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terça-feira, junho 16, 2009

CHAMAVAM-LHE JAMAIS E DEIXOU O TGV NO APEADEIRO

Percebe-se que Sócrates entrou em desnorte. A ideia de que era um duro já se tinha há muito dissipado, agora com a derrota humilhante veio à tona a imagem de um político fragilizado, indeciso, incoerente, um líder que dirige o rebanho ao sabor do vento, um timoneiro que só já consegue navegar com costa à vista.

O recuo sobre a decisão do TGV é a gota de água. Ontem Lino tentava pressionar Cavaco no sentido de ele ter de acabar por dar o ok ao inicio do processo do TGV, mas hoje era o mesmo Lino que vinha dar aos jornais mais amigos do PS (DN e i) a grande manchete de que afinal o TGV ia ficar para já parado no apeadeiro. O homem das obras por fazer tem azar e tem um jeito especial para falar tarde e já fora de tempo, ou fala muito antes do tempo. O nosso Jamais aí está com mais uma gaffe histórica.

Claro, que deve ter havido um aviso de Belém. Se o governo teimasse em avançar o comboio contra tudo e contra todos o nosso agulheiro iria fazê-lo parar desse lá para onde desse. Para não comprar mais uma guerra com o PR e sair derrotado, o engenheiro acabou por recuar o comboio. Ele que era o cowboy dos duros acabou com o duro dos comboios. Duro mesmo só Durão (que agora é Barroso), o único portuga ao lado de Ronaldo que continua em alta e de quem no estrangeiro ainda se sabe o nome.

Percebemos que isto vai entrar tudo em câmara lenta. Eu diria: vamos ficar com o país em câmara ardente durante o verão. A malta está ansiosa por receber o subsidio de férias (aqueles que ainda têm essa regalia social), os desempregados respiram porque ainda vai haver um dinheirito para a praia, os reformados e os funcionários públicos têm o deles garantido, sem a corrosão da inflação, e Sócrates vai refrear a cabeça numa praia longe da multidão e, reza ele, dos paparazzis portugueses- que são tão incompetentes que nem vão perceber que o Primeiro vai andar por aí, não longe porque há que manter os alertas vigilantes.

Os professores com um bocado de pressão ainda conseguem anular as classificações (ou não conseguiram já?) e a partir de agora é tudo à vontade do povo.

Estas atitudes repetem-se sempre nos arrogantes de meia tigela, naqueles que não têm convicções, nem programas, nem rigor. O que mais marca este governo é essa falta de acreditar, a fobia pelo marketing, a politiquice aprendida nos manuais (?) rascas da televisão populista.

Isto é o governo, mas o país não é diferente. Por isso, talvez Sócrates ainda consiga uma vitoriazita para um governozito, para um tempito, para depois se retirar demissionário, mártir, a tempo de avançar para esse palácio inexplicavelmente tão desejado: o palácio rosa em Belém.

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