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sexta-feira, junho 13, 2008

Passou o susto, ficou a crise

Sócrates respirou fundo e nós também. Mas o problema de fundo não ficará resolvido. E o problema é que o peso do Estado na nossa economia não vai aliviar e os preços dos combustíveis, a especulação dos produtos alimentares e a crise profunda de identidade e rumo em que a Europa mergulhou, uma crise ideológica, não vão evoluir a favor dos cidadãos.

A crise desta semana veio demonstrar como vivemos no fio da navalha da estabilidade. Um grupelho de carroçeiros pode parar o país e pôr em causa a segurança. Fechando a torneira do combustível para tudo e pior:a própria sobrevivência das pessoas fica ameaçada. Estamos sempre perto de um período de guerra.

Ontem apercebi-me que um TIR gasta 30-40 litros de gasóleo aos cem e que há máquinas que gastam... 80 litros ! Um Hummer transforma-se num utilitário económico ao pé destas bizarmas. Isto quer dizer que chegámos a um ponto de não retorno: para alimentarmos esta economia do conforto ( felizmente que podemos dela usufruir) vamos continuar a queimar muita energia. Isso vai custar caro ao bolso, caro ao ambiente e tornará o planeta cada vez mais seco desse tipo de fósseis. Portanto: é melhor irmos aproveitando um dos períodos mais luxuosos ao cimo da Terra.

E Sócrates ou qualquer outro primeiro terão sempre este monstro pela frente. Claro que há formas de o enganar ou retardar. Uma delas é promover crescimento e isso não é compatível com impostos brutais para serem queimados em despesas não produtivas, muitas para pagarem o parasitismo do Estado a que ninguém foi capaz de aplicar uma dieta consistente e não daquelas que se fazem durante uns meses e depois se abandonam por serem excessivas e que tornam o "paciente" num deprimido. Foi a dieta que Portugal tem tido desde Durão até hoje. E bem pode António Costa instalar uma frota de bicicletas na cidade. Meu caro: não é por aí que vai resolver nada. mas sobre isto "postarei" mais tarde.

7 comentários:

  1. Não sou camionista nem tenho amigos, família ou qualquer interesse no ramo.

    No entanto, estive sempre do lado dos camionistas. Lembrei-me desde o primeiro momento da indiferença do nosso governo perante a manifestação dos professores (também não sou professor!) e de outras que se seguiram. Lembrei-me das palavras arrogantes de um dos nossos governantes, "Esses números não me impressionam".

    Até hoje o governo reajiu com total desprezo e indiferença a vários tipos de manifestações. Esta foi a única forma de não ficarem indiferentes!! Só tenho pena que não tenha havido uma adesão civil à greve, desperdiçou-se a oportunidade perfeita para exigir uma moderação dos impostos sobre combustíveis e sobre a actividade das gasolineiras!

    Somos uns patetas, falta-nos um bocadinho de xixa nas prateleiras e gota no depósito e é a histeria total! Somos ceguinhos e reaccionários, não fomos capazes de perceber que os interesses dos camionistas são os nossos interesses!!

    Depois disso ouvi o nosso ditadorzinho (também não apoio qualquer partido em particular) dizer que sentiu o estado vulneráver. Gostava de lhe responder: "Ó MEU IDIOTA, ATÉ AS DITADURAS SÃO VULNERÁVEIS!!".

    Quem está e continua verdadeiramente vulnerável é o Portugues que trabalha (também não sou comunista!), aquele a quem é fácil sacar impostos. Estávamos e continuamos completamente vulneráveis de governos incompetentes e escravos de lobbies e de jogos eleitorais!

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  2. ps.

    "Um grupelho de carroçeiros"

    Está a referir-se aos 70.000 profissionais que vivem na estrada para que a comidinha lhe chegue à mesa e o combustível ao depósito do seu Landrover, da sua Vespa, do seu Smart e DO SEU PORSCHE??? 3 Porshcezinhos iguais ao seu são soficientes para transportar TONELADAS dos bens essenciais que todos os dias lhe chegam à mesa!

    Os sues "carroceiros" fizeram aquilo a que têm todo o direito numa sociedade democrática e que foi inventado pelo Ghandi: RESISTÊNCIA NÂO VIOLENTA.

    "a própria sobrevivência das pessoas fica ameaçada"

    Está tudo louco? Ninguém pode prescindir do popó, não há transportes públicos? Nem o combustível chegou a faltar, o que aconteceu foi que as pessoas HISTÉRICAS correram para as bombas e estas secaram, sem darem tempo para que se organizassem formas alternativas de reposição!

    Esses profissionais, como os pescadores, são quem verdadeiramente enfrenta uma questão de SOBREVIVÊNCIA! É claro, não é??

    "um TIR gasta 30-40 litros de gasóleo aos cem e que há máquinas que gastam... 80 litros ! Um Hummer transforma-se num utilitário económico ao pé destas bizarmas"

    Que comparação absurda! Um Hummer faz todo o sentido enquanto veículo militar. Enquanto veículo civil é um insulto ao ambiente e um atentado rodoviário! Um luxo para os mentecaptos que não têm coisas mais interessantes que fazer ao dinheiro!

    Um TIR é um veículo puramente UTILITÁRIO que cumpre bem a tarefa para que foi feito. Esta seria uma excelente oportunidade para se subsidiar uma modernização da NOSSA frota. Talvez até para fazer como em alguns países, em que grande parte das distâncias a percorrer são feitas em COMBOIOS. Dessa forma minimiza-se brutalmente a dependência do petróleo e torna-se as estradas muito mais seguras.

    "Portanto: é melhor irmos aproveitando um dos períodos mais luxuosos ao cimo da Terra"

    Portanto: curtir até morrer, é isso?? E que tal, "é melhor aproveitarmos enquanto é relativamente fácil para adaptar as nossas economias e estilos de vida a uma nova realidade"??

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  3. O comentário é forte e bom. Os carroceiros são apenas os que obrigaram outros a fazer greve e não asseguraram os serviços minimos. É bom entender por vezes a ironia com que gosto de escrever. Pelos vistos o amigo está bem informado da minha frota ::)) O próximo a comprar vai ser um TIR. Um dos meus sonhos: conduzir um desses animais. saudações. LC

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  4. Pois é Sr Arquiteto por vezes os carroceiros têm mais poder que os jornalistas. Mas carroceiros ou jornalistas no fundo foram todos votar neles e lhes deram a maioria absoluta e não se façam de vítimas, pois bem sabiam que eram uns grandes incompetentes e vigaristas.

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  5. Hehe, conheço a frota porque tenho acompanhado o blog e não posso deixar de lhe gabar o bom gosto. De facto esta "resistência não violenta" ficou manchada por alguns excessos que eram perfeitamente escusados, acabando por lhe retiraram uma certa honra. Nesse contexto compreendo melhor a expressão "carroceiros".

    Fico satisfeito por ver que soube aceitar a minha crítica, os meus cumprimentos.

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  6. Só é pena os jornalistas não terem tido camiões quando Sócrates nos acabou com a Caixa dos jornalistas, uma oferta de Salazar. A maioria aceitou e calou para não se dizer que eram advogados em causa própria. Na verdade o contrapoder passou para os homens das carroças... os jornalistas perdem poder

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  7. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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