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sábado, janeiro 02, 2010

Cavaco: um discurso velho de ano-novo

Espremido e condensado o discurso de Ano-Novo de Cavaco veio dizer isto: o governo tem é que governar, abrandar o déficit, apoiar as 95 por cento das empresas pequenas e médias que empregam os portugueses, deixar-se de esbanjar em obras públicas e já agora que respeite as tradições da família em vez de andar a promover o casório Gay.

Não foi um discurso de ano novo, foi um texto de análise política básico, dito em tom de récita liceal dos anos setenta, com um cenário pavoroso onde se evidenciava uma janela com um vidro e uma irritante maçaneta. Não era a marquise da década, era o remanso do Palácio de Belém.

Claro que quem aterrasse na Pátria e não tivesse tido a felicidade de ter por aqui andado a fazer pela vida nos últimos anos acharia este discurso empolgante, patriótico e digno de fazer história. Mas nós que andamos há vinte anos, aliás 24 anos a ouvir os discursos cavaquistas estamos fartos de tanta lição de economia para os Tonecas desta vida. O governo é aquilo que a gente sabe, e Sócrates o artista que topamos, mas termos de levar com discursos paternalistas de quem está sempre pronto a puxar as orelhas mas a nada fazer de concreto...incomoda imenso. Chateia mesmo.

O cavaquismo é uma espécie de reserva moral para direitistas falhados, aqueles que tiveram o país na mão no tempo da abundância e que esbanjaram em alcatrão, novo-riquismo, desprezaram o ensino e a cultura e promoveram os yuppies vestidos de fatos à la Maconde, esses que fizeram das empresas casinos e dos trabalhadores máquinas descartáveis. Se há coisa que devemos ao cavaquismo é essa geração de trogloditas de gel no cabelo que hoje estão ricos e foragidos ou à espera que a Justiça enferrujada um dia os ilibe por prescrição.

Cavaco está isolado e já ninguém o escuta.

3 comentários:

  1. Não sei se foi um discurso "velho" em ano novo mas que foi um bom puxão de orelhas a José Sócrates, lá isso foi.
    Se o discurso do PR foi um "discurso velho" como podemos apelidar a mensagem do Primeiro-Ministro no Natal?

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  2. Concordo com o Luiz em quase tudo menos quando escreve que: "hoje já ninguém o escuta"...olhe que não. Está, pelas minhas contitas, a preparar-se uma brigada de intelectuais com reumático, que vai ver.Aposto, que muitos Soaristas vão sair a terreiro, no apoio ao Sr. Silva, isto se Alegre avançar! Verá, quando os "fazedores de opinião", como o Sr. C.Magno, o Sr. Rangel, e os demais quejandos, começarem a debitar o seu veneno na rádio e TV publica. Isolado? Tá bem abelha
    L.R.

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