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segunda-feira, janeiro 04, 2010

Call Girl, poucas palavras e boas acções


Vi ontem o "Call Girl" na TVI, no esplendor de um plasma, e adorei o filme. Calma! Nem sequer vou falar do desempenho e da presença da Soraia Chaves. Só dizer este nome provoca logo as piadas mais bacocas por parte dos homens, e a chacota invejosa da maioria das mulheres.

O que gostei no filme foi da sua competência narrativa para contar uma história portuguesa, muito actual, com personagens bem construídas. Um texto escrito a pensar em cinema, ritmado, natural, fluente. Uma fotografia luminosa, vibrante, realista. Uma câmara nervosa, atenta e sempre com o enquadramento certo, no sítio certo, com a focal correcta.
Uma edição com ritmo. Bom som e excelente banda sonora, fazendo lembrar por vezes a de alguns filmes de Hitchcok.

Meus caros: não é fácil chegar aquele apuro. Temos bons técnicos de cinema, excelentes actores e realizadores que sabem da poda. E António Pedro de Vasconcelos, decerto muito inspirado pela bela Chaves mostrou o que é podar filme.

A ideia que eu tinha, era que o filme não passava de uma porno-chachada chique, um pretexto para o nosso APV poder filmar Soraia no esplendor do decadente Fuji Film, e assim poder encher os cinemas dos arredores com alarves que habitualmente não subscreveram o canal Playboy no cabo de casa. Nada disso. O filme podia ser americano, filmado em Los Angeles, e até a Kim podia substituir Soraia. Mas não era a mesma coisa...

Agora, fico sem perceber porque teve tantos anti-corpos o filme junto das ratas de cinemateca, que povoam as parcas colunas que os jornais dão à critica de cinema. Os nossos críticos têm medo de dizer bem do cinema português, quando este mostra vocação de poder vencer a indiferença dos viciados em telenovela. Preferem sempre aqueles realizadores que filmam em mini-Dv planos longos como as cassetes que os suportam, com drogados da Brandoa ou outros desgraçados. Ou então refugiam-se nos clássicos entre o Oliveira e o João Botelho, um benfiquista com sentido gráfico mas chato para caramba. Sendo que eu adoro Oliveira, embora adormeça.

O que é de lamentar é termos um homem como o APV que tem de ir fazer comentários estarolas para a RTPN sobre futebol, quando devia era estar atrás da máquina a gritar acção.

Menos palavras e mais acção, oh António Pedro!

4 comentários:

  1. Eloquente opinião. Não consigo discordar de nadinha do que dizes. Oliveira é o que é, mas nós precisamos mais de filmes destes, feitos por realizadores destes, e menos de comentadores de futebol.
    Abraço.

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  2. e já agora rever O LUGAR DO MORTO. APV no seu melhor.

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  3. Luís, afinal a crítica de cinema é que é a sua coutada de excelência. Sugiro que abandone a fotografia em favor desta magnifica aptidão...

    Como é que é possivel que a idónea academia de Hollywood tenha passado ao lado desta perola?

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  4. "não é fácil chegar aquele apuro",nâo, realmente
    aquele homem, brinca ,joga, eu nem sei...ele,é um Sr do cinema posso estar-me por vezes cagando para os seus filmes...mas nunca fico "INDIFERENTE",
    ele é algo que tem "aquilo" a que se chama de CINEMA!!!!L.R.

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