A partir de amanhã no Museu da Electricidade, Lisboa, mais uma exposição anual do World Press Photo. Este ano sem a companhia do Prémio Visão, interrompido devido à crise, e que de há 9 anos até ao ano passado vindo mostrando e premiando o melhor fotojornalismo português.
A interrupção do Prémio Visão é muito triste e lamentável. O principal patrocinador, o BES, parece que deixou de ter meia dúzia de dezenas de euros para permitir a continuação do prémio. Podiam ter reduzido o valor dos prémios, que eram mais altos do que os do World Press Photo (verdade!), podiam ter simplificado a forma de constituição do júri de forma a minimizar custos de estadias e viagens em Lisboa, teriam uma oportunidade para integrarem no júri alguns portugueses, o que nunca foi feito (mal quanto a mim). Não. Acabaram pura e simplesmente com o concurso. Eu até tenho um bocadinho a mania da perseguição, e apetece-me logo dizer que o lobby anti-fotojornalismo funcionou. Hoje prefiro pensar que foi mesmo incompetência e falta de visão. O BES que apoia este ano várias manifestações culturais e até de uma forma muito digna no seu espaço arte do Marquês, bem podia ter "aguentado" o prémio de fotojornalismo. Porventura acharão que o fotojornalismo não é arte, logo não é bom investimento.
Veremos se para o ano vai voltar, embora esta interrupção não agoire futuro promissor.
Queria acrescentar que Anthony Suau, o grande vencedor do World já expôs em Lisboa na Culturgest e que é um dos últimos moicanos por um jornalismo fotográfico empenhado e de testemunho social. Premiado com uma foto que descreve um cenário de abandono a propósito da falência bancária americana, ele próprio falido depois de a TIME lhe ter deixado de encomendar reportagens devido a redução de custos. Suau é free-lancer o que nos Estados Unidos também começa a significar desempregado!
(Fundada em 1955 na Holanda, a World Press Photo é uma organização não-governamental que promove o profissionalismo no fotojornalismo e a liberdade de informação, a realização de várias iniciativas nesta área, entre as quais se destaca o maior concurso mundial de fotografia.
A grande vencedora do prémio da 52ª edição - no valor de 10 mil euros - imagem que já correu o mundo, foi captada pelo fotógrafo norte-americano Anthony Suau em pleno impacto da crise imobiliária nos EUA, quando centenas de famílias foram despejadas por não poderem pagar as casas.
No que aparenta ser um cenário de guerra, um polícia norte-americano empunha uma arma no interior de uma casa. Quando as habitações foram abandonadas, a polícia teve que intervir muitas vezes para expulsar vagabundos e toxicodependentes que as haviam ocupado.
O júri internacional, presidido pela editora de fotografia Mary Anne Golon, sublinhou na altura que a força daquela fotografia estava no significado duplo da imagem: deixa a impressão de uma guerra clássica, mas representa apenas uma casa abandonada após o despejo./Público)
Ao BES nunca faltou dinheiro para convidar jornalistas (redactores)por uma semana para estâncias de ski na Suíça (com oferta de equipamento de ski) ou para Marraquesh para apresentação de resultados trimestrais
ResponderEliminarChiça, mais valia acabarem com aquela aberração que é o BesFoto. Coisinha mais inútil, pertenciosa e inestética!
ResponderEliminarPara o BES, isto é tudo uma questão de investimento. E estão-se borrifando em quê, desde que dê algum!...
ResponderEliminarDiz-se à longa data que todos estes apoios à fotografia não o são propriamente. Serve apenas para "valorizar" determinadas pessoas e suas obras, esperar que a coisa lhes dê fama e a "coisa" com que ficaram possa vir a valer muito mais daqui a alguns anos.
É só dinheiro. Mais nada.
E neste caso o BESfoto é um exemplo disso. É um investimento.
O prémio visão não lhes deve dar a rentabilidade que esperariam por iso... ;-)
Só há cachet para anúncios com o C.Ronaldo...
ResponderEliminarEstranho, mas o foto jornalismo depende do BES? Não é auto sustentável? Ou lá estamos nós, qual atitude miserabilista, para tudo, a depender dos subsídios. Seremos o país que somos se continuarmos à espera dos outros. Quando se cresce? è no teatro, no cinema e agora nesta área, tudo quer subsídios, depois admiramo-nos que muita gente (fora as excepções, porque as há) se habitue ao subsídio de desemprego em vez de procurar trabalho, pelos vistos é uma atitude quase nacional!
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