Ali por perto, fica a Calçada e São Vicente, onde a linha do eléctrico numa curva a 90 graus se torce todo. Mais acima a Graça, do Batista Bastos, onde julgo que ainda hoje vive.
Durante dois anos, pelos idos anos oitenta, dormi mesmo por cima dessa curva e tremia com o abanar do prédio quando o eléctrico chiava nos carris, bem seguro pelo ferro dos travões para não ir parar lá abaixo a Santa Apolónia.
Habituado ao sono regalado da província, onde agora voltei a ter o privilégio de escrever e de acordar com os pássaros, aqui junto à janela, com horizontes limpos de mamarrachos, que, naquele tempo, ainda não atrapalhavam o Tejo, amaciado pela Lua, nunca adormecia antes do último eléctrico. E acordava ao som da chiadeira do primeiro da madrugada.
E, não bastando os eléctricos, tinha, por vezes, a companhia dos bons vadios da noite, sempre agarrados ao último copo na tasca que ainda hoje lá está, mesmo na curva.
Um dia, aliás uma noite, não conseguindo dormir, tive a brilhante ideia de mandar com um copo de água para cima daqueles chatos. O resultado foi uma directa, mais uma de tantas outras por outros lados que deixaram saudades, acompanhado de belas canções onde a caralhada era refrão alto e bem cantado.
Bons tempos, onde a aldeia ali estava e as pessoas se conheciam. E davam os bons dias, mesmo que se não conhecessem.
Passados mais de dez anos, pouco tinha mudado, passei lá mais uns meses. A Catarina Furtado comprou e restaurou uma casa por ali perto quando se desce para um jardim, de que agora não me lembro do nome. Um lugar de onde se abraçava o Tejo. E se levantava voo do miradouro aproveitando a boleia do vento.
Mais abaixo, o CEJ, por onde me cruzei muitas vezes com o Paulo Teixeira Pinto, que só mais tarde vim a saber quem era o homem, pois aquela cara era-me familiar de um lado qualquer. Salvo erro dava ali aulas, depois do Cavaco ter ido para onde hão-de ir estes que agora por aqui andam. E os outros que estão para vir. E para ir.
Em trabalho estive no CEJ, um edifício recuperado com bom gosto, onde conheci e tive aulas de alguns professores, como Armando Leandro, Arlindo Ribeiro (falecido há dois ou três anos, quando era vice-presidente do Supremo Tribunal), Marques Ferreira e outros. E onde conheci Laborinho Lúcio e um actual Vice-Procurador Geral da República, que na altura era Auditor no MAI e onde esteve até ser eleito (à segunda vez) para este último cargo. E Germano Marques da Silva, que na altura já estava na Católica, e que agora está por tanto lado.
Grande Luis: fico muito feliz com essa tua confissão. Ainda bem pois és um grande fotógrafo, porventura aquele em que mais me identifico. Consegues o rigor da narrativa, com o apuro técnico, a sensibilidade, o humor e a ternura. O que lixa é que já fotografas melhor que eu::)) grande abraço
:)
ResponderEliminarpf
Ali por perto, fica a Calçada e São Vicente, onde a linha do eléctrico numa curva a 90 graus se torce todo. Mais acima a Graça, do Batista Bastos, onde julgo que ainda hoje vive.
ResponderEliminarDurante dois anos, pelos idos anos oitenta, dormi mesmo por cima dessa curva e tremia com o abanar do prédio quando o eléctrico chiava nos carris, bem seguro pelo ferro dos travões para não ir parar lá abaixo a Santa Apolónia.
Habituado ao sono regalado da província, onde agora voltei a ter o privilégio de escrever e de acordar com os pássaros, aqui junto à janela, com horizontes limpos de mamarrachos, que, naquele tempo, ainda não atrapalhavam o Tejo, amaciado pela Lua, nunca adormecia antes do último eléctrico. E acordava ao som da chiadeira do primeiro da madrugada.
E, não bastando os eléctricos, tinha, por vezes, a companhia dos bons vadios da noite, sempre agarrados ao último copo na tasca que ainda hoje lá está, mesmo na curva.
Um dia, aliás uma noite, não conseguindo dormir, tive a brilhante ideia de mandar com um copo de água para cima daqueles chatos.
O resultado foi uma directa, mais uma de tantas outras por outros lados que deixaram saudades, acompanhado de belas canções onde a caralhada era refrão alto e bem cantado.
Bons tempos, onde a aldeia ali estava e as pessoas se conheciam. E davam os bons dias, mesmo que se não conhecessem.
Passados mais de dez anos, pouco tinha mudado, passei lá mais uns meses. A Catarina Furtado comprou e restaurou uma casa por ali perto quando se desce para um jardim, de que agora não me lembro do nome.
Um lugar de onde se abraçava o Tejo. E se levantava voo do miradouro aproveitando a boleia do vento.
Mais abaixo, o CEJ, por onde me cruzei muitas vezes com o Paulo Teixeira Pinto, que só mais tarde vim a saber quem era o homem, pois aquela cara era-me familiar de um lado qualquer. Salvo erro dava ali aulas, depois do Cavaco ter ido para onde hão-de ir estes que agora por aqui andam. E os outros que estão para vir. E para ir.
Em trabalho estive no CEJ, um edifício recuperado com bom gosto, onde conheci e tive aulas de alguns professores, como Armando Leandro, Arlindo Ribeiro (falecido há dois ou três anos, quando era vice-presidente do Supremo Tribunal), Marques Ferreira e outros.
E onde conheci Laborinho Lúcio e um actual Vice-Procurador Geral da República, que na altura era Auditor no MAI e onde esteve até ser eleito (à segunda vez) para este último cargo. E Germano Marques da Silva, que na altura já estava na Católica, e que agora está por tanto lado.
Lisboa...
Assim sim, força ...mais fotos
ResponderEliminarMéistre,
ResponderEliminaresta é uma das suas fotos que contribuíram para eu querer ser fotojornalista.
Um grande abraço,
Catarino
Grande Luis: fico muito feliz com essa tua confissão. Ainda bem pois és um grande fotógrafo, porventura aquele em que mais me identifico. Consegues o rigor da narrativa, com o apuro técnico, a sensibilidade, o humor e a ternura. O que lixa é que já fotografas melhor que eu::)) grande abraço
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