a segurança social, sustentação e tal, e quem vai pagar ? Os mesmos de sempre. Quem trabalhou e trabalha quem descontou e aguenta firme até ao limite.

E esperem para ver o que vai acontecer ao fundo de pensões dos CTT, aos despedimentos na PT, à crise salarial na Caixa Geral de Depósitos, esse mausoléu de gestores com ordenados faraónicos.

No meio desta bagunçada apetece ser de esquerda, daquela ferrujenta, de punho erguido para a canção ter sentido !!...

As taxas de juro voltarão a subir ( notícia de hoje), os combustíveis atingem os preços mais absurdos e as taxas indirectas como as portagens da Brisa tornaram-se num super imposto.

Querem que haja investimento com o Estado a facturar desta maneira ?

A verdade, e eu insisto, é que os portugueses trabalham para o Estado. Um monstro como diria o Presidente Cavaco, cada vez mais esfaimado em triturar tudo e todos, com música de fundo políticamente correcta: é a crise, não há alternativa.


E como vamos poder pagar o custo social e financeiro de um saneamento na função pública ?
Com mais impostos ? é que, se custa manter esta máquina pesada e obsoleta, também custa pagar a sua extinção.

Portugal está casado com uma mulher cara, desinteressante, obesa, mas que em caso de divórcio ainda vai custar mais em indemnização e pensão de alimentos.

Não é fácil meus caros.

Daí Cavaco ter dito há uns anos, deixando caír uma terrível gaffe, mas de que também já ninguém se lembra, que a única solução para sanear a função pública era esperar que os funcionários fossem morrendo. Uma medida higiénica, simples e talvez patrocinada por Deus ! Mas de uma crueldade chocante.

Sócrates que é da esquerda sacrista-tecnológica não estará de acordo, mas que está numa encruzilhada ninguém já duvida:
ou se arma em Tatcher da esquerda e malha a doer ou adopta o seu lado guterrista e adia, adia até ao soluço final.

Entretanto no meio desta desgraça luso- financeira, alguma coisa funciona, dá lucro, e é pioneira: a nossa banca. Ganha que se farta e põe a banca europeia nas boxes.

Numa verdadeira chuva de milhões os bancos engordam, "opam-se" uns aos outros como glutões e ainda se dão ao luxo de despedir pessoal.

Uma perrogativa que só os endinheirados podem ter.

Com o país de tanga ( Durão é que sabia!) e a banca a bombar, o fim do estado de graça acabou para Sócrates.

Uma graça cara.

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