Num tempo em que tudo custa dinheiro, tudo é pago, a internet dá tudo a troco de uns cliques e por vezes de alguma informação pessoal, que permite a detenção de uma infindável lista de utilizadores com nomes, idades, tendências por parte de portais e empresas. Uma enorme lista de potenciais consumidores, onde aí se faz o negócio. Os jornais e as televisões alimentaram, por medo, o desenvolvimento da internet gratuita, cedendo conteúdos anteriormente pagos, pondo em livre utilização as mais valias informativas, antes a grande razão para se comprarem jornais ou ver televisão. Para quê comprar em papel o que posso ter no computador, quando quero e gratuito?
A verdade é que ninguém paga para usar conteúdos na net e os jornais acabaram por dar o que antes vendiam. Murdock quer inverter isto, mas o Wall Street Journal é um caso à parte.
O problema é que a publicidade na internet continua a não dar lucros e quando alguns jornais dizem que dá (caso do El Mundo) é mais desejo de verdade do que verdade.
Num artigo publicado na TIME a semana passada, mostrava-se que havia um aumento grande da publicidade na net, só que a relação entre os montantes facturados no papel e na net continuavam a ser abismais. O beco é sem saída, para já. Como ganhar na net o que se perde no papel ou na tv ? Ninguém sabe. Com a malfadada crise tudo piora. Se antes os anunciantes estavam renitentes em apostarem na net, embora seja um meio que permite controlar exactamente quem vê, o quê, e durante quanto tempo, agora ainda menos arriscam.
Entretanto, os jornais tradicionais, que se destacavam das televisões pela informação aprofundada, concisa, por um jornalismo de investigação sério e interveniente, passaram a seguir a superficialidade da televisão. O USA TODAY foi o primeiro jornal sério, já nos anos oitenta, a adaptar uma estrutura gráfica inspirada nos interesses imediatos dos telespectadores ( leitura rápida, fotografia de ilustração e não fotojornalismo, bonecada). Acabou por contaminar muito da imprensa actual, que depois de ameaçada pela tv nos anos oitenta, acabou ameaçada a dobrar pela internet dos anos noventa.
Para alguns gurus do jornalismo (muitos deles pregando o que nunca na vida praticaram:jornalismo) a salvação para os jornais está na ligeireza, na cedência aos tablóides. Para uma recente, muito recente, corrente de opinião de quem sempre fez do melhor jornalismo ( bem explicada na TIME) a salvação dos jornais passa por eles voltarem a ser o que eram: sérios, profundos, bem escritos, com fotojornalismo, com preocupações sociais, com atitude política. O jornalismo aos jornalistas.
Se na vida democrática se pede agora o regresso à política, nos jornais pede-se agora o regresso ao bom jornalismo. É o regresso à autenticidade.
Para terminar com a cereja estragada em cima do bolo, a Google, Yahoo e outras empresas filhas da web II, acabam de anunciar despedimentos em massa por causa da crise, o que infelizmente vem demonstrar que sendo uma outra via para o jornalismo e a comunicação, não são a alternativa, nem tão pouco o negócio do futuro que passa ao lado da crise.
Um video que, nem a propósito, me enviaram: http://www.youtube.com/watch?v=aD4XtZqJu-U
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