Os portugueses odeiam os que têm sucesso e ficam raivosos com os que ganham bem. Salazar deixou esta herança moral que os revolucionários de Abril souberam reverter a favor da causa e que hoje dá juros em gente como a do Bloco ou em oportunistas sociais do PS.
O ataque às elites profissionais começou há muito e teve no agente técnico Sócrates um agente provocador. Os médicos são calões, os engenheiros roubam no cimento, os arquitectos fazem caixotes, os fotógrafos ganham mais que um bate-chapas, os advogados aldravilhas, os jornalistas seniores uma geração a abater.
Qualquer sinal exterior de bom gosto é conotado com roubalheira. Há 20 anos a mãe de uma namorada minha ao ver-me chegar num Porsche 911 com ar de desenterrado num ferro-velho do Alvito, advertiu a filhinha para ter cuidado pois eu devia negociar em droga. Verdade!...
Portanto: somos uns miserabilistas, invejosos e merdosos.
Este palavreado todo é para chegar ao salário de António Mexia. Um rendimento que rebenta com o tecto do firmamento e chega ao Céu. Será mesmo uma das poucas formas de se alcançar o Céu: rebentando com o malvado tecto salarial, um tecto para anões sem ambição.
Mexia tem sido considerado um gestor exemplar, dentro da escola de um outro grande génio da Finança, o desaparecido Rendeiro. Há uma geração filha do cavaquismo arregimentada por uns descontraídos que usam frases em inglês, fazem de conta que jogam golfe e gostam de carros cinzentos prateados, que souberam convencer os totós dos accionistas que sem eles as empresas não dariam dividendos chorudos. Vai daí auto-remuneraram-se e a coisa tem passado mais ou menos discreta.
Até eu sabia que Mexia ganhava um ordenado impensável. Mas há outros. É só investigar. O que está em causa são duas coisas: não é justo que os consumidores da EDP paguem uma factura que compromete o desenvolvimento do país e retire às famílias rendimento, para uma administração que gere em regime de monopólio possa fazer o que lhe apetece. Segundo: há aqui uma questão social importante. Uma empresa não pode demitir-se do seu papel social e um gestor não pode dizer que ganhou milhões porque cumpriu os objectivos. É uma afronta social e grave, vinda de quem já foi ministro, professor e tem de mostrar uma conduta pública solidária.
Claro que há ainda gente com sentido da missão pública. E a entrevista de ontem de Ana Jorge a MSTavares mostrou mais uma vez como se pode ser sério, inteligente, dialogante e servir o país, mesmo num governo que tem como chefe um ex-agente de obras armado em arquitecto, ou seja um daqueles patos-bravos que abandonaram o cimento e agora se deliciam com o perfume do alcatrão.
Irra que o homem lá acertou!Quanto ao Rendeiro e ao Dias Loureiro,bem se sabe que com tempinho tudo passa,porra...!!!
ResponderEliminarA propósito, vão ao blogue do Rui Tavares, leiam a seu ultimo artigo, no Publico, de quarta-feira ,um must,digo eu...L.R.
Há um significativo número de empresas em Portugal (falo das ditas grandes empresas)que são accionistas de "referência" umas das outras...
ResponderEliminarOu seja, saltitam de umas assembleias gerais para outras assembleias gerais, onde praticam o velho ditado do "amor com amor se paga"... E aprovam entre eles, em circuito fechado, os objectivos e os prémios de gestão... Eu faço aqui o favor de... e tu depois vais ali e fazes também o favor de...
Claro que os pequenos accionistas vêm passar ao lado estas "decisões" que aos Sócrates não interessa acabar, porque amanhã sabe-se-lá...
E quando as empresas gerem verdadeiros monopólios, além dos pequenos accionistas é o povinho que paga os prémios de gestão deste verdadeiro compadrio empresarial... Até quando?
Por menos, diz-nos a História, muitos já ficaram sem cabeça...
Evidente que a"solução",passa,para alguma gentinha, como afirmava aquele sr que está sempre "bem" O :METELO/QUALQUERCOISA!
ResponderEliminarComo bom xuxalista que é, e bastante socrático, dizia ele,com um ar "normal", á T.V.I..:
VENDA-SE A PARTICIPAÇÃO DO ESTADO E TUDO FICA BEM!!!!LINDO...L.R.