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domingo, dezembro 09, 2007

Delegados africanos esvaziam lojas de luxo


As duas facções antagónicas que se insultaram, chegando mesmo a vias de facto, na Gare do Oriente, Lisboa, a propósito da Cimeira UE- África, mostravam bem como nem tudo o que parece é. A verdade triste é que os adeptos dos ditadores Mugabe e Kadafi conseguiram mobilizar algumas centenas de acólitos, enquanto os que defendiam os direitos humanos não passavam de meia dúzia de gatos pingados. Pior: quem parecia defender os explorados africanos eram manifestantes de raça branca, tirando um entusiasta grupo negro cheio de saudável energia, enquanto os adeptos dos sanguinolentos eram negros e muçulmanos.

A manifestação a favor de Mugabe era nitidamente manobrada por alguns profissionais da propaganda e provocação ( vejam o vídeo que eu fiz por lá), com tipos de sapatos verniz e gravatas, e depois uma multidão manietada. É fácil unir gente em nome do patriotismo, do anti-colonialismo e da senha anti americana.

A nossa noção de democracia não encaixa na verdade africana. As nossas apetências de liberdade não são as mesmas e a cultura que herdámos da revolução francesa não chegou ao Continente africano.

Se esta cimeira valeu ou não a pena só o saberemos daqui a poucos anos. A última foi há 8 anos e João de Deus Pinheiro veio dizer no RCP que desde então quase nada foi feito. Sejamos optimistas.

Para já há um vencedor: José Sócrates. O homem tem mesmo sorte, só Durão Barroso o poderá superar em tal fenómeno.
O repasto que deu aos ditadores na Ajuda irá decerto também ajudar alguma benevolência africana. Ou talvez não. Os dirigentes africanos não se mostram muito sensibilizados para lamechas diplomáticas. Talvez porque esgotaram os stokes das ourivesarias e lojas de luxo em Lisboa contribuindo assim para a nossa débil economia e para aumentar ainda mais a ignomínia africana.

2 comentários:

  1. Esta historia do Mugabe, já cheira mal!
    Eu sem qualquer pretenção para além de por alguma verdade nisto vou relatar alguns factos.

    O zimbabue deve ter sido um dos ultimos paises a tornar-se "independente" em Africa, antes era a Rodésia, colonia Inglesa.
    A Independência do zimbabue foi muito negociada para atender aos interesses Ingleses primeiro e depois da Africa do sul.Esses interesses contemplaram que 97% dos terrenos ficassem nas suas mãos e sua exploração.A sua moeda estava indexada ao Rand.
    Os ex-colonos ficaram , obviamente.
    As multinacinais do tabaco e de outras industrias ficaram a explorar.
    Penso até que o primeiro governo foi "branco" do conhecido Ian Smith, primo do Gordon Brown.
    Depois, para a fachada , passaram o governo para o Mugabe que era um lacaio dos ingleses.

    Eu estive no Zimbabue em 92, 15 dias de férias.Um espectáculo!
    Os aviões, uma bagatela. Os Hoteis , uma bagatela. Até tive que mudar para hoteis de 2 estrelas , porque 4 e 5 era demasiado luxo.
    Fiz safaris , espectaculares , até ficar com repúdio à caça. hoje não consigo caçar , graças ao que vi no zimbabue. Paguei para caçar , ainda peguei na arma, mas depois de na noite anterior ver os bichos de medio e grande porte no seu hatitat, imponentes , de uma beleza incrivel serem mortos a tiro com estratagemas de controlo da água e na altura já havia ships que emitiam ondas radio e que permitiam saber onde estavam.Não consegui!Estavam lá uns Canadianos que ficaram parvos comigo! Mandei-os à fava e fui para o hotel.

    Fiz rápidos no Zambeze, em Vitoria Falls , Jantei no Vitoria Falls hotel , 5 stars: Uma bagatela!
    Fiz a travessia do Lago Kariba , uma noite.De madrugada vi uma manada de cerca de 100 elefante nas margens a correr.Um espectaculo.
    Depois armei-me em chico esperto e passei a fronteira com a Zambia e fiz 10 km e ia-me borrando todo.Queria chegar a Lusaca. Não deu! O "pretos" eram de outra tribo e eu não os percebia em termos de personalidade e eram muito agressivos.A estrada era o seu ganha pão e atacavam os carros dos "brancos" a pedir tudo!Resisti 10km.
    Voltei para terreno seguro!Estavamos na epoca do carnaval e as familias vinham da Africa do sul para 5 dias de ferias com os putos.Tudo maravilhoso!
    No regresso fiquei 1 dia em Harare para compras e fui roubado. um pequeno acidente! Presenti que aquele ambiente era ruim e aconteceu.Muita gente nas ruas encosta às paredes a marcar a sua presa.Fui seguido 2 km até darem o golpe!

    Já sei que fugi do tema , mas africa é assim , e não posso de deixar de contar que aquela independecia que eu vi, era de fachada! O "branco" era um rei.
    O "preto" estava condenado a ser preto.No dia seguinte ao jantar no Vitoria Falls Hotel, onde os unicos "pretos" eram os criados de mesa , desci junto ao zambeze e quiz descer a encosta até à àgua do rio, em baixo , onde passavam as canoas de rafting e os seus ocupantes aos gritos estridentes.De chinelos fui descendo, descendo por um ingreme caminho sustentado pelos troncos da vegetação.Não conseguia ver a àgua , mas ouvia os gritos dos rafters . Fiz 1 hora para baixo quando oiço uns gritos vindos de cima a aproximarem-se. Era uma mãe e 3 filhos crianças ainda com gerricans vazios para ir buscar àgua! Passaram descalços a correr e a uma velocidade incrivel.Eu fiz mais 1/2h a descer ,ainda não via àgua , quando vejo os putos e a mãe atras a subirem com a àgua do zambeze à cabeça.
    Resumindo,não desci mais ! comecei a subir,levei + 2 horas e fiquei com os pés em sangue! E hoje tenho muito respeito quando abro uma torneira!
    A independecia do Zimbabue foi ao contrario das colonias portuguesa.
    Nós entregámos tudo os Ingleses não entregaram nada!
    Nós somos relativamente queridos pelos povos das ex-colonias, agora os Zimbabueanos não podem com os Ingleses!

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  2. Nem ponho dúvidas mas o caso MUgabe configura uma certa sede neocolonial europeia aliada da célebre pirataria anglo-neerlandesa. No entanto dada a configuração do tecido económico local expropriar radicalmente o Zimbas resultou mal para o povo negro já explorado mas apesar de tudo sem fome e agora explorado e esfomeado. É um pouco a história do Fidel e de Cuba...como uma causa justa se vira contra os justiceiros e torna as vítimas ainda mais injustiçadas.

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