Hoje ao afirmar alto no meio de um open-space ( estilo Charrua ?) que era de esquerda, toda a gente num raio de 10 metros desatou a rir. Alguns dobravam-se mesmo com as gargalhadas. Fiquei atónito. Se mostram à minha frente a ideia de que sou de direita o que dirão quando não estou...
São pessoas simpáticas, algumas amigas, mas não me compreendem. Eu compreendo-os. Quando se tomam posições independentes, cria-se sempre a ideia de que estamos do outro lado da barricada, o que nem sempre é verdade.
A minha cultura é de esquerda, desde a adolescência. Embora seja verdade que quando eu gostava da Suécia os meus amigos falavam da China e quando eu agora cito Espanha os meus amigos citam a Suécia.
Acho mesmo que sou de esquerda. As minhas referências culturais estão todas na esquerda, as opções políticas sempre repudiaram os dogmas da direita, sou pelo Estado social, pelo papel moderador do Estado, acho que os sindicatos são importantes, reconheço a luta de classes, subscrevo por baixo todos os principios em defesa das igualdades, das oportunidades, da justiça social, tudo isso. Sei que tudo idto não basta para se ser de esquerda mas ainda acrescentaria uma grande lista de valores éticos e morais que a direita não defende. Depois sou um liberal na verdadeira acepção da palavra.
Também não vou estar aqui a desfiar o rosário das minhas opções. Até porque quem por aqui passa tem mais que fazer.
Conclusão desta cena: a forma como construímos a nossa personagem é determinante para os outros nos verem como nós queremos. A vida não está fácil para os politicamente incorrectos, para os que são independentes, para quem segue o seu caminho e não as tendências, as modas, o que dá jeito.
A zona de conforto é jogar dentro de uma grande área de consenso, sem ondas, sem duvidas, sem riscos. Talvez por não serem nada disto eu me identifico tanto com Proença de Carvalho e António Barreto, com Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares.
Sou de esquerda mas ando de Porsche, sou de esquerda mas gosto dos frades da Cartuxa, sou de esquerda mas prefiro Partagas a Café Creme, sou de esquerda mas detesto grupos e grupinhos, sou de esquerda e gosto das homilias do Padre Cândido, sou de esquerda mas acho a Helena Roseta uma padeira de Aljubarrota demodée, sou de esquerda mas irrita-me a pose de Sócrates. Sou de esquerda mas acho que há patrões bons e patrões maus, trabalhadores excelentes e outros que são uns calaceiros oportunistas.
Voltarei ao tema.
Vosso,
luiz Carvalho
Destaco estes bons e divertidos comentários:
Anónimo disse...
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Eu também sou de Esquerda (da verdadeira, progressista) e também gosto de coisas boas, não acho que seja incompatível! Ser de Esquerda não implica na minha opinião ter aqueles fundamentalismos próprios do pcp... que por exemplo foram os responsáveis pela enormidade que fizeram ao João Amaral, que foi do melhor que por lá tiveram.
Ah, já agora, para não gostar do Sócrates nem é preciso ser de Esquerda, basta ter uma "coluna vertebral". Até acho que o partido socialista se tivesse um mínimo de vergonha (que obviamente não tem), tirava a palavra "esquerda" do site e dos estatutos. Só lá está para gozar com a malta, pois nunca se governou tanto à direita em Portugal como agora.
Não vejo sinceramente perspectivas para este país. Temos uma das classes políticas mais incompetentes da UE e um dos povos mais imbecis da Europa, que há 30 anos vota sempre nos mesmos. O facto do Sócrates ainda ficar bem nas sondagens é uma prova viva que o nosso povo é mesmo estúpido e bronco.
Na minha opinião, uma das tristezas de ser de Esquerda é que depois de se conhecer melhor o povo, percebe-se que realmente a maioria dele é bronco, rude, acarneirado, conformado, pouco informado, mal-educado, com falta de intelectualidade, com pouca moral, com pouco ou nenhum sentido cívico, com pouco ou nenhum brio profissional, e sem vontade nem responsabilidade para exercer os mais elementares direitos de cidadania. Os nossos políticos, são ao fim e ao cabo um pouco o espelho disto tudo.
Neste contexto não vejo, infelizmente, saídas airosas para Portugal. Temo imenso sobretudo pelas novas gerações.
João V. - Anónimo disse...
-
Eu cá sou do Barreiro!
ah ah ah ah ah ah ah ah - js disse...
-
Ó Luíz, você não me lixe com estas tretas de esquerda e de direita.
Você gosta é de mandar umas bocas, desancando nos tipos de quem não gosta... E, olhe, que faz muito bem... Embora ás vezes tenha que torcer os rins quando percebe que abriu demasiado o lancha-chamas.
Você gosta é de viver bem e de lhe ser reconhecida qualidade no seu trabalho.
E é também um tipo com alguma vaidade... Sem ofensa, porque a vaidade nem sempre é defeito.
O que é isso de ser de esquerda ou de direita?
Se eu estivesse lá, olhe que também me dobrava a rir.
Peço desculpa do meu comentário, se acaso estou a ser excessivo, mas o que nós escrevemos nos nossos blogs são o nosso melhor retrato e um bom retrato não engana... porque, aqui, somos (ainda) mais autênticos.
Eu também sou de Esquerda (da verdadeira, progressista) e também gosto de coisas boas, não acho que seja incompatível! Ser de Esquerda não implica na minha opinião ter aqueles fundamentalismos próprios do pcp... que por exemplo foram os responsáveis pela enormidade que fizeram ao João Amaral, que foi do melhor que por lá tiveram.
ResponderEliminarAh, já agora, para não gostar do Sócrates nem é preciso ser de Esquerda, basta ter uma "coluna vertebral". Até acho que o partido socialista se tivesse um mínimo de vergonha (que obviamente não tem), tirava a palavra "esquerda" do site e dos estatutos. Só lá está para gozar com a malta, pois nunca se governou tanto à direita em Portugal como agora.
Não vejo sinceramente perspectivas para este país. Temos uma das classes políticas mais incompetentes da UE e um dos povos mais imbecis da Europa, que há 30 anos vota sempre nos mesmos. O facto do Sócrates ainda ficar bem nas sondagens é uma prova viva que o nosso povo é mesmo estúpido e bronco.
Na minha opinião, uma das tristezas de ser de Esquerda é que depois de se conhecer melhor o povo, percebe-se que realmente a maioria dele é bronco, rude, acarneirado, conformado, pouco informado, mal-educado, com falta de intelectualidade, com pouca moral, com pouco ou nenhum sentido cívico, com pouco ou nenhum brio profissional, e sem vontade nem responsabilidade para exercer os mais elementares direitos de cidadania. Os nossos políticos, são ao fim e ao cabo um pouco o espelho disto tudo.
Neste contexto não vejo, infelizmente, saídas airosas para Portugal. Temo imenso sobretudo pelas novas gerações.
João V.
Eu cá sou do Barreiro!
ResponderEliminarah ah ah ah ah ah ah ah
Ó Luíz, você não me lixe com estas tretas de esquerda e de direita.
ResponderEliminarVocê gosta é de mandar umas bocas, desancando nos tipos de quem não gosta... E, olhe, que faz muito bem... Embora ás vezes tenha que torcer os rins quando percebe que abriu demasiado o lancha-chamas.
Você gosta é de viver bem e de lhe ser reconhecida qualidade no seu trabalho.
E é também um tipo com alguma vaidade... Sem ofensa, porque a vaidade nem sempre é defeito.
O que é isso de ser de esquerda ou de direita?
Se eu estivesse lá, olhe que também me dobrava a rir.
Peço desculpa do meu comentário, se acaso estou a ser excessivo, mas o que nós escrevemos nos nossos blogs são o nosso melhor retrato e um bom retrato não engana... porque, aqui, somos (ainda) mais autênticos.
Já que teve a amabilidade de destacar o comentário onde lhe chamo de vaidoso, para compensar, mando-lhe o post que acabei agora de escrever, porque acho que o Luíz vai gostar (a não ser que você também seja de alguma sociedade secreta, sei lá...):
ResponderEliminar"Confrarias e boas maneiras
Talvez por ter levado muita reguada da minha professora primária, não apenas para aprender a tabuada, mas também por me baldar à missa, e por não gostar de usar bibes nem fardas de cerimónia, faz-me alguma confusão esta coisa dos confrades terem que ter umas fardas e dos tipos das sociedades secretas terem que usar avental.
Quanto a aventais, apenas costumo usar, porque a minha mulher não gosta das nódoas que tem que tirar das camisas, quando me descuido à mesa das refeições ou ela me obriga a lavar a loiça.
Também os estudantes dos tempos que correm, à semelhança das valentes cabras que apanham nos cortejos académicos, onde aqui se comparam aos antigos, não sabem que estes usavam a capa e batina para esconder as misérias, quando os de hoje a usam mais por vaidade e alguma parolice.
Convenhamos que isto de usar fardas e cumprir cerimoniais nem sempre se coaduna com os ditos fardados.
Isto, a propósito de alguns confrades que por aí conheço, sendo que há dias, num jornal daqui da terra lá vinha uma fotografia muito janota de uma cerimónia de uma confraria de não sei de quê.
Acontece que, dos fotografados, um deles é um empresário com a vida toda atrapalhada com as dívidas que por aí andam à espera de boa cobrança, apesar de ser uma excelente pessoa, sendo que muitas das dívidas que tem é porque também a ele lhe fazem calotes.
Outro dos poisados é uma figura política proeminente, também aqui da terra, com uma licenciatura destas que se tira de forma internacional e à pressa, tendo sido apanhado pelo segurança, segundo constam as más-línguas, um fim de tarde a fazer umas festinhas a uma secretária, e que deve ser bem gostosa, porque também a conheço, sendo já há alguns anos avençada onde o dito está eleito.
Ainda um outro, que da profissão já usa farda, não lhe bastando esta, ainda se enfardando também com a de confrade. E sobre este apenas digo que tem uma pancada jeitosa, garantidamente maior que a minha."
houve uma época em que fui do centro ( linhof,rolleiflex hasselblad) depois fui sempre da direita ( nikons e leicas) e como raramente uso o centro da digital
ResponderEliminarcontinuo da direita, tu tb não me conste que tenhas visor à esquerda