Isto é: a santa padroeira ( não é a única, conheço uma outra fantástica noutra área!) tem afinal os votos de Marques Mendes. Os Pedros tiveram os votos de Meneses. Santana teria uma vitória se não fosse o sócio de Ângelo Correia ter tido a veleidade de fazer uma pausa kitkat nos negócios para vir brincar aos políticos com voz de locutor.
Portanto o PSD está partido. De um lado os velhadas, os barões, os emproados. Do outro, os populares que se misturam entre caciques, populistas, sulistas, cavaquistas... toda aquela aguarela política pimba que dá pelo nome de PPD. Manuela Ferreira Leite vai ter vários, muitos mesmos, problemas. Um deles é o facto de nunca poder confrontar-se com o engenheiro cara-a-cara no parlamento. Ela não quis fazer parte da lista ao parlamento. Demitiu-se, fugiu, foi trabalhar para o Barclays.
Para criticar Sócrates vai convocar conferências de imprensa ou falar à saída de portas ou a entrar para o carro ( é pouco o género dela). Depois vai conviver mal com a imprensa, embora os porta-microfones de serviço lhe vão prestar vassalagem. Imagine-se uma daquelas estagiárias, que ganham menos do que uma kosovar a limpar o chão, a perguntar à Tatcher da treta se tenciona abrandar o IMI, esse imposto já rejeitado pela própria mãe ! Tudo e todos vão andar com respeitinho.
Os portugueses adoram mães, madrastas da política, chefonas, santas.
Manuela Ferreira Leite desperta aquele sentimento sempre acalentado em cada português que gosta de carros cinzentos metalizados, bandeiras à janela, brindes nos jornais e muita vergastada nas costas: o sentimento da resignação e da obediência.
Veja-se: esta senhora ganhou um partido sem ter debitado uma ideia, um caminho. Tem tantas ideias como uma loira ( sem ofensa). Que vêem estes militantes de província nela ? Apenas uma visão de um cavaquismo ressuscitado, cavaquismo do bom, daquele que já não se fabrica e que esgotou quando o protagonista teve de mudar de papel para ocupar um lugar no Palácio de Belém.
Haver um Salazar, um Cavaco, um chefe, um capataz, algum santo Deus que tome conta de uma maralha que no fundo não gosta de trabalhar e que reza para alguém lhe assegurar uma reforma mínima, uma carreira modesta, uma morte com visto para o Céu.
Marcelo tinha hoje muita razão: Manuela Ferreira Leite é um terço do PSD. Eu acrescentaria: neste momento vale 10 por cento do país. Vai tirar votos à direita de Portas mas não arrancará um voto à esquerda que é maioritária e que vai emolar Sócrates nas próximas eleições. O voto útil deixou de fazer sentido: qualquer voto útil é o passaporte para esta política cega de combate às contas públicas mas inimiga do progresso.
Salazar também era um bom ministro das finanças, deixou o pais com toneladas de ouro mas sem sucesso social, sem classe média, sem modernidade. Sócrates e Leite são essa face tenebrosa das políticas que só vêem números. Há vida, muita mesmo para lá das contas de somar e sumir. Por isso repito: não precisamos de uma contabilista em S. Bento. Precisamos de uma política nova. Nova mesmo.
Neste país, os cínicos ganham sempre; os que não propem um rasgo, os que se deixam ficar no seu cantinho, os que obedecem aos esquemas, os que se desdoram em abraços aos chefes, aos "amigos" imporantes....
ResponderEliminarA lista poderia continuar por aí...
Esta mentalidade permitiu que tívessemos um rol bem considerável de ditadores no século XX a mandar cá no burgo.
No fundo, os portugueses são assim: imobilistas e adoram quem tome conta deles!
Você, faz-me lembrar a minha mulher.
ResponderEliminarPara ela os "números" não interessam nada.
Pudera, quem paga a conta sou sempre eu!
De que ainda a "poesia" se não tivermos dinheiro para comprar os livros.
Mal deste país se tiver (bons) contabilistas!
JJ
A Santa da Ladeira do PPD/PSD tem, portanto, os dias contados. Não escrevo propositadamente anos, ja que a senhora não vai aguentar muitos mais!
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