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sábado, setembro 15, 2007

Ter razão fotográfica antes de tempo

Foto de Henri Cartier- Bresson em Lisboa. 1956
A foto da primeira página do Expresso desta semana dá-me uma alegria redobrada. Primeiro porque é uma fotografia do meu mestre preferido e reverendado Henri Cartier-Bresson, feita em Portugal, em Lisboa, tinha eu dois anos. Segundo porque um jornal publicar uma fotografia daquela qualidade na primeira página é um luxo, de uma sofisticação, que infelizmente já muito poucos jornais no Mundo se podem gabar. A fotografia está ali para lembrar os leitores que esta semana arranca uma nova colecção sobre "La créme de la creme" fotográfica. Outro luxo editorial. Não é um produto de prestígio é uma edição Expresso. Ponto.

A minha razão antes de tempo prende-se com o facto de quando eu há 20 anos evocava o santo nome de Henri Cartier- Bresson em vão e não só, era quase apedrejado por aqueles para quem a fotografia não passava de um exercício de piruetas técnicas, tiques artistóides ou um modo honesto de uns baste-chapas ganharem a vida à flashada.

O meu amigo Alfredo Cunha, que tinha nascido a revelar fotos e que sendo quase da minha idade já era profissional antes do 25, atirava-me no seu jeito brincalhão que eu era o petit Cartier. Eu aparecia nos " serviços" de Leica M4 ( era na verdade bastante pedante!) e eles de Nikons F`s motorizadas. Um dia no Palácio de Belém um dos fotógrafos da velha guarda no meio de uma recepção do general Eanes atirou-me: " Eh pá, isso fotografa?!- referia-se a besta à Leica. Sempre achei graça à ignorância dos macacos e o maior gozo era verificar no dia seguinte que as minhas fotos eram melhores do que as deles. Tirando as do Cunha, claro.

Hoje a fotografia da Magnum, a preto e branco, de autor, tornou-se moda, ganhou estatuto, prestígio e o que é notável é que o público adora. As pessoas amam boas fotografias e fazem bicha para verem boas exposições.
Tenho muito orgulho em ter contribuído um pouquinho para esta sensibilidade em Portugal.

6 comentários:

  1. ai como eu gostava que fosse dezembro e recebe-se de presente de aniversario a nova coleçção fotografica do expresso em lugar dos parabens da galp.
    mami

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  2. Eu recomendo o primeiro número e a China de Mao, os restantes parecem demasiado caros e mal escolhidos ( o mundo em guerra?? o mundo em guerra 30-50, O seculo das mulheres? Faltam tantos fotografos que o trabalho deles incide mais nas mulheres, Os anos 60??? Falta logo o Bruce Davidson, entre muitos outros.). Vou ver se consigo encontrar a dita colecção que a senhora do quiosque prometeu-me guarda quando já lhe tinha pedido quase há 15 dias, mas ontem disse que guardaria se viessem mais de 3. Os clientes de luxo. Detesto colecções de jornais é sempre a mesma historia ou fica-se com a colecção imcompleta ou não se consegue arranjar. Tinha prometido nunca mais aderir nestas coisas, mas este primeiro número é muito importante, tenho as fotos todas que vêm nele desde que existe magnum na internet (mas são imagens muito pequenas).
    Um abraço para o blog,
    Rui Silva

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  3. Tirando as imagens de Bresson, estou desiludido com o livro e com a escolha de algumas imagens.

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  4. E cheio de erros nas legendas. A imagem do Thomas Hoepker acho que era este que eles queriam meter, porque não me parece que homem seja uma mulher com bengala.
    http://www.magnumphotos.com/Archive/C.aspx?VP=Mod_ViewBox.ViewBoxZoom_VPage&VBID=2K1HZOQESZSZS&IT=ImageZoom01&PN=18&STM=T&DTTM=Image&SP=Story&IID=2K7O3RJ9EFRO&SAKL=T&SGBT=T&DT=Image

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  5. Fiquei surpreendida com algumas fotografias de Bresson que desconhecia. Mas não gostei de terem cortado pela cara a da página 8/9. Sim há gralhas nas legendas e troca, mas a edição é de luxo. Espero que o conteúdo seja também de luxo nos próximos livros.
    PS - Aquela fotografia brutal cortada pela cara do 1º plano está-me atravessada. Raios partissem o designer. Podia ter colocado a legenda do lado direito e encostado a fotografia à esquerda.
    Sofia Quintas

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  6. Edição de luxo? Se fosse só um livro com as imagens do Bresson. Um photo poche. Agora assim tudo misturado e mal amanhado, tudo ao monte e fé em deus, uma colecção que no final fica em 80 euros. Com 80 euros dá para 3 bons livros. Discordo, muito mau. Esta colecção vem na linha de uma que lançaram recentemente na França e em Espanha ( pelo menos neste paises) só com os fotografos da magnum.

    Por 9,90 a não perder o proximo album Reporters sans frontières
    http://www.rsf.org/article.php3?id_article=23343
    O meu dinheirinho vai para estes. no proximo fim de semana.

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