Páginas

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

O polvo de Passos Coelho

A revista Sábado trouxe na passada semana um artigo sobre os negócios de Passos Coelho.

No meio do turbilhão das escutas divulgadas pelo Sol, não ouvi nenhum dos sabões de serviço nos canais por cabo, ou nos colunistas pagos com chorudas avenças nos jornais, a comentarem este artigo. Um exemplo de bom jornalismo de investigação. Basta parar para pensar em qualquer reunião de superiores editores para se perceber o interesse público, e para o público, de um artigo que explique aqui ao pessoal distraído, os interesses de um homem que anda há dois anos a afiambrar-se a ser Primeiro ministro da Pátria.

No PS os quadros superiores abandonam o barco para as grandes empresas, mas parece que no PSD o movimento é ao contrário: os salvadores da Nação vêm das empresas privadas e, no caso de Passos, de empresas com negócios de milhões com o Estado e autarquias.

E se Vara tem apetência por ferro-velho, latoaria e sucata a granel, Passos, Relvas e Ângelo Correia (os 3 sócios da mesma empresa) têm a especialidade de um negócio semelhante: lixo, tratamento de resíduos e CO2. E a empresa de Passos é tão positiva para o país e para o ambiente que já foi louvada várias vezes pelo governo de Sócrates e até pelo chefe-supremo!

Nesse artigo da Sábado fica também explicado algumas das ligações à banca e ao domínio do crédito. Negócios são negócios, só que não percebo como se podem conciliar éticamente negócios com política.

Esta promiscuidade é perversa. António Vitorino quando foi confrontado esta semana por eventualmente saber da tramóia PT-TVI respondeu que não podia responder porque trabalhava como advogado para a PRISA. Também José Miguel Júdice responde que não pode responder por sigilo profissional ! A partir de agora temos de saber se falamos com o empresário, o advogado, o opositor político ou com o primo !!!

O que fiquei a saber, e muitos leitores da Sábado, é que Passos Coelho tem mais interesses económicos com o Estado do que Sócrates, que formalmente (!) não tem nenhuns. Mais: ficamos ainda a saber que há círculos que se fecham. Por exemplo o tal professor que foi mestre de Sócrates na UNI é também sócio da empresa de Passos Coelho! O Centrão no seu melhor.

Já tinha escrito aqui no Fatal da minha admiração por ter visto na apresentação do livro de PCoelho tanta gente de lobbies. Estavam lá alguns dos capitalistas mais influentes na sociedade portuguesa. A explicação foi dada com gráficos e tudo pela Sábado.

Faz-me confusão como gente séria pode apoiar um candidato destes! E fico inquieto: Sócrates comparado com este Passos é um coelho a brincar à beira da estrada. Até já começo a achar graça ao Acabado Sócrates.

Ficar com o mal menor. A sina portuguesa.

2 comentários:

  1. João Santos8:40 da tarde

    Este post fez-me lembrar um mal muito grande que tomou agora de assalto os partidos políticos portugueses, que é apoioar-se internamente o candidato que mais se aproxima do lider do partido que se encontra no poder.

    Foi assim com a nomeação de Sócrates, que apresentava, na altura, uma característica mediática parecida com a de Santana Lopes e assim, o pretendem actualmente com o Pedro Passos Coelho.

    E assim se tornou a prática política:

    Apoiar-se um candidato não pelas suas ideias, mas pelo facto de ser uma figura mediática, além, evidentemente, devido aos interesses internos que giram à volta desse mesmo candidato.

    Concordo com o conteúdo deste post, quando se faz referência aos interesses internos que se encontram por detrás de uma candidatura interna de um partido político, mas além dos respectivos interesses, encontra-se igualmente uma forma fácil e falaciosa de fazer política, baseada na fotogenia e na telegenia.

    O Sócrates começou a ser projectado políticamente, quando ainda o Durão Barroso era primeiro-ministro, nos debates televisivos que efectuava com o Santana Lopes na RTP.

    O Pedro Passos Coelho tem aparecido na comunicação social, associado a uma imagem de político jovem e fotogénico.

    Evidentemente, que este tipo de políticos são prejudiciais para a política, porque são eleitos, não pelas suas ideias, mas pela sua presença mediática.

    E como muito bem refere este post, escondem interesses perigosos, capazes de arruinar qualquer estrutura social, política e económica, em prol desses mesmos interesses individuais.


    Actualmente, não se apresentam políticos ao eleitorado, mas sim, vendem-se políticos aos eleitores.

    As agências e consultores de comunicação, onde se gastam rios de dinheiro, servem para tal fim.

    Infelizmente, o eleitorado, não sabe no que vota.

    A própria falta de ideias acaba por beneficiar os candidatos políticos.

    Se já o eleitorado, não se interessa pelas ideias políticas, o facto de as mesmas serem reduzidas, leva as pessoas a pensarem que são todos iguais.

    E apartir daí, facilita a actuação política destes fracos candidatos políticos, que apenas se preocupam com o timing em que apresentam as suas mensagens e com a forma como se apresentam para a comunicação social, sem trazerem uma verdadeira e nova actuação política em prol do verdadeiro desenvolvimento do país.


    De facto, já nem o PS, nem o PSD têm capacidade e vontade de mudar Portugal para melhor...

    ResponderEliminar
  2. Faltou referir Caro Luiz a que grupo está ligada a Revista Sábado ......


    :-)))

    à cause de.....

    ResponderEliminar