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sábado, junho 09, 2007

O principio do fim da costa alentejana


A Longueira é uma aldeola perto de Almograve, no litoral alentejano. A última vez que lá estive, há 3 anos, era ainda uma pacata terra alentejana, rua ao meio casas de cada lado. Já se sentia o começo de alguma especulação imobiliária, mas nada fazia prever que hoje fosse já uma terra com carros topo de gama estacionados a abarrotarem as ruas, cervejarias cheias, boutiques nas esquinas e dentista aberto ao fim de semana.

A Câmara deixou instalar no centro da terra uma gigante antena da rede telemóvel e perto desta uma central eléctrica de distribuição.

As terras junto às praias crescem desmesuradamente, estão a transformar-se, ou são mesmo já, povoados com caracteristicas e contradições de zonas suburbanas, aculturadas.
O que era um mundo perfeito está a ficar num submundo entre o terceiro e o quarto Mundo.

Portugal gosta de se transformar em paisagem de casa de banho virada para fora. Os autarcas rejubilam com o pinga-pinga das contribuições que estas alarvidades urbanísticas trazem para os cofres locais. Enriquecem, podem fazer mais rotundas, mais quartéis de bombeiros, mais centros culturais, o povo vê nisso progresso, orgulho e auto-estima. Os parolos engordam e conseguem perpetuar-se no poder dezenas de anos.

Na estrada Vila Nova de Milfontes ( outra aberração urbana) para Odemira, deitaram e cortaram árvores para que esta não ficasse obstruída pela vegetação mas os restos mortais das árvores ficaram à beira da estrada. Já não houve tempo, ou dinheiro para acabar o trabalho.
Aquilo está perigoso para os carros, para os incêndios, é uma vergonha para quem passa. Vergonha é também a estrada que os governos sucessivos nunca melhoraram.

Ou construimos auto-estradas faraónicas onde ninguém passa, como a que liga Santarém a Águas de Moura ou mantemos estradecas obsoletas, perigosas. Para que pagamos afinal impostos ? Para termos obras destas ?


Aqui no monte perto de S. Miguel, Odeceixe, a especulação ainda não chegou. Mas não me admiro que não venha a acontecer e o mel que o casal de velhotes vende à beira da estrada seja proibido de produzir por um desses decretos imbecis produzidos pela camarilha de eurocratas, que nos custam também uma fortuna, instalados nos seus gabinetes de autistas na distante Bruxelas.

1 comentário:

  1. "Vergonha é também a estrada que os governos sucessivos nunca melhoraram."

    As arvores derrubadas... e todo o aparato, prende-se precisamente com a melhoria(finalmente, é verdade!) que está a ser efectuada.

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